Esqueçam o que o ministro disse
José Cruz
Para quem não gosta de Carnaval sugiro a leitura do livro “Os descaminhos do futebol”, do jornalista Jaime Sautchuk.
Escrito em 2001, Jaime aproveitou a CPI da CBF Nike para publicar os melhores momentos daquela investigação e analisar, também com efoque histórico, a gestão desse esporte.
Já no primeiro parágrafo do prefácio do livro, assinado pelo Mestre Tostão, observa-se que hoje, 13 anos depois daquela CPI, continuamos na mesmice. Pior, quem sabe!
“O futebol brasileiro chegou a um grande impasse. Até hoje (2001…), vigora o modelo antigo, pseudo-profissional. Predomina a política de troca de favores e falta de transparência”.
Nos últimos 13 anos mudou alguma coisa? Nada! apesar de termos no comando do Ministério do Esporte o deputado Aldo Rebelo, que presidiu a CPI da CBF Nike.
Em seu livro, Jaime publica entrevista que fez com o então deputado Aldo Rebelo. Lá pelas tantas tem o seguinte diálogo:
Até onde a CPI pretendia chegar? – indagou Jaime Sautchuk.
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Aldo Rebelo – “Nós precisávamos fortalecer a ideia do futebol como espaço do interesse público, não apenas como interesse privado. Ao fazer isso, naturalmente, não pretendíamos que o desporto brasileiro viesse a ser o que é em Cuba, por exemplo. Num país como o nosso, o Estado deve ser, em primeiro lugar, o regulador. E funcionar como o promotor, especialmente no amadorismo, nas bases, garantindo o esporte nas escolas, nos campos de várzea. Assegurar (o Estado!) a prática do esporte, sem tratar dos aspectos administrativos e financeiros. Naquilo que diz respeito aos negócios do futebol o Estado precisa desempenhar o papel de fiscalizador”…
É assim que funciona? Não, não é. Ao contrário, o ministério tornou-se parceiro dos cartolas, a ponto de apoiar o projeto de lei que perdoa a bilionária dívida fiscal dos clubes. O restante dessa história conhecemos bem.
Os descaminhos do futebol
De Jaime Sautchuk
2001 – Verano Editora e Comunicação Ltda.