Bom Senso FC: alerta de greve
José Cruz
Pela terceira vez os jogadores da Série A se manifestam antes de um jogo, fortalecendo o movimento do Bom Senso F.C. Ontem, no Vasco x Cruzeiro, eles ficaram sentados em campo por alguns segundos como a enviar o alerta à CBF: “A greve é possível”!
Para melhor entender esse confronto entre jogadores e cartolas sugiro a leitura da entrevista com Paulo André, líder do movimento, à revista Veja desta semana, páginas amarelas.
Alguns trechos
“A CBF não entende que o ingresso está caro para o jogo que está sendo vendido. Os gramados são horríveis, os antigos estádios estão péssimos, tem jogo todo dia na TV. Não é um produto qualificado. “
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“O torcedor, como só vê o time nos dias de jogos, na quarta e no domingo, acha que trabalhamos pouco. É ilusão pensar que todo jogador é milionário. Só 3% dos profissionais recebem bem a ponto de poder encerrar a carreira e viver de renda”.
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“A gente espera que a CBF apresente uma proposta que seja benéfica para o futebol. Senão, não há muito que fazer além da greve.”
Enquanto isso…
É nesse ambiente que o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, negocia com deputados a aprovação de um projeto de lei para perdoar os R$ 4 bilhões que os clubes devem à Receita Federal e ao INSS.
A estrutura do futebol, como o esporte em geral, está um caco, aos pedaços, um lixo. A cada crise, os interessados se reúnem e resolvem seus problemas, e emendam a Lei Pelé, nº 9.615/98. É a lei do cada um por si.
O deputado Vicente Cândido, autor dessa aberração sobre a dívida, contesta que seja “perdão”. Mas é. Primeiro porque vão pagar só 10% do calote. Em segundo lugar, ganharam 240 meses, quando o contribuinte comum tem apenas 60 meses para saldar seus compromissos junto ao fisco.
Em resumo, estão propondo que o assalto já realizado seja legalizado. Pior: com o aval do assaltado, o Estado Brasileiro!
Os jogadores do Bom Senso F.C deveriam incluir em suas reivindicações uma varredura nas contas dos clubes para saber se os valores do INSS e Imposto de Renda, que descontam deles, está sendo repassado aos cofres públicos. Pode haver surpresas…