Blog do José Cruz

Arquivo : abril 2015

O esporte precisa de uma Operação Lava-Jato
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José Cruz

A Polícia Federal chegou à Eletronorte e ali iniciou mais uma investigação. A suspeita é de que a estatal esconda algo parecido com o escândalo da Petrobras.  A PF chegou, também, à Caixa Econômica, onde investiga um esquema para desviar dinheiro de contratos para agência de publicidade, como ocorreu com o Mensalão.  real-ok

Há algum tempo, o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato fugiu para a Itália para não ser preso, acusado de irregularidades em contratos que assinou.

O ponto de partida dessa “era moderna” da corrupção no Brasil foi nos Correios, em 2005, onde um funcionário negociava propinas para driblar licitações. O resultado acabou no esquema que se conhece por “Mensalão.

E o esporte?

Expressivas fontes de financiamento do esporte estão nessas estatais: Correios, Caixa, Eletronorte, Petrobras e Banco do Brasil. E falta um eficiente sistema de fiscalização para acompanhar o uso do dinheiro liberado por essas empresas.

Foi de uma denúncia, neste blog  – e não de fiscalização oficial – , que o companheiro Lúcio de Castro, da ESPN, chegou ao escândalo da Confederação de Vôlei, tão grave que o próprio Banco do Brasil ameaçou suspender a parceria.

Há documentos de sobra que demonstram a fragilidade da gestão da verba pública do nosso esporte olímpico, por desperdício, inclusive, como já se demonstrou.

Por isso, uma operação lava-jato no esporte seria importante para se ter um perfil do dinheiro liberado pelas estatais e o resultado dessa aplicação bilionária, nos últimos anos. No ciclo olímpico 2008/2012 foram destinados R$ 6 bilhões de verba pública ao esporte de alto rendimento.

O Ministério do Esporte tem o mapeamento desse universo financeiro? Há segurança na aplicação do dinheiro, diante dos esquemas de corrupção que surgem nas estatais? Quem garante? Hoje ficamos sabendo que o Pan 2007 ainda tem conta de R$ 23 milhões em aberto. E quando saberemos quem enriqueceu com o escândalo do Segundo Tempo?


Dilma optou por Ana Moser na APO para evitar derrota no Senado
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José Cruz

Dois deputados do alto escalão e da base do governo, que circulam pelos gabinetes palacianos, em Brasília, contaram que a escolha de Ana Moser para a presidência da APO (Autoridade Pública Olímpica) foi uma “jogada estratégica” do governo. anamoser

Contrariada pelas derrotas no Legislativo, impostas por “insatisfeitos parlamentares”, a presidente Dilma Rousseff viu no perfil de uma ex-atleta de prestígio a forma de enfrentar com sucesso  a sabatina dos senadores, antes de Ana ser consagrada no decreto presidencial.

Esse foi o motivo de Dilma não ter indicado Edinho Silva, agora no comando da Secretaria de Comunicação do governo. Ex-tesoureiro da campanha do PT, dificilmente ele passaria pelo crivo dos senadores, no momento em que as doações de campanhas – de todos os partidos, é preciso dizer –  são questionadas quanto à legalidade de suas origens.

Com Ana Moser poderá ser diferente, avalia o governo, segundo os políticos consultados. Ela é do ramo, conhece o setor, tem prestígio junto aos atletas e bom discurso.  Mas Ana ainda não se manifestou, e no comando da APO continua com o interino, Marcelo Pedroso.

Enquanto isso…

… faltam 479 dias para a abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016. E o Comitê Olímpico Internacional acompanha o desprezo do governo brasileiro para com uma instituição por ele mesmo criada, seu representante legal nas relações esportivas e, também, para tentar evitar a corrupção ocorrida nas obras do Pan 2007. Mas o governo transformou um órgão técnico em reduto de barganha, escancarando o atraso de nossa cultura política-esportiva.


Lei de Incentivo ao Esporte, oito meses para o final. E daí?
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José Cruz

Com R$ 400 milhões/ano, a LIE (Lei de Incentivo ao Esporte) tem desempenho frágil na captação dos recursos, em torno de apenas 30%. Por isso, a importância de sua continuidade fica sob suspeita. E, a oito meses do final da vigência dessa lei, quem está discutindo sobre o assunto?

Uma rápida análise nos relatórios de sete anos de execução da LIE observa-se que o seu objetivo maior foi desvirtuado.

Porque: images

a) Não visa, prioritariamente, a formação de atletas, mas a aprovação de projetos de alto rendimento e voltados para competidores já consagrados.

 b) O grande objetivo, que seria a implantação de esporte no contraturno escolar, não é incentivado.

 c) Não há interesse de patrocinadores em projetos sem visibilidade na mídia.

 d) Poucas são as empresas que tem possibilidade de patrocinar, e, essas, temem ficar expostas ao rigor do fisco.

 Na real:

 a) Quantos atletas contemplados pela LIE  participam de seleções nacionais?

 b) Por que, oito anos depois de implantada, ainda não há incentivo para a elaboração de projetos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, enquanto as regiões mais ricas, Sul e Sudeste são as principais beneficiadas?

 c) Por que o setor de análise técnica da LIE tem servidores tão despreparados?

 d) Porque os projetos “chancelados” pelo coordenados (há algum tempo, Ricardo Cappelli e, depois, pelo Paulo Vieira) tinham prioridade de análise e aprovação, e outros, com carta de intenção e data para início dos eventos são esquecidos por até oito meses na análise?

Será que essas questões poderiam ser investigadas e debatidas pelo Conselho Nacional de Esporte, que, por sinal, ainda não foi apresentado ao ministro George Hilton?


Esportes: o novo templo na Esplanada dos Ministérios
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José Cruz

Ministro do Esporte nomeia dois filhos de políticos da Igreja Universal

Por Vinícius Segalla

Do UOL, em São Paulo

O Ministro do Esporte, George Hilton, deputado federal licenciado pelo PRB-SP, nomeou para cargos comissionados (sem concurso público) dois filhos de políticos ligados à Igreja Universal do Reino de Deus. hhhiiii

Além deles, também foram nomeados para trabalhar na pasta, pelo menos, sete políticos filiados ao PRB, partido do ministro e ligado à Universal. Das quatro secretarias que compõem o Ministério do Esporte, três foram postas por George Hilton sob o comando de políticos do PRB ligados à Igreja Universal.

A reportagem completa está aqui

Comentário do blogueiro

As nomeações funcionais do ministro George Hilton são práticas que se perpetuaram no governo federal, há décadas. O rateio dos ministérios entre os partidos serve, também, para que ali se abriguem amigos e partidários, como ocorreu com o PCdoB, nos 12 anos que esteve à frente da pasta.

O uso da máquina pública pelos “amigos” contribui para influenciar na liberação de verbas aos redutos eleitorais do partido, como se observa ao longo dos anos. para muitos, isso funciona como trampolim para a carreira política, e repercute com a eleição de bancada mais representativa e fortalecimento partidário.

Orlando Silva, ex-ministro do Esporte, e Wadson Ribeiro, ex-secretário executivo do Ministério do Esporte, que liberava verbas do Pintando a Cidadania, foram eleitos deputados federais em outubro, e são exemplos dessa prática, que é uma forma disfarçada de corrupção, pois as verbas públicas são direcionadas de forma político-partidário com interesses de ocasião.


Os primeiros 100 dias e os últimos 14 anos…
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José Cruz

Completamos 100 dias do segundo tempo do governo da presidente Dilma Rousseff. Cem dias, também, de atuação do ministro George Hilton. Curiosamente, o discurso de hoje difere na forma de dizer as mesmas coisas de 14 anos atrás. Com um alerta: até 2001, quando foi criada a Lei Agnelo Piva, o dinheiro era limitadíssimo. 

Confiram o que disseram os ex-ministros, as promessas ao longo dos anos e a realidade de agora, quando temos  a Lei de Incentivo, a Bolsa Atleta, apoio das Forças Armadas, reforço do patrocínio das estatais, convênios do Ministério do Esporte com as confederações, etc. Mas…

Melles 2001 – CARLOS MELLES

“Vamos beneficiar 36 milhões de crianças com a construção de 10 mil quadras esportivas em todo o país, voltando com a obrigatoriedade da prática saudável da educação física nas escolas. O Esporte na Escola contribuiu decisivamente para a democratização de esporte brasileiro e ao mesmo tempo criou um instrumento estratégico para o processo de transformação do Brasil em potência esportiva.”

2002 – CAIO CARVALHO Caio

“Eu fico impressionado em ver que, de certa forma, passaram-se 25 anos e nós não avançamos nada em termos de legislação. Aprendi que cabe sim ao Estado desregulamentar, deixar por conta da sociedade, do setor privado, desde que o consumidor e a sociedade não fiquem desamparados” …  “De nada adianta construir escolas ou qualquer instituição de ensino se não tivermos gente capacitada para promover o esporte saudável”.

2003 – AGNELO QUEIROZ 

Agnello“A par da grandiosidade econômica do segmento esportivo, tenho entusiasmo especial ao imaginar o esporte como fator de desenvolvimento humano, vertente prioritária da ação governamental que juntos iremos empreender. Tenho pressa, porque o ritmo da atividade assim o exige. Tenho limitações, porque elas existem nos homens apesar da nossa vontade contrária, mas tenho, acima de tudo, um desejo enorme de acertar e de contribuir para o engrandecimento do desporto nacional.”

2007 – ORLANDO SILVA  

Orlando

“O Pan no Brasil coloca o esporte na agenda nacional, estimula a atividade física cotidiana, importante para a produção de saúde, a qualidade de vida e a criação de um ambiente social mais amistoso. A juventude, referenciada em temas caros ao esporte, como a solidariedade, persistência, disciplina, entre outros, pode afirmar valores fundamentais para a formação cidadã.  Por isso, temos plena consciência da importância do Pan para o Brasil. “

 

 2013 – ALDO REBELOaldo

  “A base permanente, onde cada sociedade busca atletas para alto rendimento, é na escola. Acho que essa experiência permite uma aproximação maior entre ministérios do Esporte e da Educação, que eu creio que deva ser o destino do esporte educacional no Brasil”.

2015 – GEORGE HILTO

hilton

  “O esporte deve ser mais que uma política de governo, deve ser de Estado. Vou dar atenção especial ao esporte social, de inclusão, educacional e comunitário. Quero intensificar a parceria com o Ministério da Educação. O esporte escolar é o caminho para o desenvolvimento sustentável do esporte brasileiro”. 

 

ESPAÇO RESERVADO PARA O PRÓXIMO MINISTRO

“……………………………………………………………………………………………………………………………..”


Continuamos perdendo de goleada…
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José Cruz

O secretário de Futebol do Ministério do Esporte, Rogério Hamam (foto), está na Alemanha para intercâmbio sobre gestão. E descobriu que, lá, “o futebol é levado a sério”, como revelou o repórter Marcos Paulo Lima, no Correio Braziliense, hoje.  rogerio

Mais:

“O objetivo principal da viagem é conhecer de perto o trabalho das academias de formação de jovens atletas e a bem-sucedida estrutura do futebol feminino na Alemanha” – disse Hamam ao repórter.

A viagem para descobrir essas “preciosidades”… é no momento em que o Ministério do Esporte “está em frangalhos”, como disse um funcionário, referindo-se à falta de verbas, até para as atividades de rotina. Mas para o futebol…  Mas se confirma a determinação do governo de continuar intrometido num assunto exclusivo da iniciativa privada.

E ao final da viagem? Hamam dirá aos cartolas do Flamengo, do Cruzeiro, do Inter, ao senhor Eurico Miranda, por exemplo, que sigam a escola alemã de administração do futebol?

Tudo aqui

Se Hamam fosse à Fundação Getúlio Vargas conversar com os especialistas sobre futebol e conhecer os estudos sobre a nossa realidade, teria um aprendizado maior. Depois, era ir à Escola de Educação Física do Exército, onde treinaram as seleções de 1958, 1962, 1970.

Ou uma visita ao Minas Tênis Clube, ao Pinheiros, em São Paulo, ou Sogipa em Porto Alegre, para ver que temos centenas de clubes Brasil afora para acolher atletas em todas as modalidades. Temos 1.500 escolas de educação física e outro tanto de Administração & Marketing. Mas o governo não se rende ao intercâmbio acadêmico, e permanece na burocracia que domina a Esplanada dos Ministérios.

Não nos falta nada para sermos potência esportiva com gestão de luxo. O que falta é o governo sair de onde não deveria ter entrado e definir o que compete ao Estado brasileiro em termos de esporte, para promover a integração entre União, Estados e Municípios, aproveitando melhor as verbas públicas que saem pelo ladrão.

Será que, na linha do futebol, o ministro George Hilton mandará um “especialista” para Cuba ou Jamaica, conhecer a eficiente relação entre educação e esporte naquelas “potências”?


O primeiro desafio da Comissão Nacional de Atletas
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José Cruz

O Ministério do Esporte informa que a posse do velejador Lars Grael na presidência do Comissão Nacional dos Atletas será em 29 de abril. Está nos atletas a última esperança para mostrar um rumo ao setor, em nível de governo, principalmente para depois dos Jogos Rio 2016. Já do Conselho Nacional do Esporte não podemos esperar contribuição expressiva. Como nas gestões anteriores, o colegiado é obediente às decisões ministeriais.  E sob o comando do ministro George Hilton ainda nem se reuniu. Lars e George

Realidade

Conversando com gente de três escalões do Ministério do Esporte, ouvi manifestações do tipo: “O ministério está em frangalhos”;  “Funcionários que entram saem pouco depois por falta de trabalho ou de perspectivas”;  “O Ministério está sem comando, sem filosofia de continuidade, sem entrosamento entre os setores, sem diálogo entre os funcionários, sem intercâmbio entre os programas”.

Mais: está com o orçamento contingenciado, isto é, nada de gastos, o mal maior da Esplanada dos Ministérios a cada início de governo. A questão é que estamos a menos de 500 dias dos Jogos Rio 2016.

Essa “desordem institucional” é “natural” em todas as pastas, provocada pela chegada de políticos sem compromisso maior com os setores, acompanhados de seus assessores de ocasião.

Esse é o panorama da Pasta que reativará a Comissão de Atletas, que são idealistas, antes de tudo, conhecem os bastidores da disputa, as dificuldades para se tornar profissional, a burocracia dos órgãos de governo. A expectativa é se o Ministério terá quadros à altura para executar as propostas que desse grupo sairá.

Preliminarmente….

Diante do quadro institucional e financeiro do esporte, qualquer sugestão de mudança precisa, antes, de respostas fundamentais, como algumas que neste espaço já foram apresentadas:

O que quer o governo federal com o esporte em todos os seus níveis?

Compete ao Estado financiar o alto rendimento, o esporte profissional?

Por que não dar prioridade ao desporto escolar, no discurso oficial há mais de vinte anos?

Qual a competência e limites de atuação dos demais entes esportivos, inclusive em nível de Executivo, nos estados e municípios?

Enquanto isso…

Está atrasada oito meses a entrega da pesquisa nacional para “consolidar uma política de Estado para o esporte”.

O trabalho, ao custo de R$ 3,9 milhões, sob a coordenação da Universidade Federal da Bahia, deveria ter apresentado a primeira versão em agosto.

O perfil da realidade nacional abrange “infraestrutura do esporte”, “legislação, financiamentos públicos”, “recursos humanos” e “contribuições científicas disponíveis”.

Ainda sem data para divulgar.


Bebeto de Freitas: “O Brasil trabalha com a elite”
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José Cruz

Por André Baibich – Zero Hora

Mas a repercussão de uma Olimpíada aqui não pode ajudar na massificação?  

Acho que vai gerar interesse. Mas você não faz uma Olimpíada, gastando o que está gastando, para despertar interesse. O ponto é técnico. A massa esportiva brasileira não tem condições de ser revelada. O Brasil trabalha com a elite. Os melhores são escolhidos, mas os melhores não praticam um esporte de alto nível. Não temos esporte de alto nível no Brasil, salvo alguns. Esses recursos teriam que entrar para a massificação desses esportes. Em cinco, seis, 10 anos, você teria uma geração de novos esportistas. Jogamos fora essa possibilidade em um país jovem e com carências de trabalho. A indústria esportiva é a única que cresceu nos momentos de crise mundial. Desde 1980, ela sempre cresce. Nós estamos gastando para fazer uma cobertura maravilhosa e ter uma garagem que é um lixo. O esporte no Brasil é uma casca de ovo. Um ovo lindo, branco, só que dentro ele está podre. 

Sugestão de leitura

bebeto

Mais uma ótima entrevista de Bebeto de Freitas, o treinador da equipe de vôlei masculina, vice-campeã  olímpica, 1984, conhecida por “geração de prata”, e campeão mundial comandando a Itália, em 1998.

Atleta, técnico e, depois, gestor do esporte, Bebeto é lembrado, lamentavelmente, nos momentos de crise, porque a imprensa mostra, hoje, o que ele já anunciava há dez anos ou mais. 

A entrevista completa de Bebeto de Freitas ao repórter André Baibich, de Zero Hora, está aqui


Governo tenta salvar rumo olímpico com apoio de atletas famosos
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José Cruz

Ao convidar a ex-atleta Ana Moser para presidir a APO (Autoridade Pública Olímpica), a presidente Dilma Rousseff sinaliza que não tem quadros para comandar o esporte em nível de governo, e se socorre em atletas famosos paraana tentar recuperar a credibilidade do setor.

Antes, Dilma tentou dar perfil político à APO,com o ex-ministro das Cidades, Márcio Fortes. Durou dois anos. Depois, com um técnico e especialista em grandes estratégias, como a Olimpíada, o general Fernando. Durou dois anos e saiu fritado pelo Palácio do Planalto, que queria o cargo para colocar um leigo do PT. Mas isso poderia agravar a crise do Palácio do Planalto com o Congresso Nacional, porque o partido está sem credibilidade e com gente de seu quadro sob investigação no esquema da Petrobras.

A saída foi buscar um atleta vinculada ao esporte. Ana Moser, premiada atleta do vôlei de quadra, integra o Conselho Nacional do Esporte – que ainda não se reuniu este ano – e tem projetos sociais aprovados pela Lei de Incentivo ao Esporte. Mais intimidade com o governo é impossível.

Com isso, Dilma sinaliza que, a menos de 500 dias dos Jogos Olímpicos, precisa melhorar a imagem de seu governo, também na comunidade esportiva internacional. Caberá a Ana Moser concluir um projeto que começou em 2011 e já passou pelas mãos de dois gestores, mas que tem o comando financeiro centralizado na mesa do ministro Aloízio Mercadante, na sala ao lado da presidente Dilma.

Estratégia

Essa nova e emergencial postura será reforçada amanhã, quando o velejador Lars Grael assumirá a presidência do Conselho Nacional dos Atletas, desativado há dez anos.

Lars

A estratégia do ministro do Esporte é esperta e de ocasião. Depois de preencher os principais cargos do ministério com leigos no esporte, mas ligados ao seu partido (PRB) e, por extensão, à Igreja do bispo Edir Macedo, George Hilton se socorre de nomes de prestígio para se aconselhar, e poder ter o que dizer três meses depois de ter assumido o cargo. Com isso, ele também divide responsabilidades no caso de algo não sair como o planejado.

Com Lars, deverão ter lugar no Conselho atletas de expressão, com liderança em suas modalidades, com experiência capaz de dar novo rumo ao setor. Serão conselheiros de luxo de um ministro inexperiente, numa pasta que, da forma como atua, não faz falta alguma à estrutura do nosso esporte.

Para saber mais:

http://olimpiadas.uol.com.br/noticias/2015/04/06/ana-moser-e-convidada-para-presidir-autoridade-publica-olimpica.htm


Presidente Dilma desmoraliza o comando público do projeto olímpico
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José Cruz

Se Dilma Rousseff não consegue nomear um ministro para o Supremo Tribunal Federal, capenga há oito meses de seu plenário total, depois da aposentadoria de Joaquim Barbosa, como podem os idealistas do esporte pedir eficiência para a Autoridade Pública Olímpica, que está há “apenas” dois meses sem o seu titular?

Desde fevereiro, a presidência burocrática da APO (Autoridade Pública Olímpica) está nas mãos do interino Marcelo Pedroso. Apesar do perfil técnico e seriedade que deu à autarquia, o general Fernando Azevedo e Silva, fritado pelo Palácio do Planalto, foi embora.

Esse desprezo na nomeação do titular ocorre a menos de 500 dias da abertura dos Jogos Rio 2016, e reforça o eterno desinteresse dos governos pelo setor esportivo, com evidente atraso para o país sob o enfoque de política de Estado.

Depois de envergonhar a comunidade esportiva, com a indicação de um ministro de inexpressivo conhecimento para o cargo – como se não tivéssemos mais ninguém capaz -, Dilma desmoraliza a APO, criada pelo próprio governo federal para dar rumos ao complexo projeto dos Jogos. Mercadantee E concentrou as decisões da autarquia na mesa de seu ministro mais próximo, Aloizio Mercadante (foto),  o capitão da equipe financeira olímpica.

Com essa inversão presidencial nos valores da instituição, se fortalece a proposta do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que já se declarou favorável à extinção da APO. Sem comando e autoridade nas relações intergovernamentais, as fraudes podem ocorrer com facilidade, através da contratação de serviços sem licitação, por exemplo, como em 2007.

Independentemente da escolha,  Dilma torna menor e inexpressiva a indicação do terceiro presidente da autarquia, para espanto dos parceiros internacionais, nessa gigantesca operação que receberá atletas de 206 países.