Blog do José Cruz

Arquivo : novembro 2014

Jogos Escolares x ENEM, a difícil opção do estudante-atleta
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José Cruz

Coincidentemente, os Jogos Escolares da Juventude, a partir de amanhã, em João Pessoa, cruzam com outra prova difícil, o Exame Nacional do Ensino Médio, ENEM. No meio da disputa está o estudante-atleta.

Para os estudantes, o ENEM significa colocar um pé no ensino superior, mas ficar fora dos Jogos Escolares pode resultar na perda de título de sua modalidade, entrave na carreira e o fim da Bolsa Atleta, muitas vezes importante até no sustento da família. E agora, apostar na carreira de atleta ou dar prioridade ao ensino profissional?

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De um professor de educação física e técnico esportivo, que estará nos Jogos de João Pessoa, recebi esta manifestação:

“Há uma evidente quebra de braço entre o Comitê Olímpico – organizador dos Jogos – e o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas), do Ministério da Educação, que realiza o ENEM, onde quem perde são os atletas e o esporte nacional. Muitos atletas do individual chegam ao seu ápice físico e técnico da categoria (15 a 17) com os 17 anos, onde, seguindo uma continuidade cognitiva ele estará chegando também nesta idade ao terceiro ano do ensino médio, ano de vestibular e exame. Polêmica e estranha situações”.

Explicações

Edgar Hubner, diretor-geral dos Jogos Escolares, adiantou que a data do evento foi comunicada ao MEC há dois anos. E explicou sobre a dificuldade para adiar a competição, que envolve quatro mil atletas em 13 modalidades. “Precisamos reservar hotéis com antecedência e até realizamos pagamentos antecipados para não ter problema com a acomodação dos jovens”, explicou. “A organização é feita com antecedência e hoje o MEC já sabe a data dos Jogos de 2015”, disse Edgar.

O INEP não se pronunciou sobre o assunto, apesar dos pedidos encaminhados.

Briga e prejuízo

A disputa entre “educação e esporte” é antiga. A falta de diálogo também. O próprio Ministério do Esporte não consegue avançar no entendimento sobre a prática da educação física nas escolas públicas e o assunto se esparrama por décadas.

Essa realidade, que chega ao conflito de datas, colocando o atleta em difícil encruzilhada, revela o histórico desleixo das autoridades do governo, principalmente, para com o assunto. Paralelamente, há falta de compromisso do Congresso Nacional e do Conselho Nacional do Esporte, que ignoram a importância dessa discussão, cujo resultado com prejuízos está agora evidente. Somos um país olímpico, mas ainda estamos no Terceiro Mundo da integração do esporte com os estudos.


Pegadinha em alta velocidade
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José Cruz

Apesar da precariedade dos serviços públicos do Distrito Federal – falta dinheiro até para abastecer a frota da Polícia!—, o governador Agnelo Queiroz empenhou R$ 250 milhões para as reformas do Autódromo de Brasília. A operação financeira, a dois meses de findar o mandato, é para as reformas da pista do Autódromo de Brasília. Em 8 de março, a capital da República sediará a abertura da temporada da Fórmula Indy.

Agnelo Queiroz, que não conseguiu passar ao segundo turno eleitoral e tentar reeleição, está deixando uma “pegadinha” financeira para seu sucessor, Rodrigo Rollemberg.

A obra no Autódromo foi empenhada com recursos do orçamento deste ano, mas o desembolso da grana deverá ocorrer em 2015. É praxe em todos os governos empenhar verbas num exercício e jogar o compromisso para “restos a pagar”, já com orçamento do ano seguinte. Isso justifica os superfaturamentos, pois as empreiteiras, conhecendo a jogada, incluem os “juros”…

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Quem terá que honrar a conta é o novo governador, Rodrigo Rollemberg (PSB), cuja equipe de transição se esforça para assumir um governo menos endividado. Extraoficialmente, o rombo é de R$ 2 bilhões. O dinheiro servirá apenas para recapear a pista e contratar “instalações temporária”, cujo aluguel custa uma fortuna.

Irresponsabilidade

A atitude do governador Agnelo demonstra a irresponsabilidade do gestor público, pois assumiu o compromisso em pleno período eleitoral, quando já estava na rabeira de todas as pesquisas e sem chance de se reeleger, como ocorreu. Mesmo assim, comprometeu R$ 300 milhões (total previsto) para receber uma prova de velocidade, que deverá provocar novas despesas aos cofres do DF.

O Autódromo de Brasília está no mesmo complexo esportivo onde foi construído o bilionário estádio Mané Garrincha, o mais caro do mundo, R$ 1,6 bilhão, cuja prestação de contas ficou no esquecimento.

Enquanto isso…

A Comissão Técnica da Lei de Incentivo ao Esporte reúne-se nesta terça-feira para analisar 46 projetos. Entre eles, quatro são para financiar a corrida de kart. Verba do Imposto de Renda destinada a corridas de brinquedo, em detrimento de dezenas de projetos sócio-esportivos-educacionais, na fila de espera para aprovação.

Não é só Agnelo Queiroz que perdeu a noção da importância do dinheiro público.

Para saber mais:

http://esporte.uol.com.br/velocidade/ultimas-noticias/2014/09/24/f-indy-queria-destruir-ultimo-drive-in-do-brasil-brasilia-nao-permitiu.htm

 

 

 


Governo deve financiar a profissão de atleta?
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José Cruz

Na Suíça, a metade dos atletas de alto rendimento ganha o correspondente a R$ 3 mil por mês, segundo a agência de notícias Swissinfo. A informação está na coluna “Papo Olímpico”, assinada por Breno Barros, no Jornal de Brasília.

A mesma agência disse que os atletas ganham pouco e precisam se dedicar a outras atividades para sustentar suas famílias. A discussão está no parlamento suíço para decidir se o governo deve investir em atletas de alto nível.

camara-vaziaO Congresso Nacional, de costumeiro plenário vazio, não discute sobre isso

Afinal, o cofre público deve financiar a “profissão” de atleta ou isso é coisa para a iniciativa privada? Não temos essa definição, mas sabemos que sobra dinheiro e faltam controles para evitar o desperdício e a corrupção, reais!

Fontes anuais para o esporte

Lei de Incentivo: R$ 400 milhões; Bolsa Atleta, R$ 186 milhões; Lei Piva: R$ 160 milhões (valor de 2013); Estatais: R$ 280 milhões; convênios do Ministério do Esporte, R$ 1 bilhão, até 2016; Bolsa estaduais. Ou seja, o atleta pode ganhar bolsas nacional e estadual, dinheiro da Lei de Incentivo, patrocínio de uma estatal (Banco do Brasil, Caixa, Petrobras, Infraero ou Correios) e ainda ser soldado, cabo ou sargento das Forças Armadas, com salário, claro. E toda a preparação técnica dos atletas de ponta, como viagens, treinamentos no exterior etc já está coberta pela confederação correspondente via recursos da Lei Piva. O emaranhado dessa prática reforçam a suspeita de dinheiro desviado pelo caminho. E daí, quem se importa com isso?

Objetivo

A concentração de verbas públicas é para que tenhamos uma equipe competitiva nos Jogos Rio 2016, capaz de colocar o Brasil no top 10 dos países medalhistas. E depois dos Jogos, seguirá a fartura ou teremos “desemprego” no esporte?

 

 


O que falta para Aldo Rebelo continuar no Esporte
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José Cruz

Encerrado o recesso, Câmara e Senado voltaram a funcionar nesta semana, reta final do ano legislativo. Tivemos reuniões nas comissões temáticas, como a de Esporte, presidida pelo deputado Damião Feliciano (PDT/PB).

A pobreza nos debates e propostas mostram o distanciamento do Legislativo da necessidade se dar novos rumos à gestão do esporte. E, antes, a definição do que significa esse segmento no contexto do governo federal. Mas não há sinal de mudanças para 2015!

Foi nessa caminhada pelo Congresso Nacional, na quarta-feira, que ouvi parlamentares sobre especulações ministeriais. Por exemplo, que o ministro Aldo Rebelo deverá continuar na pasta. O que falta para isso é um pouco de “carinho”. AldoRabelo1

Aldo chegou ao Esporte para apagar incêndio provocado pelo ex-ministro, mas agora deputado, Orlando Silva, acusado de não combater farta corrupção. Foi demitido. Aldo também precisava levar o país à realização de uma Copa do Mundo sem estragos para a imagem do governo. Conseguiu, no dizer do próprio governo, para quem fizemos a “Copa das Copas”, apesar disso ter sido apenas para estrangeiro ver….

E como não tivemos catástrofes nos 30 dias de muitos jogos, gols, samba e festas, a presidente Dilma fez logo o balanço público positivo, mas a importância de Aldo Rebelo, que enfrentou as tormentas da preparação, ficou no esquecimento.

Isso, segundo dois parlamentares, teria desgostado o ainda deputado, mas sem futuro mandato, porque não disputou a eleição de outubro. Discreto e elegante, Aldo avisou que sairia independentemente do resultado das urnas presidenciais.

Mas quem o substituirá? O PCdoB continuará com a pasta ou irá para o PT ou novo partido que reforce a base aliada, com o PSB?

Na dúvida e para evitar surpresas às vésperas dos Jogos Rio 2016 é possível que Dilma Rousseff conceda afagos e reconhecimentos ao ministro Aldo para que ele permaneça. O trabalho, agora, é facilitado pela atuação da Autoridade Pública Olímpica. E para quem já conhece o processo do megaevento esportivo, Aldo seria garantia ao governo para realizar os “Jogos dos Jogos”,  mas com “legado” suspeito, apenas para estrangeiro ver. Lembram do Pan 2007?

Porém, se a pasta for para outro partido, o ministro poderá ter “afago” com missão menos incômoda, à altura dos que foram fieis ao Planalto e ganhar cadeira de ministro no TCU (Tribunal de Contas da União).  Nesse caso, Aldo estará na situação de julgar e votar sobre os gastos do governo, que ele ajudou a construir para que tivéssemos a “Copa das Copas”.