Seleção Brasileira tem gestão criminosa
José Cruz
A reportagem de Jamil Chade sobre o “leilão” da Seleção Brasileira, em negócios da CBF, realizados em paraísos fiscais, longe do controle da Receita Federal, poderá mudar os rumos da discussão sobre a dívida dos clubes, no Congresso Nacional.
O contrato que entregou à Internacional Sports Events a operação dos jogos da Seleção foi firmado nas Ilhas Cayman, a partir de 2006 (renovável até 2016), quando tinha Ricardo Teixeira ainda no comando da CBF. Os documentos apresentados na reportagem mostram que foram pagos 1,05 milhão de dólares a cada amistoso da Seleção.
Patrimônio
Essa revelação ressuscita a tese sobre a representatividade da Seleção Brasileira, que se apresenta em nome da Nação, desfila com a Bandeira Nacional e prática o principal patrimônio esportivo do país. No entanto, a renda dessas exibições não contribui para o fortalecimento do futebol, internamente. ''Clubes e federações estão quebrados'', dizem os cartolas.
Mas a reportagem desmonta o debate que se realiza no no Congresso Nacional, em torno da Medida Provisória nº 671. O vantajoso parcelamento da dívida fiscal sustenta-se no argumento da fragilidade financeira dos clubes e das federações.
Mas, como entender que, enquanto clubes choram pela clemência do governo, a CBF use o nosso principal produto, a Seleção Brasileira, para negócios com empresas de fachada em paraísos fiscais?
Enfim, essa matéria de Jamil Chade é mais uma valiosa peça para confirmar que o futebol nacional, produto de emoções, esconde negócios altamente suspeitos, favorecendo o enriquecimento ilícito, a evasão de divisas e a sonegação fiscal. Futebol com gestão criminosa.