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Arquivo : politica pública de governo

Governo ilude torcedor com medidas de mentirinha
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José Cruz

O blog da presidente Dilma Rousseff reproduz, na íntegra, artigo de José Dirceu, dando aval ao texto que diz, também:

Acreditamos que é isso, devemos aprender com a derrota e iniciar uma ampla reforma em nosso futebol, começando pela CBF – Confederação Brasileira de Futebol, mas mirando a própria FIFA, tão questionada e envolvida em polêmicas nos últimos tempos, tão necessitada, também ela, de passar por mudanças. De fundo.”

Façam isso, senhores, tentem intervir na gestão do futebol, e o Brasil será excluído de todas as competições da Fifa. Sem apelação!

Depois da desordem promovida por seus jogadores, aqui, na Copa, o governo da Nigéria criou uma comissão para dar rumo ao futebol. E a Fifa deu prazo para que essa comissão seja dissolvida até terça-feira, sob pena de banir a Nigéria dos seus eventos.

Não fosse a medida antipática de “intervir” numa instituição privada, a Constituição e a Lei Pelé, que regula o esporte, não permitem essa ação de governo. Por isso, surpreende que a presidente Dilma acolha essa discussão em sua página oficial.

Que o governo aplique a legislação nos órgãos de esporte e fiscalize a contabilidade e negócios dos clubes, com base em legislação específica; que suspenda o repasse de verbas públicas, benefícios, privilégios, enfim. Duvido que essa turma não se enquadre. Mas enquanto tiver parceiros dentro do Congresso e defensores no governo, a festa vai continuar, assim como discursos de mentirinha. O que estamos vendo é a extensão do “choro” com um pouco de indignação e o indispensável disfarce político.

Bom Senso

O Painel da Folha de S.Paulo diz que “Dilma Rousseff pedirá ao ministro Aldo Rebelo (Esporte) que se reúna com cartolas e representantes de atletas para negociar um pacote de consenso. Ontem ela sinalizou que voltará a receber o grupo Bom Senso FC.”

Está aí mais uma ação emergencial, com o governo atuando onde é competência da CBF. Isso é intervenção disfarçada. E perigosa!

O que precisamos, antes, é de uma discussão sobre o que queremos com o esporte de alto rendimento e qual a responsabilidade efetiva dos gestores. Qual a prioridade para aplicar os milhões disponíveis no orçamento, na Lei de Incentivo, no patrocínio das estatais, nas verbas das loterias? Para que valeram as três Conferências do Esporte, com discussão nacional e orientações valiosas, se nunca foram implantadas?

Conselho chapa branca

Para que serve o Conselho Nacional do Esporte, no qual a CBF também tem voz e voto?

Quantas vezes esse Conselho discutiu sobre uma política efetiva de esporte, cuja indústria já se revelou valioso instrumento para nossa economia? O Conselho já discutiu sobre o calote dos clubes, confederações e federações ao fisco?

Ao contrário, o Conselho Nacional do Esporte é um órgão chapa branca e decorador da estrutura do Ministério do Esporte.

Que o Conselho Nacional do Esporte seja fiscal de fato, e não um suspeito parceiro da ilegalidade.

Transparência e benefício

A gravíssima situação financeira do futebol não se resume na goleada de 7 x 1. Estamos assim, porque falta de transparência na gestão dos clubes, que pedem esmolas ao governo enquanto fazem transações milionárias de jogadores em paraísos fiscais.

E o que dizer da eterna dependência de apoio financeiro de uma única emissora de TV, que monopoliza a imagem e não permite a natural e saudável disputa de mercado? E quem discute sobre isso?

Qual a ação efetiva do governo quando retornamos de uma olimpíada com medalhas contadas? Há mobilização do Congresso Nacional, principalmente, para rever o sistema esportivo, que privilegia a elite, que beneficia o atleta rico e que exclui a periferia e o desporto escolar?

A discussão é mais embaixo. Mas não creio que será desta vez que teremos uma reforma como se precisa. Teremos, isso sim, mais um remendo, como de praxe. E na próxima Copa no Brasil, daqui a 50 anos…. voltaremos às lamúrias e ao milenar debate.


Verbas públicas e formação de atletas: a desordem vai a debate na Câmara
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José Cruz

A CTD (Comissão de Turismo e Desporto) da Câmara dos Deputados realizará amanhã audiência pública sobre “recursos públicos no programa de formação de atletas olímpicos”.

Os debatedores confirmados são estes:
Ricardo Leyser – Secretário de Alto Rendimento do Ministério do Esporte
Francisco Antônio Fraga – Presidente da Confederação Brasileira de Clubes

Sérgio Bruno Coelho – Presidente do Minas Tênis Clube

Nelson Bechlin Wulff – Presidente do CONFAO (Conselho dos Clubes

Formadores de Atletas Olímpicos)

Arialdo Boscolo – Presidente da Federação Nacional de Clubes.

O debate, sugerido pelo deputado Romário (PSB/RJ), é sobre gestão do dinheiro de fontes públicas (estatais, Ministério do Esporte, Lei de Incentivo etc) distribuído a várias  instituições “formadoras de atletas”. Na prática, cada um faz o seu programa, forma seus atletas, mas sem um comando central, que deveria ser do Ministério do Esporte, fixando metas e prioridades.

Afinal, de quem é comando do alto rendimento no país: clubes, federações, confederações, COB, governo?

Em 10 anos de governo do PT, com o PCdoB à frente do Ministério do Esporte, o que tivemos foi a multiplicação de fontes financiadoras e a falta de um gestor central. Resultado: o desperdício é evidente. Insisto: compete ao governo federal se envolver com a formação de atletas de alto rendimento, enquanto clubes têm ociosidade de seus espaços e, principalmente, o desporto escolar está ao abandono? Não temos modelo algum para o desenvolvimento do esporte para até que o atleta chegue ao alto rendimento.

No caso da Lei de Incentivo (R$ 300 milhões anuais desde 2006), o que essa grana representou no crescimento da estrutura formadora de atletas? Que resultados práticos temos das centenas de projetos aprovados? E quem cobra a falta de resultados?  Lembro que o futebol é o principal beneficiado desse dinheiro sem volta que a Lei de Incentivo dispõe. Logo…

Certo é que o financiamento do esporte de alto rendimento está estatizado, mas a gestão é privatizada e a falta de prioridades para a base, onde se formam quadros de renovações, está sem prioridades, metas e, pior, sem interesse do financiador. Ressalvo que o vôlei e o judô fogem a essa regra.

Amanhã, os deputados ouvirão explicações e justificativas. Mas não teremos solução prática, como racionalizar o uso de tanto dinheiro – lei Piva, lei de Incentivo, convênios, patrocínio estatal. Principalmente, porque não temos estrutura de governo nem vontade política para mudar o sistema e corrigir o rumo do desperdício da verba pública.


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