Vôlei: a festa continua
José Cruz
Qual a fronteira entre o “esporte olímpico”, representativo do Brasil, e o “esporte negócio”? em qual o Estado deve se envolver e quais os seus limites de financiamento?
Mais um capítulo sobre os bastidores da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), mostra como a perpetuação dos cartolas serve de trampolim para cargos maiores. A reportagem, de Lúcio de Castro, revela que a CBV financiou o agrado de Ary Graça aos eleitores que o fizeram chegar à presidência da Federação Internacional de Vôlei. Custo da festa, em Angra dos Reis: R$ 575 mil.
Sem fronteiras
O detalhe é que a fonte de renda da CBV é pública. É dinheiro da União que sustenta essa estrutura, onde as seleções são destaques e moedas valorizadas para os cofres da CBV.
Mas qual a fronteira entre o “esporte olímpico”, representativo do Brasil, e o “esporte negócio”? em qual o Estado deve se envolver e quais os seus limites de financiamento? Na falta disso, a festa se torna permanente e, pior, sem fiscalização.
Nossas confederações são riquíssimas, com os cartolas, inclusive, recebendo salários, o que está certo, mas qual a origem do dinheiro para sustentar esses senhores?
No outro lado, federações e clubes estão falidos, enfraquecendo a estrutura do esporte de rendimento. Mas não se vê uma só ação de governo, protetor da elite, para mudar essa situação.
Donos do poder
O episódio da CBV não é exclusivo. É comum entre essas entidades, principalmente na época em que os balanços anuais são apresentados e, com agrados, aprovados.
Por isso, os cartolas sentem-se donos, proprietários das entidades que dirigem. E sem oposição, pois atletas e técnicos tremem falar sobre esses assuntos.
Como diz o senador Cristovam Buarque, “dirigente é uma função e a confederação que dirige não é sua propriedade”.
Mas as evidências mostram o contrário, eles são os donos, os proprietários. E o Estado, provedor financeiro, mas omisso no planejamento e na fiscalização, avaliza a ilegalidade incentivando a corrupção.