Valcke vê Mané Garrincha como “exemplo” de legado. É isso?
José Cruz
Além da obra, a ocupação do estádio está superfaturada
O estádio Mané Garrincha, em Brasília, é “exemplo positivo de legado” da Copa do Mundo, na avaliação do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, o chutador de traseiros.
Em 2007, o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, também dizia que o Engenhão seria o principal legado dos Jogos Pan-Americanos. A Copa vai começar e o estádio, de apenas sete anos, está fechado, porque a cobertura estava desabando…
Encerrada a Copa, Valcke vai embora, mas a fatura pública continuará pendente. E se forem mantidos os níveis de ocupação do primeiro ano de uso do Mané Garrincha, serão preciso mil anos para saldar a dívida… cálculo dos repórteres Aiuri Rebello e Guilherme Costa.
Público
Valcke tomou por base a ocupação do estádio em um ano, quanto recebeu 777 mil pessoas, entre jogos de futebol e shows musicais, segundo os números oficiais. Com capacidade para 72 mil pessoas, o Mané Garrincha recebeu em apenas uma temporada mais que o estádio antigo, em 36 anos, segundo o governo do Distrito Federal.
Mas, onde estão os números de ocupação do antigo Mané? Quem tem esses dados? Duvido que apresentem! Duvido que haja registros de toda a história do estádio em quatro décadas. Então, é “chutômetro”, para ser bem claro. Os números são para a propaganda oficial e tentam ofuscar o real gasto de R$ 1,6 bilhão na obra.
A ocupação em um ano do novo Mané Garrincha é suspeita. No primeiro jogo da final do Campeonato Candango, Brasília x Luziânia, não havia mais que cinco mil pessoas no gigantesco estádio. Eu estava lá e constatei. No entanto, o borderô da Federação Brasiliense de Futebol registrou 56 mil pessoas… Dez vezes mais! E assim deve ter sido com os outros eventos. Isso é próprio dos governos. Tentam iludir com números quando querem justificar gastos públicos astronômicos. O “legado” é por aí.