Blog do José Cruz

Vôlei: jornada de estrelas

José Cruz

''FOI UMA SURPRESA PARA MIM''

 Presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, em entrevista à ESPN, sobre denúncias de corrupção na Confederação Brasileira de Vôlei no Vôlei

Nos últimos 40 anos a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) teve apenas dois presidentes: Carlos Arthur Nuzman e Ary Graça. E um vice-presidente, Walter Pitombo Laranjeiras, atual presidente em exercício.  São esses que precisam explicar sobre as denúncias de corrupção na entidade sob os seus comandos por quatro décadas, numa estrutura sustentada por verbas públicas, quase que totalmente sem fiscalização!

Por que Nuzman e Graça nunca permitiram a renovação na presidência da CBV? Teriam transformado o vitorioso esporte nas quadras num negócio particular, exclusivo, para poucos?

Considerando que nessa jogada tem dinheiro público e envolve um valiosíssimo patrimônio da cultura esportiva brasileira não caberia uma investigação minuciosa da Polícia Federal, para que não fiquem dúvidas sobre a lisura de todos os negócios ali realizados?

Por exemplo, onde foram aplicados R$ 1,4 milhão repassados pelo Banco do Brasil à CBV, em 1997, para sete etapas de vôlei de praia não realizadas?

E o que diz Ary Graça? Deixará hoje a presidência da CBV, na assembleia que se realiza no Rio, ou continuará dando as cartas, com Walter Pitombo de laranja? A propósito, os cartolas das federações também precisam se manifestar. São eles que, em assembleia, dão sustentação ao sistema e aprovam, há duas décadas as contas da CBV. São fiscais ou cúmplices?

Outro nome que pode contribuir é o de Leonardo Gryner, braço direito de Nuzman desde 1990 e, hoje, diretor dos Jogos Rio 2016. Leo, como é conhecido, foi dono da SportsMedia, a empresa que terceirizou contrato da CBV com o Banco do Brasil e faturou 40% de comissão, conforme constatação do Tribunal de Contas da União.

Os sócios de Leonardo foram Sergio Villela, amigo de Nuzman, e Carlos Roberto Osório, que foi o  Secretário Geral do Pan 2007. Depois do Pan, estranhamente Osório se afastou do movimento olímpico e assumiu a Secretaria de Transportes do Rio de janeiro.

Novidade?

As denúncias não são de hoje, mas de anos, décadas!

Em 1997, Bebeto de Freitas levantou suspeitas sobre os negócios do vôlei. Foi perseguido por Nuzman e deixou o país. De volta, está desempregado até hoje. O “sistema” fechou as portas para esse técnico campeão mundial pela Itália, campeão europeu e por aí vai, escancarando a ditadura dos cartolas no agora Brasil olímpico.

Nesse tempo, o vôlei tornou-se potência e referência mundial, e enquanto conquistava pódios de eventos olímpicos também se transformava em valiosa moeda para atrair negócios, suspeitos, como estamos vendo.

Por isso, é preciso definir, até que ponto o governo federal deve investir em equipes de representação esportiva e qual o limite, a fronteira para o “esporte espetáculo”, “esporte negócio”.

Finalmente

O episódio da CBV não é exclusivo. TCU e CGU, principalmente, deveriam fazer uma varredura nas finanças das demais confederações, principalmente as de Basquete, Tênis, Taekwondo, Ginástica e por aí vai. Todas são sustentadas por muita verba públicas. E, agora, com os cartolas recebendo salários.