CPI do Futebol: e agora, vai?
José Cruz
Que as conhecidas estratégias da CBF não contaminem a CPI do Futebol, porque as falcatruas continuaram e precisamos saber: afinal, porque os quatro últimos presidentes da CBF não têm perfil de gestor, mas ficha corrida?
Estamos 14 anos atrasados, mas, enfim, começa hoje a CPI do Futebol, no Senado, iniciativa do senador Romário, que preside a Comissão de Inquérito, e relatoria de Romero Jucá (foto). Os companheiros Juca Kfouri e Jamil Chade me acompanham na primeira reunião, hoje, a partir das 10h.
Há 14 anos tivemos as primeiras CPIs do Futebol, no Senado, e da CBF Nike, na Câmara. Os relatórios finais revelaram muito sobre as falcatruas no esporte, desvio de verbas, enriquecimento ilícito, evasões de divisas, sonegação fiscal e por aí vai.
Mas não houve qualquer reação dos órgãos de governo, principalmente porque a CBF tornou-se íntima de parlamentares e gestores de cargos importantes. Por isso patinamos, ficamos no atraso e as mazelas do nosso futebol acabaram sendo reveladas lá fora, graças, antes de tudo, à persistência de um repórter investigativo que orgulha, o irlandês Andrew Jennings. Suas denúncias foram parar na BBC, alertaram autoridades de outros países, e o futebol mundial passa hoje por investigação de seus bastidores sem igual na história.
Que as conhecidas estratégias da CBF não contamine a CPI de agora, porque as falcatruas continuaram e precisa-se saber, afinal, porque os quatro últimos presidentes da CBF não têm perfil de gestor, mas ficha corrida?
O penúltimo, José Maria Marin, acusado de corrupção, está preso na Suíça há dois meses. O atual, Marco Polo del Nero, não pode sair da rota “casa-trabalho-casa”, sob pena de ser preso. Nem na frente do aeroporto ele passa… Também é acusado de corrupção.
Os dois presidentes anteriores da CBF, Ricardo Teixeira e João Havelange, são do ramo. Havelange renunciou ao cargo de “presidente de honra” da Fifa para não ser processado. Teixeira, renunciou à presidência da CBF um ano antes da Copa, pelo mesmo motivo.
A investigação da CPI precisa chegar no mínimo até Ricardo Teixeira, mas com quebras de sigilos bancário e fiscal para sabermos se esses senhores usaram a principal marca do nosso futebol, a Seleção Brasileira, para ganharem muito dinheiro em negócios suspeitos.
Conseguirá?