O primeiro desafio da Comissão Nacional de Atletas
José Cruz
O Ministério do Esporte informa que a posse do velejador Lars Grael na presidência do Comissão Nacional dos Atletas será em 29 de abril. Está nos atletas a última esperança para mostrar um rumo ao setor, em nível de governo, principalmente para depois dos Jogos Rio 2016. Já do Conselho Nacional do Esporte não podemos esperar contribuição expressiva. Como nas gestões anteriores, o colegiado é obediente às decisões ministeriais. E sob o comando do ministro George Hilton ainda nem se reuniu.
Realidade
Conversando com gente de três escalões do Ministério do Esporte, ouvi manifestações do tipo: “O ministério está em frangalhos”; “Funcionários que entram saem pouco depois por falta de trabalho ou de perspectivas”; “O Ministério está sem comando, sem filosofia de continuidade, sem entrosamento entre os setores, sem diálogo entre os funcionários, sem intercâmbio entre os programas”.
Mais: está com o orçamento contingenciado, isto é, nada de gastos, o mal maior da Esplanada dos Ministérios a cada início de governo. A questão é que estamos a menos de 500 dias dos Jogos Rio 2016.
Essa ''desordem institucional'' é ''natural'' em todas as pastas, provocada pela chegada de políticos sem compromisso maior com os setores, acompanhados de seus assessores de ocasião.
Esse é o panorama da Pasta que reativará a Comissão de Atletas, que são idealistas, antes de tudo, conhecem os bastidores da disputa, as dificuldades para se tornar profissional, a burocracia dos órgãos de governo. A expectativa é se o Ministério terá quadros à altura para executar as propostas que desse grupo sairá.
Preliminarmente….
Diante do quadro institucional e financeiro do esporte, qualquer sugestão de mudança precisa, antes, de respostas fundamentais, como algumas que neste espaço já foram apresentadas:
O que quer o governo federal com o esporte em todos os seus níveis?
Compete ao Estado financiar o alto rendimento, o esporte profissional?
Por que não dar prioridade ao desporto escolar, no discurso oficial há mais de vinte anos?
Qual a competência e limites de atuação dos demais entes esportivos, inclusive em nível de Executivo, nos estados e municípios?
Enquanto isso…
Está atrasada oito meses a entrega da pesquisa nacional para “consolidar uma política de Estado para o esporte”.
O trabalho, ao custo de R$ 3,9 milhões, sob a coordenação da Universidade Federal da Bahia, deveria ter apresentado a primeira versão em agosto.
O perfil da realidade nacional abrange “infraestrutura do esporte”, “legislação, financiamentos públicos”, “recursos humanos” e “contribuições científicas disponíveis”.
Ainda sem data para divulgar.