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Conflito na canoagem: atletas X cartolas. Quem é o mentiroso?
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José Cruz

O conflito entre atletas e dirigentes da canoagem é mais um indicativo para a urgente necessidade de se passar a limpo os rumos do dinheiro público para o esporte, com rigorosa investigação, tipo Polícia Federal. O Tribunal de Contas da União já constatou a fragilidade do sistema do governo para controlar a aplicação das vebas federais

O principal nome da canoagem brasileira, Isaquias Queiroz (foto), candidato a pódios nos Jogos Olímpicos 2016, é o mais recente atleta a se rebelar contra a ditadura dos cartolas. E faz isso chamando de “mentiroso” o presidente da Confederação de Canoagem, João Tomasini, há 27 anos no poder.  Isaquias

Isaquias, Erlon de Souza, Nivalter Santos e Ronilson de Oliveira alegaram que a Confederação de Canoagem há oito meses não paga o salário combinado, e ficaram fora de evento teste aos Jogos Rio 2016. A verba para esse compromisso é via patrocínio do BNDES.

A Confederação e o BNDES contestam os atletas, mas eles teriam chegado a essa decisão de confronto e acusações extremas se tudo estivesse em dia? Afinal, quem é o mentiroso nessa história que envolver verbas públicas?

Constatações

Os atletas, enfim, se rebelam. Atletas de ponta! Em fevereiro, Élora Hugo foi a primeira a denunciar irregularidades na Confederação de Esgrima, até hoje com opacos esclarecimentos da entidade.

Mais recentemente, competidores do atletismo questionaram a Confederação sobre o fracasso da equipe no Mundial de Pequim. Agora, é a canoagem que bota a boca no trombone, de forma nunca vista.

Essa realidade, a menos de um ano dos Jogos Rio 2016, demonstra como a gestão do esporte, em geral, está à deriva. O sistema, fundamentado em muito dinheiro (R$ 7 bilhões para o atual ciclo olímpico) e estrutura institucional falida, não se sustenta mais, constatação, também, do TCU.  A começar pelo Ministério do Esporte, onde o titular é leigo no setor, apesar de experiente em ações humanas: “Entendo de gente”, disse George Hilton, ao assumir a pasta, em janeiro.

Finalmente:

Os modelos mudam de acordo com as modalidades, mas, de comum, todo o alto rendimento é dependente de verbas públicas para o pagamento de salários, bolsas, prêmios e bonificações por resultados. Tudo com dinheiro público! Essa realidade continuará após 2016, diante da crise da economia, com cortes orçamentários de R$ 30 bilhões?

Volta-se ao questionamento: compete ao Estado o modelo atual de financiar o esporte-espetáculo? o esporte-negócio? Bolsa-Atleta, de até R$ 15 mil, para quem já tem salário, patrocínio de empresas privadas, prêmios por resultados e patente nas Forças Armadas?


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