Blog do José Cruz

O crescente trambique fiscal do futebol

José Cruz

O rombo na conta da Previdência Social não para de crescer: saltou de R$ 42 bilhões, em 2012, para R$ 49,9 bilhões, no ano passado.

Desse calote, os clubes de futebol participam com R$ 4 bilhões, aí incluído o débito para com a Receita Federal. Ou seja, só o futebol corresponde a cerca de 10% da dívida total. Na medida em que os devedores não pagam, os valores crescem com os juros e correções. Assim, quanto maior a dívida melhor para justificar que ''a conta é impagável…'' E fica mais fácil para dar a tal ''voltinha'' no governo. Afinal, futebol tem apelo, né?

É com este balanço de valores crescentes que uma Comissão Especial na Câmara dos Deputados discute, desde o ano passado, um projeto de lei para perdoar a dívida dos clubes, os tais R$ 4 bilhões.

Se o projeto evoluir e for aprovado, como o governo explicará aos demais devedores esse benefício suspeito? Por que o privilégio para uns, contrariando a lei que manda cobrar de todos? Não é estranho?

Memória

A Comissão Especial que discute o projeto de lei é dominada por deputados-cartolas. Com apoio de assessores da CBF, eles atuam sem escrúpulos em causa própria e em favor de uma modalidade, o futebol, que tem gestão altamente suspeita de corrupção sistemática.

E toda essa armação ocorre na “casa da democracia”, pois é assim, com leis, que trabalham com agilidade para legalizar o trambique. A partir de fevereiro, quando o Congresso reiniciar os trabalhos, vamos ver o que as excelências aprontaram para a temporada.