Gymnasiade: o que isso tem a ver com o Brasil?
José Cruz
Com um show do cantor sertanejo Michel Teló, 1,7 mil atletas de 38 países desfilam hoje em Brasília na abertura dos Jogos Mundiais Escolares, Gymnasiade. Estados Unidos, Cuba, Austrália, Coréia do Sul, Argentina, entre outros, não mandaram delegações.
É um evento para estudantes de 14 a 17 anos, inscritos em oito modalidades: atletismo, natação, caratê, judô, xadrez, ginástica rítmica, ginástica artística, ginástica aeróbica.
Os Jogos têm a chancela da Federação Internacional de Esporte Escolar que, no Brasil, é representada pela Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE). Sem receita própria, a CBDE é sustentada por verbas do Ministério do Esporte. Até agora não foi divulgado o orçamento dos Jogos nem a fonte pagadora das despesas.
Debates
Os Jogos Mundiais Escolares sugerem discussões sobre a trágica realidade da prática esportiva educacional no país. Há divergências históricas, resultado do desinteresse de governos afins sobre o segmento.
Por exemplo, os recursos pra o desporto escolar disponíveis na Lei Piva são destinados ao Comitê Olímpico Brasileiro. No ano passado, esse dinheiro esteve na casa dos R$ 16 milhões.
Sem tradição de prática esportiva nas escolas públicas, o Brasil convive com esse antagonismo de dispor de verbas – do Ministério do Esporte, inclusive – mas sem um programa de atividade para os estudantes, agravado pela falta de espaços adequados, professores despreparados e desmotivados e escassez de material. O desinteresse do governo sobre essa atividade reflete na página do Ministério da Educação na internet, que não faz qualquer referência sobre o evento escolar que começa hoje.
Mais:
Os Jogos Escolares da Juventude, que deveriam ser competência da CBDE, são executados pelo Comitê Olímpico, com recursos da Lei Piva. Mas também o COB não está nem aí para a Gymnasíade.
Enfim, que venha Michel Teló e vamos aos Jogos.