Blog do José Cruz

Arquivo : maio 2015

Seleção Brasileira tem gestão criminosa
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José Cruz

A reportagem de Jamil Chade sobre o “leilão” da Seleção Brasileira, em negócios da CBF, realizados em paraísos fiscais, longe do controle da Receita Federal, poderá mudar os rumos da discussão sobre a dívida dos clubes, no Congresso Nacional.RTeixeira

O contrato que entregou à Internacional Sports Events a operação dos jogos da Seleção foi firmado nas Ilhas Cayman, a partir de 2006 (renovável até 2016), quando tinha Ricardo Teixeira ainda no comando da CBF. Os documentos apresentados na reportagem mostram que foram pagos 1,05 milhão de dólares a cada amistoso da Seleção.

Patrimônio 

Essa revelação ressuscita a tese sobre a representatividade da Seleção Brasileira, que se apresenta em nome da Nação, desfila com a Bandeira Nacional e prática o principal patrimônio esportivo do país. No entanto, a renda dessas exibições não contribui para o fortalecimento do futebol, internamente. “Clubes e federações estão quebrados”, dizem os cartolas.

Mas a reportagem desmonta o debate que se realiza no no Congresso Nacional, em torno da Medida Provisória nº 671. O vantajoso parcelamento da dívida fiscal sustenta-se no argumento da fragilidade financeira dos clubes e das federações. Amarelinha

Mas, como entender que, enquanto clubes choram pela clemência do governo, a CBF use o nosso principal produto, a Seleção Brasileira, para negócios com empresas de fachada em paraísos fiscais?

Enfim, essa matéria de Jamil Chade é mais uma valiosa peça para confirmar que o futebol nacional, produto de emoções, esconde negócios altamente suspeitos, favorecendo o enriquecimento ilícito, a evasão de divisas e a sonegação fiscal. Futebol com gestão criminosa.


Corrupção no esporte: quando teremos a operação “Os senhores dos anéis?”
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José Cruz

O Ministério Público no Paraná denunciou à Justiça Federal os primeiros quatro políticos identificados na Operação Lava-Jato, pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e peculato.

os-senhores-dos-aneis-vyv-simson-e-andrew-jennings-14819-MLB20090647457_052014-F  E no esporte, sustentado por verbas públicas, da Petrobras, inclusive, quando será deflagrada a operação “Os senhores dos anéis”? – sugestão de uma devassa, em homenagem ao jornalista Andrew Jennings, pioneiro nas denúncias de maracutais olímpicas internacionais. Sobram denúncias, com provas, de que há espertos agindo, inclusive alguns disfarçados de “executores de projetos”.

Investigações preliminares no Rio e em São Paulo mostram indícios de que não são ações isoladas, mas envolvendo empresas fantasmas para fraudar licitações. Há indícios de interligações com outras empresas de fachada e troca de influência entre parentes, que abastecem o esquema.

Os dirigentes, responsáveis pelas verbas que recebem do Ministério do Esporte ou do COB (Comitê Olímpico do Brasil), não sabem disso? O COB, sabe-se, tem controle e acesso aos gastos de toda verba da Lei Piva que libera para as confederações. E o Ministério do Esporte analisa as prestações de contas dos beneficiados por convênios.

Suspeitas

As suspeitas de fraudes com verbas públicas aumentaram com as recentes denúncias de atletas contra a CBE (Confederação Brasileira de Esgrima), que pagou R$ 98 mil à empresa SB Promoções, para executar apenas 20% de um projeto, não concluído.

ary  A  SB – de Sérgio Borges, seu diretor –, com sede no Rio, tem contratos com outras entidades, como as confederações de Taekwondo, Tiro com Arco, Tiro Esportivo e os clubes Sogipa e Grêmio Náutico União, de Porto Alegre. Essa empresa também realizou os eventos da Confederação Brasileira de Vôlei – recentemente sacudida por escândalo financeiro – até 2008, ainda na presidência de Ary Graça (foto). Mas, estranhamente, a página da SB não está mais disponível na Internet.

Há outros casos com indicativos de ilegalidades com verbas públicas nas confederações de Tênis, de Basquete, de Vôlei, de Ciclismo e de Taekwondo, todos já divulgados neste espaço. Os valores são expressivos, inclusive com importação de materiais esportivos com trâmites suspeitos de ilegalidade

Operação

Por isso, uma operação do Ministério Público e da Polícia Federal, com cruzamentos de licitações e prestações de contas das confederações, com os dados das empresas executoras dos projetos, fornecedores e importadores poderia traçar o roteiro da verba pública para o esporte, e quanto da grana está ficando pelo caminho da ilegalidade.  Sem esquecer de uma eficiente varredura nas verbas públicas das estatais patrocinadoras, na Lei de Incentivo – foco de grandes enredos… – e até a Bolsa Atleta, assunto para outro artigo.

Essa investigação teria mais sucesso se os dados fossem confrontados com as prestações de contas das confederações, junto ao COB, no Ministério do Esporte e auditorias do Tribunal de Contas da União em confederações beneficiadas, onde há provas de sobra de como as emoções do esporte olímpico escondem a corrupção com o dinheiro público.


Quem ampara o atleta olímpico?
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José Cruz

A crise institucional e financeira do futebol, evidenciada pelos debates da MP 671 (dívida fiscal dos clubes), estende-se pelas demais modalidades esportivas.  dimdim

Mas há uma outras “crises”, não tão escancaradas, por enquanto, como o resultado da falta de fiscalização do dinheiro que o Ministério do Esporte entrega às confederações, para projetos emergenciais ou não. Há desperdícios reais!

Outra “crise silenciosa”, que deixou milhares ao abandono, surgiu com a extinção de programas de longo prazo. Lembram do “Segundo Tempo”? Da “Rede Cenesp”? do “Pintando a Liberdade”? do “Pintando a Cidadania”? Todos ficaram pelo caminho, mas a grana pública abasteceu o bolso de muita gente. Isso está provado em processos do Tribunal de Contas da União.

Legislação

Mesmo sendo sede olímpica, o país ainda não tem uma estrutura jurídico-desportivo confiável. A que existe gerou a Lei Pelé, entulhada por cinco grandes emendas – e vem mais uma aí –, misturando futebol com as demais modalidades.

Por exemplo: a lei diz que é “profissional” o atleta que tem vínculo empregatício com um clube. Mais adiante, a mesma lei determina que os artigos sobre “atleta profissional” são exclusivos para o futebol. Mas se nem o futebol consegue ter boas relações de trabalho com os jogadores, o que dizer das demais modalidades?

Fato real

O caso de Laís de Souza, acidentada em 2014,  é exemplo. Impossibilitada de voltar a competir, quem foi parceiro da atleta naquele momento? o clube? A federação? a confederação? O Comitê Olímpico do Brasil? Laís precisou de uma medida extrema da presidente Dilma Rousseff para socorrê-la e lhe garantir “pensão vitalícia”, porque não há previsão na lei sobre situações graves como a de Laís.

Afinal, como é a relação das entidades do esporte com seus atletas? Que garantias têm os competidores para integrar uma delegação nacional, e de quem é a responsabilidade em caso de um acidente?

Essa realidade nos coloca no amadorismo da gestão do esporte, em várias frentes, principalmente numa das mais importantes,  que trata da relação do principal patrimônio, o atleta, com o seu clube.


Na Baía Olímpica, golfinhos nadam no lixo
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José Cruz

A foto de Custódio Coimbra, de um golfinho enredado no lixo da Baía de Guanabara,  ilustra a reportagem de Joana Dale, ontem, em O Globo.

É nesse ambiente, de um dos mais lindos cartões postais do mundo, que receberemos velejadores para os Jogos Rio 2016.

A reportagem está aqui

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Sonegação fiscal dos cartolas tem declarações oficiais. Gravadas!
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José Cruz

“Tem dirigente que roubou e continua roubando!”

Deputado Andres Sanchez (PT/SP)

O senador Zezé Perrella (PDT-MG), ex-presidente do Cruzeiro, confirmou o que já se sabia. Faltava a declaração oficial, agora gravada, para escancarar o trambique dos cartolas.  Perrella

Na quinta-feira, no Senado, em audiência pública na Comissão Mista que discute sobre a MP 671 – dívida dos clubes – Perrella afirmou:

“A maioria dos clubes coloca 90% do salário dos jogadores no contrato de direito de imagem, e apenas 10% na Carteira Profissional”.

– E por que fazem isso? – indagou um parlamentar

Efetivamente, para pagar menos imposto”, disse o senador (foto), sem vergonha ou temor de escancarar o trambique que dribla o fisco. Manifestação pública de um senador é confissão de sonegação?

Repeteco
Miranda  Surpreende, mas a manifestação de Perrella não é inédita. No ano passado, o agora presidente do Vasco, Eurico Miranda (foto), também declarou sobre o calote de mais de três décadas, num debate na Comissão de Esporte da Câmara. Assim:

“Vamos deixar de ser hipócritas! Todos sabem como se formou essa dívida (fiscal dos clubes). Os dirigentes descontavam dos salários dos jogadores (parcelas do INSS e Imposto de Renda) e não repassavam ao governo. Alguém ficou com o dinheiro!”

A festa continua

Desde março, o ex-presidente do Corinthians, deputado Andres Sanchez (PT/SP), declara nas reuniões sobre a MP 671, manifestações sobre o tema, que estão gravadas em áudio e vídeo:

“Tem dirigente que roubou e continua roubando!”

E qual a reação a essas declarações de roubo explícito, feitas muitas vezes na presença de autoridades do Governo? Nenhuma! Até porque, o Congresso está infiltrado de parlamentares representantes da Bancada da Bola.

E é nessa realidade do “faz de conta” que as excelências preparam alternativas à MP 671, sobre o pagamento do calote de R$ 4 bilhões.


MP da dívida fiscal terá mais quatro audiências públicas
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José Cruz

agendaA terceira e quarta audiências públicas, de um total de seis, darão andamento, terça e quarta-feiras, aos debates da Comissão Mista que analisa a Medida Provisória 671, sobre a dívida fiscal dos clubes de futebol.

No Senado, consultores legislativos acreditam que a MP não será votada até 17 de julho, quando perderá a validade.

Já o relator da matéria, deputado Otávio Leite (PSDB/RJ), aposta na votação. Não do texto original, enviado pela presidente Dilma Rousseff, mas de nova proposta que ele elabora. “O texto básico é o relatório aprovado na Comissão Especial, no final do ano passado, com a inclusão de várias emendas dos parlamentares”, resumiu.

A votação da proposta do relator será separadamente, na Câmara e no Senado. E ficará para a presidente Dilma o ônus de vetar integral ou parcialmente o que vier a ser aprovado.

A agenda das audiências públicas, no plenário nove das comissões temáticas do Senado Federal,  é a seguinte: 

Amanhã, às 14 horas

– Representante(s) de clubes da Série “A”

– Representante(s) de clubes da Série “D”

13/05/2015, às 14 horas

– Representante(s) de clubes da Série “B”

Representante(s) de clubes da Série “C”

– Representante dos clubes de acesso

– Representante do Futebol Feminino

19/05/2015, às 14 horas

– Guilherme Augusto Caputo Bastos – Ministro do TST

– Miguel Reale Júnior

– Representante de Loterias da Caixa

20/05/2015, às 14 horas

– Representante da CBF

– Representante do Ministério da Fazenda.


Gestão do Esporte: muito mais que uma luz no fim do túnel
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José Cruz

Por Luiz Carlos Pessoa Nery

A grande notícia da semana para o esporte brasileiro foi a contratação de Rogerio Aoki Romero (foto) para assumir a Gestão de Esportes do Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte. Especialista nos 200m costas, Romero é o único nadador brasileiro que participou de cinco edições dos Jogos Olímpicos, entre 1988, em Seul, e 2004, em Atenas. Foi finalista em quatro delas.   rogerio_romero_fgv

Muito mais do que a ampla experiência no esporte de alto rendimento, bem como sua formação profissional, o Minas aponta, com Rogério, o caminho da excelência esportiva (ainda mais…), não só por ser, juntamente com o Esporte Clube Pinheiros​, o clube que mais cede atletas olímpicos ao Time Brasil, mas por reforçar o campo da Gestão do Esporte com um profissional capacitado para este desafio gerencial.

Formado em Gestão Empresarial, Rogério Romero leva ao clube a sua vivência acadêmica aliada à pratica de gestor público, adquirida como secretário-adjunto de Esporte e da Juventude do Estado de Minas Gerais.

Essa iniciativa do clube mineiro é numa clara demonstração de visão do futuro esportivo no Brasil, e consciência da possibilidade de ampliação da cadeia de negócios, que tende a seguir, crescendo com seus parceiros. Para isso, leva em consideração todas as modalidades ativas que desenvolve, bem como no esporte de base, garantindo a renovação esportiva para os próximos anos.

O Brasil é um dos países com o maior número de instituições clubísticas do mundo. Nosso esporte olímpico tem na sua base a maioria dos atletas originários destas entidades. Infelizmente, estas instituições sofrem com a crise financeira motivada pelo péssimo modelo administrativo adotado atualmente.

Que este empreendimento realizado pelo clube mineiro sirva de reflexão e exemplo, podendo-se projetar o potencial de empregabilidade direta e indireta, quando visualizamos as ciências do esporte que compõem a gestão, fazendo uma transferência e contabilizando-se todos os clubes do país.

Ídolo da natação, gestor por excelência e larga cumplicidade ao clube, Romero é o nome certo para a condução deste cargo. Ganha o Minas, ganha o esporte mineiro e acima de tudo, o esporte brasileiro.

Luiz Carlos Pessoa Nery é doutorando em Gestão do Esporte pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ


“Novos tempos” na CBF começam com críticas à liberdade de imprensa
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José Cruz

O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, esteve no debate sobre a desordem no futebol, promovido pela Comissão de Esporte da Câmara federal, na quinta-feira.

Visão olímpica

Em 2011, Feldman foi secretário de “Articulação de Grandes Eventos”, do então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.  694_feldmanlondres

Nessa condição, Walter Feldman foi morar em Londres, com salários pagos pela Prefeitura paulista. Ele levantava informações sobre a preparação da cidade aos Jogos Olímpicos de 2012! As observações eram repassadas a Kassab, para subsidiar o prefeito sobre como preparar Sâo Paulo frente aos Jogos…. Rio 2016! Observador olímpico de São Paulo, distante 500 km da sede dos Jogos 2016? O deboche, sem precedentes, foi escancarado!

Esse ex-deputado tucano – agora filiado ao PSB – é o novo secretário geral da CBF e interlocutor junto a deputados e senadores, no diálogo sobre a MP 671, principalmente.

No debate da Comissão de Esporte da Câmara, na quinta-feira, com alvo centrado no companheiro Juca Kfouri, Walter Feldman criticou a liberdade de imprensa. Mas… anunciou “novos tempos” na CBF num modelo de “transformações” e “democrático”. Os “novos tempos” na CBF começam com críticas à liberdade de imprensa…                   Foto de André Penteado/Época

 Enquanto isso…

A semana foi riquíssima em debates sobre o futebol, na Câmara e no Senado. Ali estiveram cartolas, jogadores, árbitros, advogados, jornalistas, todos opinando sobre a crise nos clubes e desmandos na gestão, em geral. O problema não é apenas o calote fiscal (R$ 4 bilhões). Mas, social, também, agravado pela gestão precária dos cartolas ao longo dos anos.

Por exemplo:

Com o final dos campeonatos regionais, 20 mil atletas ficaram desempregados, afirmou o jornalista Paulo Calçade, da ESPN. Essa falta de atividades em cerca de 600 clubes, faz com que o governo deixe de acrescentar R$ 600 milhões anuais ao PIB nacional, segundo Pedro Trengrouse, professor de Direito Desportivo da FGV.

PreciosidadeCV

Manifestação do senador Zezé Perrella, ex cartola do Cruzeiro na Comissão Mista que debate sobre a MP 671:

“Um jogador como Romário, se estivesse jogando hoje, estaria ganhando R$ 300 mil. Por jogo! Um árbitro ganha R$ 3.500,00…”

 

Crédito: foto de André Penteado/Época


Análise dos balanços mostra o Flamengo na liderança da gestão financeira
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José Cruz

Confira os detalhes dos balanços financeiros de 2014 dos vinte principais clubes do país

Das várias análises, a partir dos balanços financeiros de 2014 dos 20 principais clubes, uma delas mostra que o Flamengo voltou a fazer valer a força de sua marca famosa. O rubro-negro carioca está na liderança de arrecadações de “patrocínios e publicidade”, “bilheterias”, “direitos de TV” e “clube social e esporte amador”.

Os valores apurados, somados a outros, garantiram ao clube um superávit financeiro de R$ 64,3 milhões, em 2014. Devido à recuperação do Flamengo,a partir dos graves problemas herdados pela gestão anterior, Amir Somoggi tem o rubro-negro carioca como “referência” na gestão financeira.

As informações constam da análise realizada pelo consultor em marketing, Amir Somoggi. Ele constatou, também, que o bicampeão Cruzeiro fechou o último exercício no vermelho, passivo de R$ 252,9 milhões. DIVIDA~1

Custos do futebol

Em 2014, os custos com futebol dos clubes analisados atingiram R$ 2,41 bilhões. Isso significa um crescimento de 0,5% em relação a 2013 (R$ 2,40 bilhões). Em 2012 o futebol consumiu R$ 1,93 bilhão. E, desde 2003, os custos com futebol subiram 487%, enquanto as receitas cresceram bem menos, 377%.

Pega na mentira

Nos últimos anos, os cartolas declararam que, sem o refinanciamento da dívida fiscal – em discussão no Congresso Nacional – os clubes iriam à falência. No entanto, o estudo de Somoggi demonstra que na última década os custos com o futebol subiram 487%.

Enquanto isso…

As receitas aumentaram 377%, no mesmo período. A diferença mostra fragilidade no planejamento e gestão. Gastaram mais do que arrecadaram. Resultado: prejuízo.

Com a agravante de que a “famosa” dívida fiscal desses vinte clubes somaram R$ 2,1 bilhões, aumento de 6% sobre o ano anterior. Atualmente essa dívida representa 34% dos débitos dos clubes.

A análise completa dos balanços contábeis dos clubes pode ser lida neste link 


MP do futebol e o buraco nas finanças dos clubes: dívida de R$ 6,6 bilhões
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José Cruz

Se há uma coisa bem organizada no Brasil, é o futebol. A MP  enviada pela presidente Dilma foi para ajudar os clubes. … É preciso discutir. Para mim, ninguém tá certo nem errado”

(senador Omar Azis (PSD/AM), presidente de honra do Nacional do Amazonas).

Na audiência pública sobre a dívida fiscal dos clubes, o consultor de esportes, Amir Somoggi, mostrou  que o ano de 2014 foi o pior da história financeira do futebol, quando os clubes da Série A acumularam um déficit de R$ 598 milhões. Já o endividamento total somou R$ 6,6 bilhões. As principais dívidas são trabalhistas, bancárias, fiscais e com fornecedores.

Pior!

“As receitas desses vinte clubes não crescem há três anos, mas as dívidas evoluem”, disse Amir “Há uma dependência quase extrema das cotas de televisão, pois os patrocinadores não colocam mais recursos. Falta criatividade no marketing do futebol e os estádios continuam vazios”.

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E alertou:

“Daqui a alguns anos vamos estar falando em déficit de bilhões”! Amir Somoggi analisou os balanços de 2014 dos vinte principais clubes.

“As entidades do futebol insistem em um modelo de gestão sem racionalidade, insustentável e que caminha de lado. Mesmo que se resolva a questão fiscal, não se resolverá a gestão. Temos que forçar os clubes a reequalizar suas finanças. Se não repensarmos o modelo de administração do futebol brasileiro, ainda veremos clubes tradicionais fechando as portas”.

Modelo antigo

O advogado Pedro Trengrouse, da Fundação Getúlio Vargas, criticou a estrutura do nosso fuebol (clubes, federações, CBF). “Esse modelo foi criado na ditadura do Estado Novo, quando se determinou que seria uma única entidade a gerir o esporte.” Para ele, não adianta resolver o problema da dívida fiscal, porque o momento é de fragilidade dos clubes. “Essa discussão não pode ficar apenas na questão da dívida fiscal”, alertou.

O jornalista Walter de Mattos também acredita que a solução da dívida fiscal, previstas na MP 671, não é decisiva para solucionar os problemas gerais das finanças do futebol, amparados por sistema frágil e receita estagnada. Isso se deve, segundo Walter, a três questões preliminares: as federações e a CBF não se ocupam da melhoria do futebol; incapacidade para os clubes manterem bons jogadores no Brasil; e a baixa qualidade técnica dos jogos.

Por fora

Na audiência, realizada no Senado, terça-feira, ficou evidente que a maioria dos deputados e senadores da Comissão Mista não estão atualizados sobre o tema. Tivemos preciosidades assim?

“Se há uma coisa bem organizada no Brasil, é o futebol. A MP enviada pela presidente Dilma foi para ajudar os clubes. … É preciso discutir. Para mim, ninguém tá certo nem errado”, resumo do discurso do senador Omar Azis (PSD/AM), presidente de honra do Nacional do Amazonas.

Ou…

“Se o governo não ajudar agora, vai acabar! É só isso que se precisa, que o governo ajude o futebol! …” (Deputado Danrlei de Deus – PSD/RS).

Vai fechar

A reunião terminou com três parlamentares debatendo (foto). No plenário, apenas Andres Sanchez (PT/SP) ficou até o final, fora a presença protocolar do presidente da Comissão, Sérgio Petecão (PSD/AC)  e do relator, Otávio Leite (PSDB/RJ), e ausências importantes, como a do senador Romário (PSB/RJ).

Memória da CPI

A Medida Provisória é uma conquista do futebol…  Sou comunista, mas defendo um choque de capitalismo no futebol… Como enfrentar a desigualdade do futebol diante da realidade das desigualdades regionais”? (Deputado Orlando Silva (PCdoB/SP)

Sabe nada

Temos um futebol de mentira num país de hipócritas. A estrutura é desleal. Essa Medida Provisória é uma vergonha. O Mercadante é do meu partido (PT), mas ele não conhece nada disso … Sou da base do governo, mas está claro que o governo não quer ajudar… O maior problema dos clubes é a dívida trabalhista ... (Andres Sanchez – PT/SP)

Burrice

Deputado Deley (PTB/RJ):  “Estão me cutucando para ser presidente do Fluminense”

Deputado Andres Sanchez: “Não seja burro!

No próximo artigo: as contas dos clubes, segundo Amir Somoggi