O caso Neymar e a lavagem de dinheiro no futebol
José Cruz
Foi preciso um jogador famoso, Neymar, para que a corrupção no futebol ganhasse destaque internacional e atenção das autoridades tributárias no Brasil.
A denúncia de irregularidades na venda de jogadores é pública no Brasil desde 2012, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório afirmando que o futebol é a maior lavanderia a céu aberto do mundo.
O documento foi elaborado pelo GAFI (Grupo de Ação Financeira), organização intergovernamental, com sede em Paris, criada pelo G-7. É o principal órgão no sistema internacional antilavagem de dinheiro.
Agora, as imundices ocultas do futebol voltam ao Brasil, e o negócio torna-se mais suspeito e real com o pedido de demissão do presidente do poderoso Barcelona, Sandro Rosell.
Como lembra Juca Kfouri em seu blog, esse senhor já presidiu a Nike Brasil e foi amigo de Ricardo Teixeira. Ambos, Sandro e RT motivaram a criação da CPI da CBF Nike, em 2001, quando os deputados, com dados de quebras de sigilos bancários e fiscal, escancaram a corrupção nos clubes, federações e CBF, claro. Há 13 anos conhecemos essa história…
João Havelange renunciou ao cargo de presidente de honra da Fifa, depois de denuncia de corrupção no caso ISL. Em 2011, ele já havia deixado seu cargo na assembleia do Comitê Olímpico Brasileiro.
Havelange se demitiria se fosse apenas uma “denúncia”, feita inicialmente pelo jornalista Andrew Jennings? O ato extremo denuncia a realidade. Quando esses poderosos senhores se afastam de cargos tão valorizado$ é porque a lama está perto de seus gabinetes.
Agora, as autoridades brasileiras correm para saber se toda a grana envolvida na transação do Neymar passou pelo Banco Central, para a correta operação de câmbio e, claro, recolhimento dos impostos, de renda, inclusive.
E os negócios com centenas de jogadores que entram e saem do Brasil, têm suas fichas financeiras limpas? Esse comércio passa, de fato, pelos guichês do fisco nacional?
Enfim, o mais emocionante esporte mundial, o mais prestigiado e de valorizadas imagens na TV mostra seu bastidor: corrupção, sonegação fiscal, negócios em paraísos fiscais, enriquecimento ilícito, traições e por aí vai.
Um importante e atualizado artigo foi publicado pelo doutor em economia, Mauro Salvo,funcionário do Banco Central, analisando o mercado brasileiro com enfoque na transferência de jogadores de futebol, detalha que o fluxo do dinheiro envolve “vários e importantes agentes financeiros na indústria do futebol: os clubes, os jogadores, patrocinadores, meios de comunicação, investidores individuais, os clubes de empresas, agentes de futebol” e até governos entram nesse negócio suspeito.
Não é isso que estamos vendo no caso Neymar? E os outros…?
Finalmente
Com a saída do presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu assumirá o cargo. Aqui, na CBF, o presidente é José Maria Marim. No futebol, cada país tem o Zé Maria que merece…