Dilma optou por Ana Moser na APO para evitar derrota no Senado
José Cruz
Dois deputados do alto escalão e da base do governo, que circulam pelos gabinetes palacianos, em Brasília, contaram que a escolha de Ana Moser para a presidência da APO (Autoridade Pública Olímpica) foi uma “jogada estratégica” do governo.
Contrariada pelas derrotas no Legislativo, impostas por “insatisfeitos parlamentares”, a presidente Dilma Rousseff viu no perfil de uma ex-atleta de prestígio a forma de enfrentar com sucesso a sabatina dos senadores, antes de Ana ser consagrada no decreto presidencial.
Esse foi o motivo de Dilma não ter indicado Edinho Silva, agora no comando da Secretaria de Comunicação do governo. Ex-tesoureiro da campanha do PT, dificilmente ele passaria pelo crivo dos senadores, no momento em que as doações de campanhas – de todos os partidos, é preciso dizer – são questionadas quanto à legalidade de suas origens.
Com Ana Moser poderá ser diferente, avalia o governo, segundo os políticos consultados. Ela é do ramo, conhece o setor, tem prestígio junto aos atletas e bom discurso. Mas Ana ainda não se manifestou, e no comando da APO continua com o interino, Marcelo Pedroso.
Enquanto isso…
… faltam 479 dias para a abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016. E o Comitê Olímpico Internacional acompanha o desprezo do governo brasileiro para com uma instituição por ele mesmo criada, seu representante legal nas relações esportivas e, também, para tentar evitar a corrupção ocorrida nas obras do Pan 2007. Mas o governo transformou um órgão técnico em reduto de barganha, escancarando o atraso de nossa cultura política-esportiva.