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Arquivo : Hospitais

A Copa não acabou. O prejuízo continua
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José Cruz

O Distrito Federal tem apenas 0,7 leitos para cada 800 mil habitantes, revela um estudo do Conselho Federal de Medicina. Média nacional é de 1,42 leitos.

Faltam medicamentos nas UTIs dos hospitais de Brasília. Faltam principalmente verbas e gestão.

De forma prática e direta: o R$ 1,6 bilhão destinados para a construção do estádio de futebol em Brasília poderia ter sido aplicado na recuperação do caos hospitalar, na compra de camas, cadeiras de rodas, macas, medicamentos…

O Governo do Distrito Federal gastará R$ 300 milhões para reformar o Autódromo de Brasília e aqui realizar etapa da Fórmula Indy, em 2015.

O governador que assumiu esse compromisso, Agnelo Queiroz, não estará no cargo para pagar a conta milionária: foi derrotado no vestibular das urnas e encerrará mandato em dezembro.

Agnelo foi um dos que fez a “Copa das Copas”….


A doída fatura da Copa das Copas
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José Cruz

Na eleição de domingo, o governador Agnelo Queiroz obteve 20% dos votos e ficou em terceiro lugar. Rejeição de 80%  ou uma vaia do eleitor tamanho do Mané Garrincha, que corresponde a um chute no traseiro

agnelo

Está certo que o assunto do momento é o segundo turno eleitoral – o “transtorno”, como diz Zé Simão. Mas até poucos dias, o eleitor estava na rua vibrando com a “Copa das Copas”, apesar dos 7 x 1… Agora, dois meses depois da festança chega a fatura e o cofre está vazio.

E o que isso tem a ver com esporte?

Seguinte: quando faltou dinheiro para concluir o estádio Mané Garrincha, que custou R$ 1,6 bilhão, segundo o Tribunal de Contas do DF, o governador Agnelo Queiroz remanejou R$ 300 milhões para a obra. A grana saiu dos orçamentos da Saúde, Educação e Segurança. Está no Diário Oficial.

Agora, a grana que ergueu o estádio começa a faltar nos serviços básicos, dos hospitais, por exemplo.

Ontem, mais de dois mil funcionários da rede pública de saúde da Capital da República ficaram sem refeições, porque o governo deve R$ 26 milhões à empresa fornecedora de alimentos. E em 15 dias, poderão ser suspensos os alimentos dos pacientes e acompanhantes.

Memória

Com o devido respeito aos colegas e torcedores que defenderam a “Copa das Copas”, mas o estrago está feito e assim é Brasil afora.

A direção da Fifa embolsou o lucro de R$ 8 bilhões , deixou estádios maravilhosos, espetacularmente vazios e os governantes passando calote até em cozinhas de hospitais.

E há casos de doenças raras aqui registradas. Pacientes estão três anos na fila – repetindo, três anos!!! – esperando para realizar exames num aparelho especial que ainda não foi comprado.

Que tal?


Na capital da Copa das Copas, hospitais ficarão sem refeições
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José Cruz

estadio-nacional-brasilia-maquete1-440x279Em Brasília, onde o Governo do Distrito Federal gastou R$ 1,6 bilhão na construção de um estádio de futebol com72 mil lugares, a empresa fornecedora de alimentos para os funcionários de 16 hospitais e quatro UPAS (Unidades de Pronto Atendimento) vai paralisar os serviços. Motivo: o governo, de Agnelo Queiroz, deve R$ 20 milhões à indústria de alimentação “Sanoli”, sendo R$ 8 milhões de julho e R$ 12 milhões de agosto.

Esse é o efeito do arrocho nas contas do governo distrital, um mês e meio depois de o Brasil ter realizado a “Copa das Copas”. Em 2013 e início deste ano, o governador Agnelo Queiroz determinou remanejar em torno de R$ 200 milhões dos orçamentos das Secretarias de Saúde, Segurança e Educação, para reforçar o caixa das obras do estádio Mané Garrincha.

Alerta

Em nota distribuída nos hospitais da cidade, no sábado passado, a direção da Sanoli advertiu que “sente-se no dever de esclarecer que se viu obrigada a paralisar os serviços de alimentação nos refeitórios dos hospitais da Secretaria de Saúde do Distrito Federal”.

Disse mais:

“Temos percorrido todos os caminhos administrativos e burocráticos na busca de uma solução para que o pagamento fosse regularizado, e notificamos judicialmente a Secretaria de Saúde, no último dia 4”.

Ontem, a assessoria da Sanoli informou, por telefone:

Temos matéria prima para no máximo 15 dias. Além de não termos o dinheiro que nos é devido, nos falta crédito, enquanto não pagarmos os nossos compromissos. Vamos suspender o fornecimento de alimentos, na medida em que os suprimentos forem acabando; primeiro para os funcionários, depois para os acompanhantes hospitalares e finalmente os doentes”.

Enquanto isso…

A assessoria da Secretaria da Saúde nega:

“Não há nenhum motivo para que a empresa Sanoli suspenda o fornecimento de refeições aos hospitais do DF, uma vez que a Secretaria de Saúde vem realizando os pagamentos regularmente. Desde o início deste governo, em 2011, a Secretaria de Saúde pagou a empresa Sanoli cerca de R$ 350 milhões. Na semana passada, foi feito um repasse financeiro de quase R$ 4 milhões à empresa. Para essa semana está agendado outro repasse no valor de R$ 8 milhões.”

Mas…

A assessoria da Sanoli confirmou, ontem à noite, que existe o débito de R$ 8 milhões, referente a julho. E ainda falta pagar agosto.

Vitimas da Copa

Os problemas na rede pública de saúde da capital da República são tão graves que doentes morrem sem receber atendimento ou por falta de medicamentos, fato que se tornou comum Brasil afora.

O mais recente caso no Distrito Federal é de 14 de agosto, quando um bebê de três meses, com pneumonia, aguardava vaga em uma UTI no hospital de Planaltina, nos arredores da capital. Ele morreu sem receber o tratamento adequado, apesar de a Justiça ter determinado a internação do paciente.


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