Blog do José Cruz

Arquivo : março 2014

Taekwondo na miséria reforça necessidade de CPI do Esporte Olímpico
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José Cruz

Crescem denúncias de desmandos no alto rendimento, fortalecendo a necessidade de criação de uma CPI do Esporte Olímpico com quebra de sigilo bancário e fiscal de todos os cartolas nos últimos 10 anos

 As mais recentes denúncias e protestos pela falta de verbas para treinos e competições vêm dos atletas da equipe principal do taekwondo. Eles precisaram fazer rifas  para disputar seletiva nacional, em Vitória. A notícia está aqui.

Há poucos dias, Arthur Zanetti fez passeata de protesto porque a prefeitura de São Caetano do Sul (SP) atrasou quatro meses os repasses de verbas para a equipe de ginática. Zanetti, medalha de ouro olímpico, é o líder da nova geração de ginastas, mas nem assim tem seu inédito título valorizado e prestigiado.

Semana passada, Maurren Maggi reclamou que está sem patrocínio. Também medalha de ouro olímpica, não consegue ganhos extras. Mas acredito que Maurren tenha Bolsa Atleta de expressivo valor,  além de renda da Confederação Brasileira de Atletismo. Pior é quem nada tem e está buscando lugar de destaque no time de cima. Como há 20 anos, a base, a iniciação, continuam desamparadas.

CPI

Por todos esses desmandos, diante da fartura de recursos públicos destinados ao alto rendimento, é que se torna indispensável a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, uma CPI para investigar o uso das verbas oficiais.

Essa CPI precisa ser instalada antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e é preciso, prioritariamente, que sejam quebrados os sigilos bancários e fiscais de todos os dirigentes de confederações nos últimos dez anos.

Esta semana publicarei um estudo sobre o dinheiro público no esporte olímpico que é de estarrecer se comparado com esses protestos de atletas que crescem a cada dia. Lembro que as confederações de Tênis, Basquete e Vôlei ainda devem explicações sobre as denúncias de uso irregular de verbas.

TCU e CGU já se articularam para investigar essas três entidades, no mínimo? A presidente Dilma Rousseff sabe que há efetivo desperdício de dinheiro público destinado ao esporte de alto rendimento?  Quem, afinal, está ganhando nesse comércio altamente suspeito, se os atletas de ponta reclamam que nada têm?


Esqueçam o que o ministro disse
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José Cruz

Para quem não gosta de Carnaval sugiro a leitura do livro “Os descaminhos do futebol”, do jornalista Jaime Sautchuk.

Escrito em 2001, Jaime aproveitou a CPI da CBF Nike para publicar os melhores momentos daquela investigação e analisar, também com efoque histórico, a gestão desse esporte.

Já no primeiro parágrafo do prefácio do livro, assinado pelo Mestre Tostão, observa-se que hoje, 13 anos depois daquela CPI, continuamos na mesmice. Pior, quem sabe!

“O futebol brasileiro chegou a um grande impasse. Até hoje (2001…), vigora o modelo antigo, pseudo-profissional. Predomina a política de troca de favores e falta de transparência”.

Nos últimos 13 anos mudou alguma coisa? Nada! apesar de termos no comando do Ministério do Esporte o deputado Aldo Rebelo, que presidiu a CPI da CBF Nike.

Em seu livro, Jaime publica entrevista que fez com o então deputado Aldo Rebelo. Lá pelas tantas tem o seguinte diálogo:

Até onde a CPI pretendia chegar? – indagou Jaime Sautchuk.

 

aldo nike

Ironias do esporteCom agasalho do CPB, Aldo veste vistoso modelo Nike

 

Aldo Rebelo   “Nós precisávamos fortalecer a ideia do futebol como espaço do interesse público, não apenas como interesse privado. Ao fazer isso, naturalmente, não pretendíamos que o desporto brasileiro viesse a ser o que é em Cuba, por exemplo. Num país como o nosso, o Estado deve ser, em primeiro lugar, o regulador. E funcionar como o promotor, especialmente no amadorismo, nas bases, garantindo o esporte nas escolas, nos campos de várzea. Assegurar (o Estado!) a prática do esporte, sem tratar dos aspectos administrativos e financeiros. Naquilo que diz respeito aos negócios do futebol o Estado precisa desempenhar o papel de fiscalizador”…

É assim que funciona? Não, não é. Ao contrário, o ministério tornou-se parceiro dos cartolas, a ponto de apoiar o projeto de lei que perdoa a bilionária dívida fiscal dos clubes. O restante dessa história conhecemos bem.

Os descaminhos do futebol

De Jaime Sautchuk

2001 – Verano Editora e Comunicação Ltda.