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Corrupção na Fifa: para entender o escândalo anunciado
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José Cruz

“A distribuição de dinheiro e a troca de favores são o lubrificante dos 14 anos de Blatter à frente da Fifa, o que levou a entidade a uma espiral de escândalos e ao descrédito mundial. Pode ser que a sua prática de “molhar a mão”de todo mundo não funcione por muito mais tempo”.

Esportes - Andrew Jennings - autor do livro Jogo Sujo - Livraria Cultura do Shopping Bourbon - São Paulo SP - 05/07/2011 - Foto Fernando Dantas/Gazeta Press

…”No final de janeiro de 2011, o presidente da Confederação Asiática de Futebol, Mohame Bin Hammam, anunciou que Blatter devia abdicar do poder. Três dias depois, Blatter contra-atacou  com mais dinheiro – mais 300 mil dólares para cada associação e federação nacional. Ainda não estava claro o que os dirigentes fariam com essa dinheirama”.

 

Trechos de “Jogo Sujo – o mundo secreto da Fifa” – de Andrew Jennings, o jornalista que detonou o maior escândalo de corrupção na história do futebol mundial.

 

 


Desde 2001, governo sabia sobre a corrupção na CBF
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José Cruz

“Os investimentos em clubes de futebol são uma fonte de risco de lavagem de capitais devido à falta de transparência em relação à origem de financiamento.”

“Entre 2005 e 2009 o Brasil realizou 786 (15,9%) transferências de jogadores para 17 países com deficiências em suas políticas de prevenção e combate à lavagem de dinheiro e retornaram 440 (16,6%) atletas deste tipo de países.” 

(Mauro Salvo, doutor em Economia, em estudo divulgado em 2010)

 Escândalo anunciado

A principal novidade no escândalo do futebol é que saímos da fase de denúncias e entramos na de comprovações de criminosos esquemas. E, enfim, há prisões. Esse escândalo, anunciado há anos pelo jornalista irlandês Andrew Jennings, poderia ter sido detonado no Brasil.

No caso da CBF, conhecemos sobre os seus trambiques desde 2001, há 14 anos!!! – a partir dos relatórios da CPI do Futebol, no Senado, e da CBF Nike, na Câmara. CPI

“O trabalho (da CPI CBF Nike) mostra como o futebol vem sendo usado para a promoção de grandes negócios. São milhões de dólares que rolam em contratos obscuros e desaparecem”, – diz o relatório assinado pelos deputados Aldo Rebelo (presidente da CPI) e Silvio Torres (relator).

Omissão

Mas, nenhuma ação foi tomada pelo governo de então (FHC) ou órgãos que receberam o relatório com “recomendações”:

Ministério Público Federal

Banco Central

Polícia Federal

Receita Federal

Mesas da Câmara e do Senado

Ministério Público dos Estados

Ministério Público Eleitoral (sobre as doações da CBF a campanhas políticas) e

COAF, Conselho de Controle de Atividades Financeiras.

Mais:

Em 2011, Mauro Salvo, doutor em economia, analisou o mercado brasileiro em geral, e gaúcho em particular, no que diz respeito às “transferências de jogadores de futebol”. E concluiu:

“Com base nos dados analisados conclui-se que o mercado de futebol no Brasil é bastante vulnerável à lavagem de dinheiro. A quantidade crescente tanto transações e a soma dos valores envolvidos deveriam causar preocupação para as autoridades brasileiras. Muito embora seja positivo que o mercado de atividade vista pela população como nobre esteja pujante, não se pode ignorar o fato de que lavadores de dinheiro costumam procurar mercados com as características mencionada neste artigo para efetivação de ato criminoso”.

O Brasil poderia ter sido exemplo de combate ao crime organizado que o futebol profissional esconde. Ao contrário, houve estreita relação da CBF com a Câmara e o Senado, a ponto de ali instalar um QG de aliciamento de políticos, em troca de doações para campanhas eleitorais, farta distribuição de ingressos para jogos da Seleção Brasileira, financiamentos de viagens promocionais etc.

O estudo de Mauro Salvo está aqui.


Escândalo na Fifa: ações entre amigos
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José Cruz

“O trabalho mostra como o futebol vem sendo usado para a promoção de grandes negócios. São milhões de dólares que rolam em contratos obscuros e desaparecem. Quanto maior o contrato, mais endividados ficam a CBF, as federações e os clubes, enquanto fortunas privadas formam-se rapidamente, administradas em paraísos fiscais de ondem brotam mansões, iates, e se alimenta o poder de cooptação e de corrupção”. (do relatório da CPI da CBF Nike/2001)

Entre amigos

 A  prisão de cartolas internacionais do futebol não é um ato isolado no mundo do futebol. Está intimamente vinculado a fatos ainda recentes, envolvendo outros brasileiros, João Havelange e Ricardo Teixeira. Ambos abandonaram seus cargos e saíram pela porta dos fundos, para escaparem da ação que hoje expõe a imundice dos negócios ocultos do esporte.

CBF

O atual presidente da CBF, Marco Polo del Nero (à esquerda), era vice-presidente e assessor direto do então presidente, José Maria Marin (à direita). Portanto, se a investigação prosperar, poderemos acordar, dia desses, com a notícia: “Del Nero também está preso!”

CPI

Desde 2001 sabíamos, a partir de documentos oficiais – bancários e fiscais –, obtidos pela CPI da CBF Nike, que o futebol escondia grandes negociatas, evasão de divisas, sonegação fiscal, tráfico de menores, corrupção internacional envolvendo fortunas suspeitas. No Brasil, a “embaixada” desses trambiques tinha endereço conhecido: sede da CBF, no Rio de Janeiro, então dirigida por Ricardo Teixeira, com uma sucursal em Brasília, numa mansão alugada em área nobre.

O relatório da CPI, assinado pelo presidente, então deputado federal Aldo Rebelo, e o relator, deputado Silvio Torres, resumi os crimes identificados, há 14 anos… Contra a ordem tributária, contra o sistema financeiro nacional, falsificação de documentos públicos; falsificação de passaportes, falsidade ideológica e envio de crianças e adolescentes ao exterior de forma irregular (disfarçados de jogadores).

Para saber mais:

http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/2015/05/a-desmoralizacao-mundial-da-cartolagem-no-jogo-sujo-do-futebol/


Depois dos afagos na Copa, queda de braço entre o Planalto e a Fifa
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José Cruz

Sugestão de leitura para incentivar o debate sobre a MP 671, que está se transformando numa queda de braço entre o Palácio do Planalto e a CBF

Brazil v Japan: Group A - FIFA Confederations Cup Brazil 2013

Por Cosme Rímoli

“Blatter acaba com a fantasia. Desmoraliza a populista proposta de Dilma. Governo não pode limitar os mandatos na CBF e nas Federações. Apenas parcelará, como mãe, R$ 4 bilhões dos cofres públicos a irresponsáveis…”

“… O aviso é para valer. Com ameaça de desfiliação. O irônico é que esta atitude da Fifa, de não aceitar intervenções, sempre valeu para governos tiranos dispostos a intervir no futebol para se beneficiar de sua popularidade. Não para limitar mandatos.

O texto completo está neste link:


Romário diz que verba da Fifa não é exclusiva para a CBF,e cita Lei da Copa
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José Cruz

O deputado Romário (PSB/RJ) quer detalhes sobre o plano de aplicação dos US$ 100 milhões que a Fifa destinará para a construção de CT´s (Centros de Treinamentos) no Brasil, conforme a CBF anunciou na semana passada.

Na avaliação do parlamentar o uso desse recurso precisa obedecer o capítulo sétimo da Lei Geral da Copa, que trata “Das campanhas sociais nas competições”. romario

“O inciso segundo do artigo 29 diz que o governo poderá adotar providências para acordos com a Fifa que visem aplicação voluntária de recursos oriundos da Copa”, indicou o deputado, na reunião da Comissão de Esporte.

Além da construção de centros de treinamento a Lei da Copa prevê aplicações de recursos no “incentivo para a prática esportiva das pessoas com deficiência e apoio às pesquisas científicas de tratamento das doenças raras”.

“Estou pedindo esses esclarecimentos porque essas destinações entraram na Lei Geral da Copa por minha iniciativa, foram emendas que apresentei. Portanto, a área das pessoas com deficiência também deve ser contemplada, é um legado justo que precisamos preservar”, afirmou o parlamentar, eleito para o Senado Federal na eleição de outubro,  com 4,6 milhões de votos.

O presidente da Comissão de Esporte da Câmara, deputado Damião Feliciano, e Romário se reunirão com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, na próxima semana. Eles vão pedir que, em nome do governo federal, solicite à Fifa e à CBF informações sobre a aplicação da verba que virá para o Brasil e que seja respeitado o previsto na Lei Geral da Copa.

Para saber mais:

http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2014/11/06/fifa-desmente-cbf-e-diz-que-verba-do-legado-da-copa-nao-esta-definida.htm

 

 

 


A doída fatura da Copa das Copas
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José Cruz

Na eleição de domingo, o governador Agnelo Queiroz obteve 20% dos votos e ficou em terceiro lugar. Rejeição de 80%  ou uma vaia do eleitor tamanho do Mané Garrincha, que corresponde a um chute no traseiro

agnelo

Está certo que o assunto do momento é o segundo turno eleitoral – o “transtorno”, como diz Zé Simão. Mas até poucos dias, o eleitor estava na rua vibrando com a “Copa das Copas”, apesar dos 7 x 1… Agora, dois meses depois da festança chega a fatura e o cofre está vazio.

E o que isso tem a ver com esporte?

Seguinte: quando faltou dinheiro para concluir o estádio Mané Garrincha, que custou R$ 1,6 bilhão, segundo o Tribunal de Contas do DF, o governador Agnelo Queiroz remanejou R$ 300 milhões para a obra. A grana saiu dos orçamentos da Saúde, Educação e Segurança. Está no Diário Oficial.

Agora, a grana que ergueu o estádio começa a faltar nos serviços básicos, dos hospitais, por exemplo.

Ontem, mais de dois mil funcionários da rede pública de saúde da Capital da República ficaram sem refeições, porque o governo deve R$ 26 milhões à empresa fornecedora de alimentos. E em 15 dias, poderão ser suspensos os alimentos dos pacientes e acompanhantes.

Memória

Com o devido respeito aos colegas e torcedores que defenderam a “Copa das Copas”, mas o estrago está feito e assim é Brasil afora.

A direção da Fifa embolsou o lucro de R$ 8 bilhões , deixou estádios maravilhosos, espetacularmente vazios e os governantes passando calote até em cozinhas de hospitais.

E há casos de doenças raras aqui registradas. Pacientes estão três anos na fila – repetindo, três anos!!! – esperando para realizar exames num aparelho especial que ainda não foi comprado.

Que tal?


Governo ilude torcedor com medidas de mentirinha
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José Cruz

O blog da presidente Dilma Rousseff reproduz, na íntegra, artigo de José Dirceu, dando aval ao texto que diz, também:

Acreditamos que é isso, devemos aprender com a derrota e iniciar uma ampla reforma em nosso futebol, começando pela CBF – Confederação Brasileira de Futebol, mas mirando a própria FIFA, tão questionada e envolvida em polêmicas nos últimos tempos, tão necessitada, também ela, de passar por mudanças. De fundo.”

Façam isso, senhores, tentem intervir na gestão do futebol, e o Brasil será excluído de todas as competições da Fifa. Sem apelação!

Depois da desordem promovida por seus jogadores, aqui, na Copa, o governo da Nigéria criou uma comissão para dar rumo ao futebol. E a Fifa deu prazo para que essa comissão seja dissolvida até terça-feira, sob pena de banir a Nigéria dos seus eventos.

Não fosse a medida antipática de “intervir” numa instituição privada, a Constituição e a Lei Pelé, que regula o esporte, não permitem essa ação de governo. Por isso, surpreende que a presidente Dilma acolha essa discussão em sua página oficial.

Que o governo aplique a legislação nos órgãos de esporte e fiscalize a contabilidade e negócios dos clubes, com base em legislação específica; que suspenda o repasse de verbas públicas, benefícios, privilégios, enfim. Duvido que essa turma não se enquadre. Mas enquanto tiver parceiros dentro do Congresso e defensores no governo, a festa vai continuar, assim como discursos de mentirinha. O que estamos vendo é a extensão do “choro” com um pouco de indignação e o indispensável disfarce político.

Bom Senso

O Painel da Folha de S.Paulo diz que “Dilma Rousseff pedirá ao ministro Aldo Rebelo (Esporte) que se reúna com cartolas e representantes de atletas para negociar um pacote de consenso. Ontem ela sinalizou que voltará a receber o grupo Bom Senso FC.”

Está aí mais uma ação emergencial, com o governo atuando onde é competência da CBF. Isso é intervenção disfarçada. E perigosa!

O que precisamos, antes, é de uma discussão sobre o que queremos com o esporte de alto rendimento e qual a responsabilidade efetiva dos gestores. Qual a prioridade para aplicar os milhões disponíveis no orçamento, na Lei de Incentivo, no patrocínio das estatais, nas verbas das loterias? Para que valeram as três Conferências do Esporte, com discussão nacional e orientações valiosas, se nunca foram implantadas?

Conselho chapa branca

Para que serve o Conselho Nacional do Esporte, no qual a CBF também tem voz e voto?

Quantas vezes esse Conselho discutiu sobre uma política efetiva de esporte, cuja indústria já se revelou valioso instrumento para nossa economia? O Conselho já discutiu sobre o calote dos clubes, confederações e federações ao fisco?

Ao contrário, o Conselho Nacional do Esporte é um órgão chapa branca e decorador da estrutura do Ministério do Esporte.

Que o Conselho Nacional do Esporte seja fiscal de fato, e não um suspeito parceiro da ilegalidade.

Transparência e benefício

A gravíssima situação financeira do futebol não se resume na goleada de 7 x 1. Estamos assim, porque falta de transparência na gestão dos clubes, que pedem esmolas ao governo enquanto fazem transações milionárias de jogadores em paraísos fiscais.

E o que dizer da eterna dependência de apoio financeiro de uma única emissora de TV, que monopoliza a imagem e não permite a natural e saudável disputa de mercado? E quem discute sobre isso?

Qual a ação efetiva do governo quando retornamos de uma olimpíada com medalhas contadas? Há mobilização do Congresso Nacional, principalmente, para rever o sistema esportivo, que privilegia a elite, que beneficia o atleta rico e que exclui a periferia e o desporto escolar?

A discussão é mais embaixo. Mas não creio que será desta vez que teremos uma reforma como se precisa. Teremos, isso sim, mais um remendo, como de praxe. E na próxima Copa no Brasil, daqui a 50 anos…. voltaremos às lamúrias e ao milenar debate.


O eficiente padrão Fifa
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José Cruz

Chove torrencialmente em Recife e o trânsito está travado neste 15º dia de jogos da Copa do Mundo. Ruas alagadas assustam, principalmente, os moradores de regiões mais pobres, informam os repórteres que por lá circulam.

chuva

Mas o gramado da Arena Pernambuco é padrão Fifa e está intacto, e o jogo Estados Unidos x Alemanha se realiza sem problemas. A drenagem do terreno foi feita com esmero técnico.

Essa é a diferença que tanto se discutiu na pré-Copa: se para um estádio de futebol receber quatro ou cinco jogos é possível qualidade nos serviços, porque o mesmo não é dispensado à população, que há décadas sofre com as inundações periódicas? Que políticas de longo prazo tivemos, Brasil afora, para evitar ou, no mínimo, amenizar a catástrofe das águas?

Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Paraná já passaram por isso logo no início da Copa. E quem se lembra dos que perderam suas casas e, até hoje, estão desabrigados?

Enquanto isso…

No mesmo padrão desse histórico desleixo governamental, o Bom dia Brasil de hoje mostrou que 40 mil alunos de 1.300 escolas do Paraná ainda não receberam os livros de português, matemática, ciências, geografia e história. Em Brasília ocorre o mesmo “fenômeno”…

A imagem da reportagem, numa escola de Maringá, mostrou a professora escrevendo no quadro o capítulo da lição do dia, enquanto os alunos copiavam para, só então, começarem a estudar. Isso acontece em tempos de informações instantâneas, dos eficientes tabletes etc. Mas, no Brasil da “Copa das Copas” nem o livro didático está disponível.

Porém, nos estádios padrão Fifa, todos vibram “num só ritmo”…

Que tal?


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