Blog do José Cruz

Arquivo : fevereiro 2015

A dívida, a dúvida e o risco de um escândalo olímpico
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José Cruz

A cobrança da dívida fiscal dos clubes de futebol entra na fase final de solução no momento em que o governo federal enfrenta grave crise política-institucional-partidária.

A dívida, em torno de R$ 4 bilhões, vem do início de 1980, quando o INSS já cobrava os clubes, mas sem sucesso. Vieram os “Refis” – refinanciamentos –, que não foram cumpridos. E a dívida cresceu. Criaram a loteria Timemania, um fracasso, que agravou o débito. Agora, para garantir que clubes e CBF cumprirão um acordo de refinanciamento, sugere-se uma “Agência do Futebol”, órgão estatal fiscalizador de acertos fiscais.  ajuste-fiscall

E as federações estaduais de remo, judô, atletismo, natação, basquete, etc, falidas e alijadas do contexto das decisões do desporto? E as confederações, muitas também devedoras ao fisco e com seus limitados patrimônios ameaçados? O “bom senso” abrangerá os caloteiros olímpicos, também, para dar novos rumos e oportunidades ao esporte? Há certeza de que só isso é solução para a desordem que temos nessas estruturas?

A proposta que o governo prepara, mesmo em forma de medida provisória, passará pela “análise e votação” das excelências, no Congresso Nacional que, não raro, reabriu os trabalhos com credibilidade em baixa.

Nesse panorama e diante da crise governamental, a partir do esquema da Petrobras, é um risco colocar qualquer tema em votação neste momento, pois não há clima para discussão isenta ou votação limpa.

 Enquanto isso…

A nova fase da Operação Lava-Jato chegou hoje ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, suspeito de operar pagamento de propina envolvendo a diretoria de Serviços da Petrobras. Vaccari foi levado pela Polícia Federal ao juiz da operação para prestar depoimento, a partir das denúncias de empresários que estão presos. Há uma tremedeira nacional e ranger de dentes, com receios do que pode vir daí.

Escândalo olímpico?

E se o assunto evoluir? Aí, a operação poderá chegar ao tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff, Edinho Silva (PT/SP), cuja suspeita de envolvimento dele no esquema da Petrobras foi denunciado por empreiteiros presos, que não querem pagar o pato sozinho.

Ironicamente, Edinho é o candidato do chefe da Casa Civil da Presidência, Aloizio Mercadante, para presidir a Autoridade Pública Olímpica. Se vier a ser confirmado nesse cargo e, mais tarde, convocado para depor na operação Lava-Jato, poderemos dizer que o escândalo da Petrobras ganhou dimensões olímpicas? E como isso repercutirá em nível internacional?

Ironias de lado, … mas a que ponto de desmoralização chegamos…


Gol contra: 8 x 1. Planalto quer criar Agência do Futebol
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José Cruz

Governo vai impor a antipática Medida Provisória – que vigora imediatamente à edição – , intrometendo-se no já desmoralizado futebol. O que em outros países é valorizado produto de business e marketing, no Brasil dos 7 x 1 o retrocesso do esporte como negócio é real e se observa nas rodadas de cada semana

Dilma

O governo quer criar uma Agência Reguladora do Futebol. A pedido de Dilma Rousseff, o assunto foi tratado com entusiasmo pelo ministro da Casa Civil, Aloísio Mercadante, ontem, em Brasília

Depois da posse de um ministro que não entende de esporte e da ideia de nomear Edinho Silva para presidir a Autoridade Pública Olímpica –  um tesoureiro especialista em arrecadações suspeitas para a campanha de Dilma Rousseff, citado no escândalo da operação Lava-Jato – , essa notícia da Agência do Futebol é proposta para perpetuar a desordem do esporte.

É a mais espetacular intromissão do Estado num negócio altamente profissional, o futebol, com gestão de espertos cartolas,há décadas beneficiados pela omissão de seguidos governos.

E o governo de agora, em vez de aplicar os fartos atos e leis existentes para punir os sonegadores e descumpridores das regras vigentes, como a legislação trabalhista, o Estatuto do Torcedor, etc, envolve-se mais onde deveria se fazer respeitar com autoridade –  que já não tem, está claro.

Temos uma Agência Nacional de Energia, e o fracasso da política do setor está aí, na casa de cada brasileiro. Uma Agência Nacional de Água, e a vergonha da escassez torna mais difícil a vida dos contribuintes. Agência Nacional de Transporte Terrestre … Agência de Vigilância Sanitária … Agência de Aviação Civil!!!  O que fizeram essas empresas em mais de duas décadas para evitarem o caos em que vivemos nesses setores?

Agora vem o governo, pela antipática iniciativa de Medida Provisória, incluir o futebol nessa política de “agências”, de retrocessos comprovados.

O que são?

As agências não regulam nada. São empresas que batem cabeça com os ministérios afins. Seus valorizados cargos tornaram-se moeda de troca do governo, que ali  dá empregos para desocupados e afilhados de políticos espertos, em troca de votos para os seus projetos no Legislativo!

O riquíssimo esporte, sustentado pelos cofres públicos, mas sem rumo nem planejamento, não pode continuar sendo tratado com medidas emergenciais.

Tudo o que está ocorrendo é reflexo da inexpressividade desse Ministério do Esporte. Fora dele e a cada crise reúne-se um comitê e as medida surgem como soluções milagrosas.

A foto que ilustra este texto é da “istoédinheiro.com.br”, de setembro/2014


Candidato de Dilma à APO é citado na Operação Lava-Jato
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José Cruz

Edinho Silva, tesoureiro da campanha eleitoral de Dilma Rousseff –   à espera de uma canetada para ser presidente da APO (Autoridade Pública Olímpica) –   está preocupadíssimo com os rumos da investigação do escândalo da Petrobras.

Desde janeiro, Edinho (foto) aparece nas denúncias de acusados da operação Lava-Jato: o dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, preso em na carceragem de Curitiba, revelou –  segundo reportagem de Veja –  que Edinho Silva negociou doações de R$ 18 milhões dessa empresa, em duas parcelas, para o comitê de Dilma e ao diretório do PT. Edinho negou.   A UTC está entre as acusadas de superfaturamento em obras da Petrobras. Ricardo Pessoa é apontado com o chefe do “Clube das Empreiteiras”. edinho

Mais: em janeiro, já na prisão, Pessoa fez anotações, divulgadas por O Globo, onde alertava ao governo:

“Vale para o Executivo também. As empreiteiras juntas doaram para a campanha de Dilma milhões. Já pensou se há vinculações em algumas delas. O que dirá o nosso procurador-geral da República. STF a se pronunciar”.

Hoje, a Folha de S.Paulo divulga hoje que “empreiteiras investigadas na operação Lava-Jato participam de 73% do volume de obras para a Olimpíada de 2016. O custo total de preparação para os Jogos é de R$ 37,7 bilhões. As empresas citadas (a UTC não está entre elas) participam em obras que somam R$ 27,5 bilhões.

Mudança

É no comando da gigantesca operação de governo para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, que há 14 meses entrou no rumo da organização profissional e ganhou credibilidade internacional, que a presidente Dilma quer colocar o seu afilhado, o deputado estadual Edinho Silva (SP)

Enquanto isso…

Quando assumiu a presidência da APO, há 14 meses, Fernando Azevedo e Silva recebeu de Dilma o pedido para dar perfil técnico ao órgão, evitando corrupção, como a do Pan 2007, e as disputas políticas entre os três entes que formam a autarquia olímpica, os governos Federal,  o Estadual e o Municipal do Rio de Janeiro.

O pedido está sendo cumprido. Há planejamento, cronogramas e metas. Trocar esse comando é a contramão da proposta original da própria presidente. É, também, sério risco à montagem da estrutura física dos Jogos, o que agravaria a já desgastada imagem do país, principalmente junto aos organismos esportivos internacionais.


As novas e boas “brigas” do senador Romário
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José Cruz

O ex-deputado Romário (PSB) e o jornalista gaúcho Lasier Martins (PDT) são os dois senadores com perfil de desportistas que assumiram o Senado Federal, ontem, sob o comando do reeleito Renan Calheiros (PMDB/AL).

Renan, que já se declarou “fã do Baixinho”, é amigo do ex-todo-poderoso Ricardo Teixeira, de quem Romário é inimigo e, por extensão, da própria CBF. rromrio

Teixeira não influencia mais, e o poder do atual presidente, José Maria Marin, está no final. Em abril, assumirá Marco Polo Del Nero, por quem Romário também não é “apaixonado”. Mas os poderes políticos da República e do futebol um dia se encontram e, então, é preciso conversar.

Não é só sobre os rumos dessa relação política-esportiva que se criam expectativas sobre o desempenho do senador Romário. Ele também atuará na Medida Provisória sobre a dívida fiscal dos clubes, atualmente em discussão por especialistas do governo e da sociedade.

Boa briga

Antes, a primeira “boa briga” de Romário – e do PSB – é tentar a presidência de uma das prestigiadas Comissões temáticas do Senado Federal.

As comissões mais importantes, como a de Educação, Cultura e Desporto, são destinadas aos partidos com maior bancada. O PSB tem sete senadores, estará na quinta ou sexta ordem de preferência. Além disso, o governo atua para que essa Comissão não seja entregue a parlamentares críticos, como Romário se mostrou, na Câmara dos Deputados. Principalmente agora, quando a educação está na prioridade da presidente Dilma Rousseff.

Mas, toda essa disputa dependerá, também, do prestígio e do jogo de cintura do “Baixinho”, principalmente junto ao amigo Renan, para tentar um lugar na privilegiada “janela”, mesmo tendo chegado agora ao Senado.