Agressões no futebol são extensão da rotina brasileira
José Cruz
O Brasil realizará a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, mas, até agora, não acertou quem tem o compromisso de dar segurança aos torcedores nos estádios. Imagina quando retornarem os movimentos de rua, no renovado pedido de “padrão Fifa” para educação e saúde, principalmente…
Enquanto isso…
… o Estatuto de Defesa do Torcedor é claro em seu artigo primeiro que nos estádios de futebol a segurança é responsabilidade do Estado, das confederações, federações, ligas, clubes, associações ou entidades esportivas.
E quem fiscaliza isso? Não contem com o Ministério do Esporte, incapaz de acompanhar a correta aplicação das verbas que libera. Por isso, os desvios são gigantescos e as denúncias crescentes, acumulando processos, auditorias e tomadas de contas especiais.
Assim como em outros ministérios, os assuntos do esporte exigem discussão técnica, prioritariamente, mas predomina o debate político partidarizado. O resultado é desmando sobre desmando e a repetição de fatos cujas medidas para evitá-los foram anunciadas há anos.
Poranto, todos os discursos que ouvimos das autoridades sobre “providências para combater a violência nos estádios” são bobagens. Vão formar comissões, criar grupos de trabalho etc, mas sem resultados práticos, porque o esporte está sendo tratado exclusivamente com foco nos negócios, na renda, no lucro. Aí a eficiência é outra.
As agressões nos estádios são, na prática, extensão de tantas outras que começam na fragilidade dos serviços de saúde, educação, trânsito, insegurança pública etc.
Aqui em Brasília, por exemplo, o governo do Distrito Federal conseguiu aplicar este ano apenas 50% do que tinha previsto para a educação. Isso também é uma agressão. E não é que falte dinheiro. É que a grana foi desviada, em parte para socorrer outras secretarias que também tiveram suas verbas reduzidas para atender despesas do estádio Mané Garrincha. Não é isso uma agressão coletiva? Mas, como no Estatuto do Torcedor, o governo não está nem aí, confiante que a emoção do futebol faz esquecer tudo isso.