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Jogos Escolares x ENEM, a difícil opção do estudante-atleta
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José Cruz

Coincidentemente, os Jogos Escolares da Juventude, a partir de amanhã, em João Pessoa, cruzam com outra prova difícil, o Exame Nacional do Ensino Médio, ENEM. No meio da disputa está o estudante-atleta.

Para os estudantes, o ENEM significa colocar um pé no ensino superior, mas ficar fora dos Jogos Escolares pode resultar na perda de título de sua modalidade, entrave na carreira e o fim da Bolsa Atleta, muitas vezes importante até no sustento da família. E agora, apostar na carreira de atleta ou dar prioridade ao ensino profissional?

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De um professor de educação física e técnico esportivo, que estará nos Jogos de João Pessoa, recebi esta manifestação:

“Há uma evidente quebra de braço entre o Comitê Olímpico – organizador dos Jogos – e o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas), do Ministério da Educação, que realiza o ENEM, onde quem perde são os atletas e o esporte nacional. Muitos atletas do individual chegam ao seu ápice físico e técnico da categoria (15 a 17) com os 17 anos, onde, seguindo uma continuidade cognitiva ele estará chegando também nesta idade ao terceiro ano do ensino médio, ano de vestibular e exame. Polêmica e estranha situações”.

Explicações

Edgar Hubner, diretor-geral dos Jogos Escolares, adiantou que a data do evento foi comunicada ao MEC há dois anos. E explicou sobre a dificuldade para adiar a competição, que envolve quatro mil atletas em 13 modalidades. “Precisamos reservar hotéis com antecedência e até realizamos pagamentos antecipados para não ter problema com a acomodação dos jovens”, explicou. “A organização é feita com antecedência e hoje o MEC já sabe a data dos Jogos de 2015”, disse Edgar.

O INEP não se pronunciou sobre o assunto, apesar dos pedidos encaminhados.

Briga e prejuízo

A disputa entre “educação e esporte” é antiga. A falta de diálogo também. O próprio Ministério do Esporte não consegue avançar no entendimento sobre a prática da educação física nas escolas públicas e o assunto se esparrama por décadas.

Essa realidade, que chega ao conflito de datas, colocando o atleta em difícil encruzilhada, revela o histórico desleixo das autoridades do governo, principalmente, para com o assunto. Paralelamente, há falta de compromisso do Congresso Nacional e do Conselho Nacional do Esporte, que ignoram a importância dessa discussão, cujo resultado com prejuízos está agora evidente. Somos um país olímpico, mas ainda estamos no Terceiro Mundo da integração do esporte com os estudos.


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