Blog do José Cruz

Arquivo : abril 2015

Continuamos perdendo de goleada…
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José Cruz

O secretário de Futebol do Ministério do Esporte, Rogério Hamam (foto), está na Alemanha para intercâmbio sobre gestão. E descobriu que, lá, “o futebol é levado a sério”, como revelou o repórter Marcos Paulo Lima, no Correio Braziliense, hoje.  rogerio

Mais:

“O objetivo principal da viagem é conhecer de perto o trabalho das academias de formação de jovens atletas e a bem-sucedida estrutura do futebol feminino na Alemanha” – disse Hamam ao repórter.

A viagem para descobrir essas “preciosidades”… é no momento em que o Ministério do Esporte “está em frangalhos”, como disse um funcionário, referindo-se à falta de verbas, até para as atividades de rotina. Mas para o futebol…  Mas se confirma a determinação do governo de continuar intrometido num assunto exclusivo da iniciativa privada.

E ao final da viagem? Hamam dirá aos cartolas do Flamengo, do Cruzeiro, do Inter, ao senhor Eurico Miranda, por exemplo, que sigam a escola alemã de administração do futebol?

Tudo aqui

Se Hamam fosse à Fundação Getúlio Vargas conversar com os especialistas sobre futebol e conhecer os estudos sobre a nossa realidade, teria um aprendizado maior. Depois, era ir à Escola de Educação Física do Exército, onde treinaram as seleções de 1958, 1962, 1970.

Ou uma visita ao Minas Tênis Clube, ao Pinheiros, em São Paulo, ou Sogipa em Porto Alegre, para ver que temos centenas de clubes Brasil afora para acolher atletas em todas as modalidades. Temos 1.500 escolas de educação física e outro tanto de Administração & Marketing. Mas o governo não se rende ao intercâmbio acadêmico, e permanece na burocracia que domina a Esplanada dos Ministérios.

Não nos falta nada para sermos potência esportiva com gestão de luxo. O que falta é o governo sair de onde não deveria ter entrado e definir o que compete ao Estado brasileiro em termos de esporte, para promover a integração entre União, Estados e Municípios, aproveitando melhor as verbas públicas que saem pelo ladrão.

Será que, na linha do futebol, o ministro George Hilton mandará um “especialista” para Cuba ou Jamaica, conhecer a eficiente relação entre educação e esporte naquelas “potências”?


O primeiro desafio da Comissão Nacional de Atletas
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José Cruz

O Ministério do Esporte informa que a posse do velejador Lars Grael na presidência do Comissão Nacional dos Atletas será em 29 de abril. Está nos atletas a última esperança para mostrar um rumo ao setor, em nível de governo, principalmente para depois dos Jogos Rio 2016. Já do Conselho Nacional do Esporte não podemos esperar contribuição expressiva. Como nas gestões anteriores, o colegiado é obediente às decisões ministeriais.  E sob o comando do ministro George Hilton ainda nem se reuniu. Lars e George

Realidade

Conversando com gente de três escalões do Ministério do Esporte, ouvi manifestações do tipo: “O ministério está em frangalhos”;  “Funcionários que entram saem pouco depois por falta de trabalho ou de perspectivas”;  “O Ministério está sem comando, sem filosofia de continuidade, sem entrosamento entre os setores, sem diálogo entre os funcionários, sem intercâmbio entre os programas”.

Mais: está com o orçamento contingenciado, isto é, nada de gastos, o mal maior da Esplanada dos Ministérios a cada início de governo. A questão é que estamos a menos de 500 dias dos Jogos Rio 2016.

Essa “desordem institucional” é “natural” em todas as pastas, provocada pela chegada de políticos sem compromisso maior com os setores, acompanhados de seus assessores de ocasião.

Esse é o panorama da Pasta que reativará a Comissão de Atletas, que são idealistas, antes de tudo, conhecem os bastidores da disputa, as dificuldades para se tornar profissional, a burocracia dos órgãos de governo. A expectativa é se o Ministério terá quadros à altura para executar as propostas que desse grupo sairá.

Preliminarmente….

Diante do quadro institucional e financeiro do esporte, qualquer sugestão de mudança precisa, antes, de respostas fundamentais, como algumas que neste espaço já foram apresentadas:

O que quer o governo federal com o esporte em todos os seus níveis?

Compete ao Estado financiar o alto rendimento, o esporte profissional?

Por que não dar prioridade ao desporto escolar, no discurso oficial há mais de vinte anos?

Qual a competência e limites de atuação dos demais entes esportivos, inclusive em nível de Executivo, nos estados e municípios?

Enquanto isso…

Está atrasada oito meses a entrega da pesquisa nacional para “consolidar uma política de Estado para o esporte”.

O trabalho, ao custo de R$ 3,9 milhões, sob a coordenação da Universidade Federal da Bahia, deveria ter apresentado a primeira versão em agosto.

O perfil da realidade nacional abrange “infraestrutura do esporte”, “legislação, financiamentos públicos”, “recursos humanos” e “contribuições científicas disponíveis”.

Ainda sem data para divulgar.


Bebeto de Freitas: “O Brasil trabalha com a elite”
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José Cruz

Por André Baibich – Zero Hora

Mas a repercussão de uma Olimpíada aqui não pode ajudar na massificação?  

Acho que vai gerar interesse. Mas você não faz uma Olimpíada, gastando o que está gastando, para despertar interesse. O ponto é técnico. A massa esportiva brasileira não tem condições de ser revelada. O Brasil trabalha com a elite. Os melhores são escolhidos, mas os melhores não praticam um esporte de alto nível. Não temos esporte de alto nível no Brasil, salvo alguns. Esses recursos teriam que entrar para a massificação desses esportes. Em cinco, seis, 10 anos, você teria uma geração de novos esportistas. Jogamos fora essa possibilidade em um país jovem e com carências de trabalho. A indústria esportiva é a única que cresceu nos momentos de crise mundial. Desde 1980, ela sempre cresce. Nós estamos gastando para fazer uma cobertura maravilhosa e ter uma garagem que é um lixo. O esporte no Brasil é uma casca de ovo. Um ovo lindo, branco, só que dentro ele está podre. 

Sugestão de leitura

bebeto

Mais uma ótima entrevista de Bebeto de Freitas, o treinador da equipe de vôlei masculina, vice-campeã  olímpica, 1984, conhecida por “geração de prata”, e campeão mundial comandando a Itália, em 1998.

Atleta, técnico e, depois, gestor do esporte, Bebeto é lembrado, lamentavelmente, nos momentos de crise, porque a imprensa mostra, hoje, o que ele já anunciava há dez anos ou mais. 

A entrevista completa de Bebeto de Freitas ao repórter André Baibich, de Zero Hora, está aqui


Governo tenta salvar rumo olímpico com apoio de atletas famosos
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José Cruz

Ao convidar a ex-atleta Ana Moser para presidir a APO (Autoridade Pública Olímpica), a presidente Dilma Rousseff sinaliza que não tem quadros para comandar o esporte em nível de governo, e se socorre em atletas famosos paraana tentar recuperar a credibilidade do setor.

Antes, Dilma tentou dar perfil político à APO,com o ex-ministro das Cidades, Márcio Fortes. Durou dois anos. Depois, com um técnico e especialista em grandes estratégias, como a Olimpíada, o general Fernando. Durou dois anos e saiu fritado pelo Palácio do Planalto, que queria o cargo para colocar um leigo do PT. Mas isso poderia agravar a crise do Palácio do Planalto com o Congresso Nacional, porque o partido está sem credibilidade e com gente de seu quadro sob investigação no esquema da Petrobras.

A saída foi buscar um atleta vinculada ao esporte. Ana Moser, premiada atleta do vôlei de quadra, integra o Conselho Nacional do Esporte – que ainda não se reuniu este ano – e tem projetos sociais aprovados pela Lei de Incentivo ao Esporte. Mais intimidade com o governo é impossível.

Com isso, Dilma sinaliza que, a menos de 500 dias dos Jogos Olímpicos, precisa melhorar a imagem de seu governo, também na comunidade esportiva internacional. Caberá a Ana Moser concluir um projeto que começou em 2011 e já passou pelas mãos de dois gestores, mas que tem o comando financeiro centralizado na mesa do ministro Aloízio Mercadante, na sala ao lado da presidente Dilma.

Estratégia

Essa nova e emergencial postura será reforçada amanhã, quando o velejador Lars Grael assumirá a presidência do Conselho Nacional dos Atletas, desativado há dez anos.

Lars

A estratégia do ministro do Esporte é esperta e de ocasião. Depois de preencher os principais cargos do ministério com leigos no esporte, mas ligados ao seu partido (PRB) e, por extensão, à Igreja do bispo Edir Macedo, George Hilton se socorre de nomes de prestígio para se aconselhar, e poder ter o que dizer três meses depois de ter assumido o cargo. Com isso, ele também divide responsabilidades no caso de algo não sair como o planejado.

Com Lars, deverão ter lugar no Conselho atletas de expressão, com liderança em suas modalidades, com experiência capaz de dar novo rumo ao setor. Serão conselheiros de luxo de um ministro inexperiente, numa pasta que, da forma como atua, não faz falta alguma à estrutura do nosso esporte.

Para saber mais:

http://olimpiadas.uol.com.br/noticias/2015/04/06/ana-moser-e-convidada-para-presidir-autoridade-publica-olimpica.htm


Presidente Dilma desmoraliza o comando público do projeto olímpico
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José Cruz

Se Dilma Rousseff não consegue nomear um ministro para o Supremo Tribunal Federal, capenga há oito meses de seu plenário total, depois da aposentadoria de Joaquim Barbosa, como podem os idealistas do esporte pedir eficiência para a Autoridade Pública Olímpica, que está há “apenas” dois meses sem o seu titular?

Desde fevereiro, a presidência burocrática da APO (Autoridade Pública Olímpica) está nas mãos do interino Marcelo Pedroso. Apesar do perfil técnico e seriedade que deu à autarquia, o general Fernando Azevedo e Silva, fritado pelo Palácio do Planalto, foi embora.

Esse desprezo na nomeação do titular ocorre a menos de 500 dias da abertura dos Jogos Rio 2016, e reforça o eterno desinteresse dos governos pelo setor esportivo, com evidente atraso para o país sob o enfoque de política de Estado.

Depois de envergonhar a comunidade esportiva, com a indicação de um ministro de inexpressivo conhecimento para o cargo – como se não tivéssemos mais ninguém capaz -, Dilma desmoraliza a APO, criada pelo próprio governo federal para dar rumos ao complexo projeto dos Jogos. Mercadantee E concentrou as decisões da autarquia na mesa de seu ministro mais próximo, Aloizio Mercadante (foto),  o capitão da equipe financeira olímpica.

Com essa inversão presidencial nos valores da instituição, se fortalece a proposta do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que já se declarou favorável à extinção da APO. Sem comando e autoridade nas relações intergovernamentais, as fraudes podem ocorrer com facilidade, através da contratação de serviços sem licitação, por exemplo, como em 2007.

Independentemente da escolha,  Dilma torna menor e inexpressiva a indicação do terceiro presidente da autarquia, para espanto dos parceiros internacionais, nessa gigantesca operação que receberá atletas de 206 países.


Mané Garrincha: o melhor espaço do estádio de Brasília está do lado de fora
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José Cruz

Nem a famosa banda Kiss, que completa 40 anos com um tour mundial, desfrutará do conforto interno do Estádio Nacional de Brasília. Em 24 de abril, os roqueiros norte-americanos farão show numa espetacular estrutura a ser montada no lado externo do monumental Mané Garrincha. Estimativa de público entre 20 e 25 mil pessoas. 

Kisssss   Encerrado o ano da Copa, o melhor espaço do estádio Mané Garrincha passou a ser o lado de fora. A gigantesca obra de 72 mil lugares não atrai para o seu interior jogos de futebol nem shows culturais ou religiosos, devido o alto custo do aluguel, que pode chegar a  R$ 400 mil.

Essa real ociosidade do valioso espaço esportivo-cultural contrasta com o discurso eufórico do então “governador-construtor” do estádio, Agnelo Queiroz, que ali aplicou suspeitos R$ 1,6 bilhão.

“A arena será um grande centro de lazer cultural para a capital federal, turistas e moradores. Contará com dois grandes restaurantes, 14 lanchonetes, 40 bares, centros comerciais e atividades culturais. (Nota oficial de Agnelo, em 24/2/2013).

 Estacionamento 

Assim como o grupo do Kiss, a quarta edição do Festival VillaMix Brasília, em 9 de maio, também vai para o lado de fora do Estádio Nacional de Brasília, apesar do grande apelo popular dos artistas que se apresentarão: Jorge Mateus, Wesley Safadão, Cristiano Araújo, Bruno e Marrone, Matheus e Kauan, Humberto e Ronaldo, Luan Santana …

E, na ausência de bandas, o espaço externo serve de estacionamento para as frotas de ônibus urbanos, como revelou o repórter Daniel Brito.  0nibus

Ao contrário do que ocorre mundo afora, onde arenas esportivas são espaços multiusos e, principalmente, centros comerciais de consumo, o Estádio de Brasília está se tornando um reduto burocrático. Para enfrentar rombo de R$ 4 bilhões no caixa e reduzir gastos com aluguel, o novo governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, destinou várias salas do estádio para abrigar secretarias de seu governo.

Enquanto isso…

Garrincha     A falta de conservação do Estádio Mané Garrincha é evidente. Há infiltrações, grades derrubadas, cadeiras soltas, piso sem manutenção e por aí vai.  Especialistas em engenharia civil estimaram que a manutenção do Estádio seja em torno de R$ 600 mil mensais.


A Lei de Incentivo Fiscal e o (não) direito ao esporte no Brasil
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José Cruz

É de credenciados estudiosos da UnB (Universidade de Brasília) que chega a mais recente contribuição para o debate sobre a Lei de Incentivo ao Esporte (LIE), cuja legislação se esgota em 31 de dezembro próximo.

Wagner Barbosa Matias, Pedro Fernando Athayde, Edson Marcelo Húngaro e Fernando Mascarenhas fizeram uma oportuna leitura sobre esse tema, para “analisar a aplicação orçamentária da LIE e sua relação com o (não) direito ao esporte no país”.logoLeiIncentivoM

“Destaca-se que a LIE segue as mesmas medidas de incentivos fiscais implementadas para a cultura: Lei Rouanet (Lei nº. 8.313/1991) e Lei do Audiovisual (Lei nº. 8.685/1993). E, tanto no esporte como na cultura, tais ditames se inserem no processo de desresponsabilização do Estado para o financiamento e execução das políticas sociais que garantem direitos de cidadania. Nesse sentido, cabe perguntar: como se configura o direito ao esporte a partir de tal mecanismo de financiamento? Qual é o direcionamento dos recursos advindos da LIE? Quem são os principais patrocinadores e/ou doadores e beneficiados?”

O estudo completo está aqui 

 

 


MP da dívida dos clubes recebe 30% de emendas estranhas ao futebol
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José Cruz

Pode parecer pegadinha de 1º de abril, mas não é. É real.

A Medida Provisória nº 671/2015, sobre o  “Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol” recebeu 181 emendas.

Dessas, 52 (30%)  não dizem respeito ao assunto, tratam de temas completamente estranhos ao futebol: “smartphones”, “tablets”,  “empregadas domésticas”, “energia elétrica”, “imposto de renda”, “semicondutores”, “remessas postais”, “transporte aéreo de cargas”, e por aí vai.

Ao mar 

Até uma emenda alterando o limite do mar territorial entre os estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba entrou no “samba da MP do Futebol”. bola murcha  A preciosidade é do deputado paranaense Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR).

Legal

A legislação permite que emendas sobre outros temas sejam incorporadas às medidas provisórias. São as chamadas “barrigas de aluguel”, que entram de carona num texto de ocasião. Como diz o torcedor, “vai que cola”…

Exemplo

Foi esse recurso da “carona” que o deputado Jovair Arantes (PTB/GO) aplicou em novembro passado. Ele apresentou emenda sobre a dívida dos clubes na MP 656/2014, que tratava da redução de “alíquotas do PIS/PASEP”. A MP foi aprovada, mas os artigos com as emendas de Jovair foram vetadas pela presidente Dilma Rousseff.

Como diz o torcedor, não custa tentar. “Vai que cola”…

Bonzinho

Por isso, a emenda do senador Eduardo Amorim (PSC/SE) é do tipo “benemérita”. Ela propõe um jogo beneficente anual por clubes da primeira e segunda divisões, cuja renda será destinada a hospitais filantrópicos, como as Santas Casas.

E, dentre as emendas específicas do tema “futebol”, o deputado Heráclito Fortes (PSB/PI) jogou a favor dos cartolas. Observem a proposta da excelência:

“Os dirigentes que praticarem atos de gestão irregular ou temerária serão responsabilizados por meio de mecanismos de controle social internos da entidade, sem prejuízo de eventual responsabilização criminal.”

Em outra proposta que entrou de carona na MP do Futebol, a deputada Gorete Pereira propõe perdoar os débitos com a Fazenda Nacional das entidades filantrópicas da área da saúde, “que encerraram suas atividades até 31 de dezembro de 2013”. A emenda foi apresentada enquanto o caixa público encontra-se em acelerado declínio…

As 181 emendas apresentadas serão apreciadas por uma comissão mista, ainda não instalada, que terá um presidente e um relator.

As emendas parlamentares à MP estão aqui

E aqui o texto da MP 671/2015