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Os megaeventos esportivos e a eleição presidencial: bocas fechadas
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José Cruz

Para quem tinha dúvidas, até agora as pesquisas mostram o contrário: a tragédia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo não afetou a liderança da presidente Dilma rumo à reeleição. Será por isso que o esporte está ausente dos debates?

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Então, está provado que o futebol não influencia nas urnas.Nem o desempenho da economia. O governo vive inferno astral em suas contas: inflação e dólar em altas, credibilidade internacional em queda, despencando no ranking das economias mais confiáveis. Tudo isso a ano e meio da realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. E não adianta dizer que 65% dos investimentos são da iniciativa privada, porque os 35% representam muito, no cofre federal, inclusive.

Opção

Quando assumiu o governo, em 2003, o PT optou por usar o esporte como ferramenta promocional do país e incentivador de nossa juventude. Assim, até 2017 estamos no topo dos megaeventos: Jogos Pan-Americanos 2007, Jogos Mundiais Militares, Jogos Mundiais Estudantis, Copa das Confederações, Mundial da Fifa, Jogos Olímpicos 2016, Jogos Paralímpicos 2016 e Universíade 2019.

Herança

O que herdaremos – o tal legado… – de tudo isso? Do Pan 2007 e, principalmente, dos Jogos Mundiais Estudantis, para que o governo – o financiador – tenha, também, gerações menos doentes e com melhor rendimento escolar?  Que projeto integrado de governo promove turisticamente o país, através desses megaeventos de repercussão internacional? Qual a proposta dos nossos principais candidatos á Presidência da República para esse segmento, ainda tratado de forma amadorista e emergencial?

No próximo governo, o esporte de alto rendimento continuará tendo a forte intromissão do Estado, quer na legislação desportiva quer na destinação de bilhões de reais, muitos de suspeitas aplicações?

O esporte como “negócio”, até aqui, está sendo apenas uma grande diversão financiada por muita verba pública. E ninguém discute sobre isso.


O debate vazio do esporte na campanha eleitoral
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José Cruz

Procurei conhecer as propostas dos candidatos presidenciais para o assunto “esporte”. Não há novidades, mas uma cópia atualizada de campanhas passadas.

Apesar de o Brasil estar recebendo os maiores eventos esportivos do mundo, não há um projeto integrado para as pastas da saúde, educação, esporte, meio ambiente, indústria e comércio, no mínimo. Nada!

FOTO CORRIDANão sabemos para onde vamos, como numa corrida sem compromisso. Isso é sinal de que, independentemente do candidato eleito, continuaremos com um ministério partidário, de atuação e objetivos políticos, antes de tudo.

A indústria do esporte é uma das que mais contribui para a formação do PIB nacional, devido, também, ao crescente interesse dos brasileiros pela prática de atividade física. E isso foi motivado, em parte, pela realização dos grandes eventos esportivos: Pan e Parapan 2007, Jogos Mundiais Militares, Copa das Confederações, Copa do Mundo de Futebol, Olimpíada, Paraolímpiada e Universíade. A corrupção e superfaturamento para preparar essas festas é outra história.

No entanto, onde entra a escola e a universidade na preparação desses eventos? Qual a participação efetiva de longo prazo da área acadêmica para que o Brasil seja, também, esportivamente respeitável? O Ministério do Esporte continuará sendo apenas um órgão repassador de verbas públicas? O Conselho Nacional do Esporte continuará cúmplice da omissão do governo em várias frentes do setor?

Nos estados

Da mesma forma, pesquisei algumas propostas dos governos estaduais, onde secretarias de esportes usam suas estruturas para camuflar orçamentos e transformar cargos de confiança em cabides de empregos, privilegiado espaço para companheiros desocupados. Nenhuma novidade. Mas somos um país olímpico.

Enfim, a 38 dias das eleições, acusações e promessas de eleições anteriores se repetem, e a novidade da campanha é uma trágica realidade: um jatinho sem dono.

E eu aqui querendo debater sobre os rumos do esporte…


Eurico Miranda ressuscita. É a “renovação” do futebol
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José Cruz

Depois das “Copa das Copas”, a reovação do nosso futebol, liderada pela presidente Dilma Rousseff, ganhou ontem um “novo” personagem: Eurico Miranda. Ele está pronto para voltar à presidência do Vasco da Gama, como contam os repórteres Bruno Braz e Pedro Ivo Almeida, do UOL, no Rio de Janeiro.

A reportagem começa assim:

“Hostilidades, “boca de urna”, pressão, ameaças, dedos no rosto, cervejas e charutos. Foi neste ambiente, cercado de muita tensão, insegurança e quase agressão a Roberto Dinamite e outros dirigentes, que os conselheiros do Vasco decidiram, na noite desta quarta-feira, pela não continuidade do mandatário no cargo máximo do clube, o que foi considerado uma vitória para o candidato Eurico Miranda e seus correligionários.”

Memória

Eurico Miranda liderou a tropa de choque dos cartolas na CPI da CBF Nike, em 2001, quando rasgou o relatório final, para votar o relatório alternativo dos dirigentes.

Naquela CPI, o então deputado Eduardo Campos, que ontem morreu em acidente aéreo, apoiava o presidente da CPI, o hoje ministro Aldo Rebelo, e o relator, Sylvio Torres, numa tentativa efêmera de dar rumos à gestão do futebol.

“Eles (Eurico e bancada da bola) estão aqui para defender o Ricardo Teixeira. Não vamos, de maneira alguma, permitir isso.”
Em meio a tumulto generalizado, gritos e acusações, Aldo Rebelo encerrou a CPI, e Eurico Miranda colocou em votação o texto pró-cartolas, que venceu com facilidade. Porém, sem valor, pois o documento não foi votado em plenário, e a CPI acabou em pizza.

CPI no Senado

Na mesma época, o então senador Geraldo Althoff , relator da CPI do Futebol, pediu ao Ministério Público Federal o indiciamento do presidente do Clube de Regatas Vasco da Gama, deputado federal Eurico Miranda, por crimes de falsidade ideológica, delitos tributários e eleitorais e tentativa de obstrução dos trabalhos de investigação.

As CPI da Câmara e do Senado, que escancararam a corrupção no futebol, ficou só nos relatórios, que foram enviados à Polícia Federal, ao Ministério Público, ao Banco Central etc.

Morte e ressurreição

Ironicamente, a porteira para a ressurreição do mais famoso cartola do Vasco da Gama, Eurico Miranda, se abriu no mesmo dia em que um jovem líder político, o ex-deputado Eduardo Campos, morreu em acidente aéreo.

Preferências partidárias à parte – até porque não tenho qualquer vínculo político – a morte de Eduardo Campos enfraquece ainda mais a já frágil renovação política brasileira. Ao mesmo tempo, fortalece o que há de mais arcaico na gestão do futebol, como se viu na assembleia do Vasco, ontem.

E agora, vai?

Para saber mais – CPIs

http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2001/12/04/cpi-pede-indiciamento-e-processo-de-cassacao-para-eurico-miranda


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