Blog do José Cruz

Arquivo : agosto 2014

FHC já sabia sobre o trambique dos cartolas. E se omitiu
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José Cruz

Há 14 anos a Previdência já anunciava “indícios de crime de apropriação indébita” dos clubes de futebol. Os cartolas recolhiam dos empregados e não repassavam ao INSS. À época, Fernando Henrique Cardoso era o presidente da República

“A Previdência Social tem dedicado atenção especial ao aperfeiçoamento da fiscalização e da arrecadação das contribuições dos clubes de futebol profissional. Nesse setor, a sonegação e a inadimplência são problemas generalizados. A maioria dos clubes não possui patrimônio próprio e, além disso, os responsáveis pela administração têm mandato temporário. Por serem constituídos como associações, seus dirigentes não respondem pessoalmente pelas dívidas dos clube, tornando-se o recolhimento da contribuição devida à Previdência social uma obrigação secundária”.

“Mesmo recebendo tratamento diferenciado de contribuições, os clubes são devedores da Previdência social. … Apear de serem significativamente beneficiados pela legislação em relação às demais empresas, os clubes de futebol profissional, sem qualquer justificativa, constantemente valem-se de vários artifícios para reduzir a base de incidência de sua contribuição, inclusive mediante a prática de ilícitos como sonegação fiscal, evasão de renda dos espetáculos desportivos e fraudes”.

“Existem ainda indícios de crime de apropriação indébita, que ocorre quando a contribuição previdenciária é descontada do empregado e não é recolhida à Previdência. Em cerca de 32 clubes fiscalizados, 25% apresentavam problemas dessa natureza”.

Confissão

Esta análise acima é resumo do que foi publicado no “Informe Previdência Social”, outubro de 2000. É assinada pelos especialistas Vinícius Carvalho Pinheiro, João Donadon e Andréa Corrêa Barreto.

Recentemente, o ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, disse num depoimento na Câmara dos Deputados que os clubes recolhiam dos jogadores e funcionários e não repassavam ao governo. Evidente confissão da dívida.

Hoje, os cartolas choram na frente da presidente Dilma pedindo solução para uma dívida que, dizem…, é de R$ 4 bilhões. Querem prazo de 600 meses e juros diferenciados.  E, ao “criar uma comissão para discutir o assunto”, a presidente indicou que atenderá ao pleito do clube fraudador do fisco.

É a sequência da omissão do então presidente Fernando Henrique Cardoso, quando a dívida chegou à sua mesa, em 2000 e ele fechou os olhos ao trambique explícito.

Que tal?


A conta das medalhas
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José Cruz

Em crise financeira e técnica, Botafogo, Flamengo e Vasco têm outro detalhe em comum: os três clubes foram criados com influência da prática do remo.

Agora, o vexame desses times e a desordem em suas finanças no futebol nos remetem e essa memória histórica. Estamos a dois anos dos Jogos Rio 2016, e qual a iniciativa de massificação no remo – e outros esportes, claro – para evitar que o “barco vire”, como ocorreu com o futebol?

Enquanto isso…

… na falta de talentos para formar uma delegação altamente competitiva, o Comitê Olímpico Brasileiro e o Ministério do Esporte fazem contas e projetam o número de medalhas em 2016. A proposta é colocar o frágil Brasil esportivo entre os 10 primeiros campeões países olímpicos. Precisamos evitar, em casa, o vexame da Seleção Brasileira no recente Mundial. Então, na falta de planejamento, vamos às contas. Mas será que estão conversando com os adversários?

Esse contraste entre a carência de atletas para uma boa seleção e a projeção de pódios, a dois anos da Olimpíada, escancara nosso atraso. Vivemos de “expectativas”, em vez de planejamento de longo prazo.

Em recente entrevista, nossa maior expressão no remo, a flamenguista Fabiana Beltrame, declarou:

“A renovação do remo no Brasil praticamente não existe. Eu percebo isso quando chego nas competições e noto que nunca vi os atletas argentinos antes. Enquanto nós brasileiros somos sempre os mesmos. Só agora que a Confederação Brasileira está começando a se planejar”.

Negócio suspeito

É nesse panorama que volto ao Estádio de Remo da Lagoa. Desde 1997, numa ação suspeita de ilegalidade, essa valorizada área transformou-se no “Shopping Lagoon”, um centro de consumo administrado pela Glen Entertainment. O negócio, fechado pelo governo do Estado, é contestado na Justiça.

Certo é que, o lucro comercial sufocou atletas e clubes, que perderam privilegiado espaço público. E sabe-se lá que benefícios tiveram os políticos que autorizaram essa ação predadora ao esporte em geral e ao remo em particular.

O interessante é que esse “desmanche” continuou quando acabaram com o Velódromo, com o Estádio de Atletismo Célio de Barros, o fechamento do Engenhão, a perda de credenciamento para exames antidoping e por aí vai.

Pior:

Mesmo nas mãos da iniciativa privada, que ali obtém lucro fácil e facilitado, por que o Estado bancou a reforma do Estádio do Remo – R$ 13,2 milhões – para receber regatas dos Pan 2007? Quem está levando quanto nesse negócio?

Comparativamente à fundação de Botafogo, Flamengo e Vasco, há mais de 100 anos, regredimos na prática e na gestão esportiva. E o Estado, incapaz, implode, sem contestação, espaços esportivos valiosos.

Talvez, por isso, Carlos Nuzman e o ministro Aldo Rebelo estejam fazendo a conta das medalhas para 2016…


Presidenciáveis prometem a mesmice para o esporte
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José Cruz

Historicamente corrupto, caloteiro, falido financeiramente e desmoralizado no campo de jogo, ainda assim o futebol mantém forte apelo para cativar o torcedor-eleitor, como mostram os presidenciáveis em suas campanhas eleitorais.

romario camposBem antes da Copa do Mundo, duas parcerias se formaram: Eduardo Campos, do PSB, e o deputado Romário, do mesmo partido. O “Baixinho” lidera a pesquisa para o Senado, no Rio de Janeiro e mantém popularidade dos tempos em que era bom de bola.

Já o candidato tucano, Aécio Neves, se alinhou a Ronaldo Fenômeno, em plena campanha buscando o Palácio do Planalto. rrorro

Campeões mundiais, Ronaldo e Romário mantêm o prestígio daqueles tempos e, agora, investem na política e em políticos.

Esse panorama deve ter incentivado o comando de campanha de Dilma Rousseff a buscar um parceiro no futebol para fortalecer o discurso da reeleição.

Resultado: em boa hora, surgiu o Bom Senso F.C. e Dilma entrou em campo. Além da foto com os jogadores, ela abraçou uma proposta de apelo simpático, a “moralização do futebol”. Se isso é verdade ou é possível… Pode até ser utópico, mas, vai que dá certo!…

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Propostas

Como em eleições anteriores, desde o tempo de JK, as propostas dos principais candidatos à presidência da República para o esporte são genéricas “diretrizes”. Tratam o assunto de forma isolada e superficial,  e não com propostas ao lado da educação, saúde, turismo, meio ambiente, indústria e comércio etc. O alto rendimento mistura-se ao esporte de lazer e promessas de integração com a educação. Confuso.

O programa de Dilma diz que é “urgente modernizar as relações do futebol”. E propõe a continuidade do programa Bolsa-Atleta e construção de 285 Centros de Iniciação do Esporte.

A Bolsa é rica promessa de campanha, pois são 6.600 eleitores em potencial, familiares e amigos… E Centro de Iniciação sem projeto pedagógico e concurso para professores de educação física é proposta para ficar no papel.


A omissão dos atletas fortalece a corrupção no esporte
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José Cruz

Com dívida de R$ 5,4 milhões a Confederação de Basquete da Argentina está pelas tabelas, a ponto de os cartolas pedirem o boné e sumirem em disparada, pressionados por atletas.

Lá, jogadores se posicionam, mostram a cara e deixam bem claro: sem atleta não há competição, não há clube, não há cartola, televisão, patrocínios, nada! Portanto, senhores, tomem vergonha ou não se joga, o esporte vai à falência.

Utopia? Quem sabe! Mas, aqui, pela falta de liderança, o esporte olímpico patina na mesmice, os cartolas se perpetuam como ditadores insubstituíveis, agora com “salários públicos”; fazem ameaças e silenciam o principal ator, o atleta.

Essa prática que foge ao princípio democrático, é fortalecida pela omissão do Ministério do Esporte. A própria Confederação de Basquete serve de exemplo. Na atual gestão, os deslizes financeiros são frequentes. No entanto, o Ministério se curva e sai em socorro do mau gestor, apoia o incompetente e ali coloca mais dinheiro público. Que tal?

E isso ocorre em outras confederações, como a de Tênis – ainda sob investigação da polícia e Ministério Público paulistas – Taekwondo etc. E como age o nosso atleta? Silencia! Vergonhosamente se omite!

Cartolas fazem gato e sapato nas finanças porque ninguém os incomoda. E o Judiciário, lerdo, contribui para que o ciclo se feche, ao contrário dos argentinos, onde os atletas gritam e dão um “basta”!

Cartolas no Brasil administram o que não lhes pertence, o dinheiro público, quer da estatal patrocinadora, da Lei de Incentivo, do próprio orçamento do Ministério do Esporte, enfim. E quem fiscaliza isso? O próprio ministério não tem em seus quadros meia dúzia de bons agentes de análise de prestação de contas para varreduras em milhares de processos. Logo, o convite para a “festa” é permanente.

Vejam o exemplo da “poderosa” Confederação Brasileira de Vôlei. Por 40 anos teve apenas dois presidentes! Carlos Nuzman e Ary Graça. Está certo que tornaram a modalidade vitoriosa, mas sem espaço para novos gestores, para que os critérios ficassem sempre escondidos.

Hoje, estão aí as denúncias de corrupção, porque a perpetuação nos cargos vicia os cartolas, os torna relaxados e desinteressados na gestão de verbas, principalmente se não devem explicações a ninguém.

Quais atletas do vôlei irão à sede da CBV exigir transparência aos resultados da auditoria ali realizada? Esse documento será engavetado ou irá ao Ministério Público? Teremos aqui o exemplo que vem da Argentina ou continuaremos com vergonhosa omissão, e os atletas se tornando cúmplices da ilegalidade?


CBV esconde resultados da auditoria sobre suspeitas de falcatruas
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José Cruz

 

Há uma disputa interna na CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), entre os que querem esconder e os que desejam dar transparência à auditoria da Price Waterhouse, que investigou sobre denúncias de irregularidades nas finanças da entidade, que divulguei, em março.

Recentemente, a CBV contratou assessoria da Fundação Getúlio Vargas para formular proposta de gestão transparente no vôlei. É um recurso para, de forma discreta, tentar ajudar esquecer problemas.

Apoiado pelo Banco do Brasil há 23 anos, o vôlei conquistou 19 medalhas olímpicas e mais de 50 títulos mundiais na quadra e na areia, em todas as categorias. Estamos falando de uma potência esportiva dentro e fora das quadras.

Segredo

Mas, o que apurou a auditoria da Price? Segredo, como sugere a assessoria da CBV:

“O relatório foi entregue oficialmente à Confederação e está nas mãos do departamento jurídico da entidade. Algumas providências já foram tomadas e outras estão sendo analisadas. O relatório é interno”.

Memória

Em quatro décadas, entre 1975 e 2012, a CBV teve apenas dois presidentes, Carlos Arthur Nuzman e Ary Graça. E o atual, Walter Pitombo Laranjeira, foi vice-presidente desses dois dirigentes. Pitombo conhece muito bem os bastidores e a história desse esporte. Silenciará diante das denúncias, permitindo que seu nome figure entre os suspeitos de práticas ilegais, como as já denunciadas?

Enquanto isso…

Em março, por ocasião das denúncias, a direção do principal patrocinador assim se manifestou:

“A direção do Banco do Brasil condicionou a manutenção do apoio ao vôlei ao pronto esclarecimento dos fatos denunciados e à imediata adoção de medidas corretivas” … “Apesar de não ter responsabilidade legal ou contratual para fiscalizar a aplicação dos recursos do patrocínio, o Banco do Brasil entende que é necessário a CBV adotar novas práticas de gestão que tragam mais transparência para a aplicação dos recursos…”

Agora, ao ser indagado sobre os resultados da auditoria da Price, disse o Banco:

“O Banco do Brasil entende como positivas a contratação da auditoria externa e da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e permanece acompanhando atentamente as ações decorrentes das apurações realizadas.”

Indagado, o Ministério do Esporte não se manifestou.

Finalmente

E o que dizem os atletas e o próprio técnico Bernardinho, modelo de liderança e caráter, sobre essa questão?

Afinal, são eles que, por seus resultados, dão sustentação à parceria da CBV com o Banco do Brasil. Ficarão omissos nessa questão, contrastando os brilhantes resultados no esporte com suspeitas de desmandos de bastidores?

 

 

 


Atletismo: o que esperar da nova geração?
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José Cruz

Com uma delegação de 23 atletas, o Brasil retornou do Mundial de Atletismo Júnior de Eugene, nos Estados Unidos, com duas medalhas, ouro, com Izabela Silva, no lançamento do disco; e bronze, com Matheus de Sá, no salto triplo. Ficamos em 13º lugar dentre os 168 países participantes e os 34 que conquistaram pódio.

Já no “Placing Table”, que classifica os países atribuindo pontos da primeira à oitava colocação em cada prova o desempenho do Brasil foi ainda mais tímido: 17º lugar, atrás do Quênia, da Etiópia, Cuba e Bahrein. E empatados com as superpotências esportivas Trinidad e Tobago e Uganda.

O atletismo é modalidade totalmente financiada por verbas públicas e em 2013 encerrou o ano com R$ 31 milhões de receita, entre convênios, patrocínio da Caixa e repasses das loterias federais. Cerca de 200 atletas recebem Bolsa do Ministério do Esporte.

O Mundial de Atletismo Júnior, para competidores de até 19 anos, é a vitrine da nova geração, e no evento desfilaram atletas que deverão estar nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Mas o Brasil, apesar de ter 40 milhões de estudantes disponíveis para a prática esportiva, patina na formação de atletas devido à falta de políticas públicas.

Fora do pódio, os melhores resultados do Brasil foram os quarto lugares de Thiago André,  nos 800 e 1500m, e o oitavo de Núbia Soares, no salto triplo.

Velocistas

Nas provas de velocidade, no programa individual, o Brasil não esteve em uma só final. Principal esperança, Tamiris de Liz, bronze no Mundial Juvenil de Barcelona, há dois anos, ficou em sexto na semifinal, atrás de uma equatoriana, uma venezuelana e uma da Guiana. Nos 100m rasos masculino, Vitor Hugo Silva dos Santos, finalista da prova no último Mundial Sub-17, no ano passado, também ficou em sexto e não avançou à final. E nos 200m rasos, Vitor Hugo, que havia conquistado a prata na prova no último Mundial Sub-17, ficou em último na sua bateria semifinal.

Esperança

Thiago André terminou em quarto lugar nas duas provas de meio fundo, 800m e 1.500m. Está aí um nome para dar seguimento à dinastia da década de 1980, com Agberto Guimarães, Zequinha Barbosa e Joaquim Cruz.

Fundo

Nas provas de fundo não qualificamos nenhum atleta para as finais. Nos 10.000m masculino, por exemplo, desde 1996 (e lá se vão 18 anos) o Brasil não sabe o que é colocar um atleta em uma final de Mundial, em todas as categorias! O interessante é que o calendário de corridas de rua no Brasil é farto em competições, mas isso não ocorre na pista onde cada vez os nomes são mais escassos.

Revezamentos

Nessa prova estivemos em apenas uma final, o 4x100m feminino. Mas, a exemplo das Olimpíadas, nossas atletas acabaram errando na passagem do bastão e foram desqualificadas.

Cabe aqui ressaltar um interessante dado:  Botsuana (país da África Meridional, com apenas 2,1 milhões de habitantes) qualificou suas duas equipes de revezamento masculino para o Mundial Juvenil, ao passo que o Brasil (200 milhões de habitantes) não conseguiu revelar e formar oito atletas com um nível razoável para disputar as provas de revezamento em Eugene.

Pistas

Atualmente, o Ministério do Esporte está investindo na construção de pistas de atletismo, Brasil afora, mas assim como em outras modalidades o país carece de técnicos, equipamentos, calendário farto de competições etc. Continuamos com os mesmos problemas de 1980, quando Joaquim Cruz deixou Brasília para ir treinar nos Estados Unidos. Com a diferença de que desde 2003 há muitos recursos financeiros disponíveis, mas isso não tem contribuído para a formação de equipes altamente competitivas.

Continuamos dependentes de revelações esporádicas, como o ouro de Izabela Silva. Federações falidas, clubes desinteressados, falta de gestores e de definições entre as competências da União, estados e municípios e o interesse do governo e COB de investirem no atleta de ponta fecham esse ciclo de problemas, que dura décadas.


Olimpíadas Rio 2016, entre a realidade e a esperança
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José Cruz

Por Aldemir Teles Dema

 Professor de Treinamento Esportivo, na Escola Superior de Ed. Física da Universidade de Pernambuco

O título deste artigo é uma homenagem ao saudoso escritor, poeta e dramaturgo Ariano Suassuna que sentenciou:

“O otimista é um tolo. O pessimista é um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”.

É assim, com esse pensamento, que devemos encarar as chances do Brasil ter sucesso nos próximos Jogos Olímpicos no Rio de janeiro em 2016. Assim estaremos precavidos de decepções semelhantes à sofrida com a campanha da seleção de futebol na recente Copa do Mundo, quando vendedores de sonho, especialmente a mídia e patrocinadores do evento, iludiram a muitos brasileiros, fazendo-os acreditar que o Brasil seria hexacampeão mundial.

Embora não seja tarefa fácil, é possível elencar alguns fatores que possam prever futuros resultados do país nos Jogos Olímpicos 2016. Por exemplo, a vantagem de competir no próprio país, os investimentos, a qualidade da participação das equipes nacionais nos campeonatos mundiais, nos períodos que antecedem as olimpíadas, as medidas e ações governamentais realizadas e a evolução do quadro de medalhas em olimpíadas a partir da confirmação da cidade sede.

Vamos focar, por enquanto, a evolução do quadro de medalhas do Brasil nas três olimpíadas recentes – 2004, Atenas; 2008, Pequim e 2012 em Londres – a seguinte após a confirmação em 2009 do Rio de Janeiro como sede em 2016.

Brasil

A evolução do quadro de medalhas do Brasil será comparada com a evolução dos países sede China e Grã-Bretanha. Se alguém sugerir que estou mal intencionado ao escolher duas potências esportivas para a comparação, posso dizer que a forma com que outros países sede evoluíram é semelhante às apresentadas neste exemplo, embora com outros números.

A meta do Ministério do Esporte, definida em 2010, na construção do Plano Decenal de Esporte e Lazer, tem o pomposo titulo de 10 PONTOS, EM 10 ANOS PARA PROJETAR O BRASIL ENTRE OS 10 MAIS. Na quarta-feira recente, dia 23 o Comitê Olímpico Brasileiro anunciou que a meta do país para os Jogos de 2016 é entrar no top 10 da classificação geral e, para isso, quer subir ao pódio 27 vezes. Os dirigentes do COB admitem que o objetivo seja ousado. Eu diria improvável, no momento atual, mesmo assumindo que o pessimista é um chato, mas a realidade aponta para incertezas.

Para atingir a meta de estar entre os 10 primeiros colocados, o Brasil deverá obter entre 30 e 35 medalhas no total, sendo oito ou nove de ouro. Esses são os números aproximados de medalhas obtidos pelos países na 10ª posição em olimpíadas recentes. Ou seja, é preciso mais que dobrar o número de medalhas de ouro em relação a Londres (três ouros). China

Recomendo aos gestores públicos e privados do esporte o importante estudo publicado em 2009, do respeitado Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) sobre a eficiência da participação dos países nas Olimpíadas de Beijing, 2008.

Segundo esse Estudo do IPEA, de acordo com o nosso potencial, o Brasil deveria ter conquistado 20 medalhas de ouro, 18 de prata e 26 de bronze. Dessa forma teríamos conquistado a sexta colocação e não a 20ª no quadro de medalhas.

Comparacao

A avaliação considera a riqueza econômica do país, o tamanho da população e a esperança de vida ao nascer. O estudo revela a discrepância entre viabilidade econômica e a efetividade da política de esporte. Ou seja, temos potencial para muito mais. O problema está na equivocada política nacional de esporte, ou a falta dela.

O autor é Especialista em treinamento esportivo, pela Universidade Gama Filho e Mestre em neurociências pela UFPE.


Atletismo de ouro: ah, essas mulheres!
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José Cruz

disco

 

Depois de nove finais, o Brasil conseguiu um valiosíssimo pódio no Campeonato Mundial de Atletismo Juvenil, no Estádio Hayward Field, em Eugene, nos Estados Unidos.

O feito foi da lançadora do disco, Izabela Rodrigues da Silva (foto), da equipe BM&F/Bovespa, de São Paulo. Ela marcou 58,03m. Izabela nasceu em Adamantina (SP), em 1995. Ela tem 118kgs e 1,76m de altura. Valerie Allman, dos Estados Unidos, com 56,71m, ficou com a medalha de prata, e a indiana Navjeet Dhillon com o bronze (56,36m).

O Mundial de Atletismo Juvenil reúne 1.500 atletas – até 19 anos – de 167 países, e termina neste domingo.

Depois de Maurren Maggi, no salto em distância, e Fabiana Murrer, no salto com vara, a geração feminina continua escrevendo algumas linhas na história do atletismo internacional, agora com a novata Izabela.

As brasileiras terão hoje nova chance de pódio, com o revezamento 4x100m, às 21h20, de Brasília. O quarteto é formado por Letícia Cherpe de Souza, Vitória Cristina Rosa, Mirna Marques da Silva e Tamiris de Liz.

No masculino, o Brasil está na final do salto triplo, com Mateus Daniel Adão de Sá. Ele se classificou com 16,15m, sua melhor marca, para a disputa decisiva deste domingo.

O Mundial de Atletismo Juvenil é a sala de apresentação da nova geração do esporte, estágio final para os competidores que estão chegando à categoria adulta e se candidatando à vaga para os Jogos Rio 2016.

História

A medalha de Izabela é a 11ª do Brasil e a terceira de ouro em todas as competições mundiais juvenis. As outras duas douradas foram ganhas por Clodoaldo Gomes da Silva, na corrida de 20 km (Lisboa 1994) e Thiago Braz, no salto com vara (Barcelona 2012).

 

 


Dilma recebe cartolas: sonegação oficial e explícita da dívida fiscal
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José Cruz

Como o Botafogo ganhou muito dinheiro e não honrou o compromisso fiscal

Depois dos jogadores, hoje à tarde a presidente Dilma receberá cartolas do futebol. Discutirão sobre o projeto de lei da gestão do futebol e a renegociação da dívida fiscal de R$ 4 bilhões.

O projeto de lei, elaborado por deputados-cartolas e apoiado pelo Ministério do Esporte, quer:

 Parcelar o débito em 300 meses (contribuinte comum tem só 60 meses);

Baixar os juros de 11% (taxa Selic) para 5% (taxa TJLP).

 Sugestão

A presidente Dilma poderá conhecer junto aos devedores como boa parte da dívida não é paga. No bom português, sonegada.

Basta indagar ao presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, por exemplo, sobre o acordo judicial que não honrou, mesmo com muito dinheiro em caixa.

Dados oficiais da Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro, revelados inicialmente no jornal Extra, pela repórter Marluci Martins, mostraram que, entre 2009 e 2013, o Botafogo faturou R$ 627.191.242,50.

Conforme sentença judicial, pagaria R$ 125.438.248,50 da dívida fiscal e trabalhista. Porém, honrou apenas R$ 30.344.015,87.

Ou seja, míseros 5% da receita! Sonegação explícita de R$ 95.094.232,63.

Herança em dia

Com isso, a diretoria do Botafogo, que herdou do ex-presidente, Bebeto de Freitas, uma dívida consolidada e negociada, com todas as certidões negativas em mãos, tornou-se inadimplente, mesmo tendo faturado muito.

É importante que a assessoria do Palácio do Planalto informe a Presidente Dilma Rousseff sobre essa realidade. As informações e valores aqui publicados estão no Processo – público – 0011.22800-71.2010-5.01.000, de 14 de junho de 2013. Da 1ª Região do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro e foram obtidos nos balanços contábeis do clube.

Finalmente

Está evidente a má vontade de muitos dirigentes em não honrar seus compromissos com o fisco, na esperança de que o governo, “bonzinho”, atenda aos apelos das “dificuldades” dos clubes.

Mas a realidade é outra. E quantos clubes agiram como o Botafogo de 2009 para cá? O Ministério do Esporte, tão presente nessa parceria com os cartolas, tem esses dados para passar a presidente Dilma?


Polícia Federal investiga denúncia de corrupção no taekwondo
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José Cruz

Depois de uma série de reportagens de Marcelo Gomes, da ESPN Brasil, denunciando suspeitas de irregularidades na Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKd), a Polícia Federal entrou em campo e fez as primeiras apreensões de documentos para prosseguir nas investigações.

São originais dos processos de licitações, no valor de R$ 3 milhões, liberados pelo Ministério do Esporte, que sabia sobre as denúncias, mas não agiu. Para a Polícia Federal, há suspeita de inidoneidade das empresas contratadas pela confederação. Nos últimos anos, a CBTKd recebeu R$ 15 milhões do Ministério do Esporte e do Comitê Olímpico Brasileiro, principalmente. Em nota oficial, a diretoria da Confederação contesta as irregularidades.

Memória

Acompanho, desde 2011, os programas produzidos sobre o tema, produzidos pelo repórter Marcelo Gomes e equipe.

Paralelamente, confirma-se a falta de fiscalização do governo no uso do dinheiro que libera. Do Ministério do Esporte, em especial, que é freguês de ficar sabendo sobre irregularidades através da imprensa, pois, além de não ter funcionários suficientes e capacitados para fiscalizar, ignora as denúncias que recebe.

Tênis

No ano passado foi confirmado o desvio de R$ 440 mil na Confederação Brasileira de tênis, que antecipei, com provas! Só então o Ministério do Esporte entrou em campo e comprovou a desordem com o dinheiro que havia liberado. O presidente da entidade, Jorge Rosa, foi obrigado a devolver a grana, corrigida. A Confederação de Tênis continua sob investigação do Ministério Público de São Paulo, sobre outras denúncias, mas em processo que está em “segredo de justiça”.

Para saber mais:

http://zh.clicrbs.com.br/rs/esportes/noticia/2014/07/policia-federal-deve-indiciar-dirigentes-do-taekwondo-por-desvio-e-fraude-de-licitacoes-4558384.html

Na ESPN Brasil

http://www.youtube.com/watch?v=_XqTn7BX7xk