Verbas públicas e formação de atletas: a desordem vai a debate na Câmara
José Cruz
A CTD (Comissão de Turismo e Desporto) da Câmara dos Deputados realizará amanhã audiência pública sobre “recursos públicos no programa de formação de atletas olímpicos”.
Os debatedores confirmados são estes:
Ricardo Leyser – Secretário de Alto Rendimento do Ministério do Esporte
Francisco Antônio Fraga – Presidente da Confederação Brasileira de Clubes
Sérgio Bruno Coelho – Presidente do Minas Tênis Clube
Nelson Bechlin Wulff – Presidente do CONFAO (Conselho dos Clubes
Formadores de Atletas Olímpicos)
Arialdo Boscolo – Presidente da Federação Nacional de Clubes.
O debate, sugerido pelo deputado Romário (PSB/RJ), é sobre gestão do dinheiro de fontes públicas (estatais, Ministério do Esporte, Lei de Incentivo etc) distribuído a várias instituições “formadoras de atletas”. Na prática, cada um faz o seu programa, forma seus atletas, mas sem um comando central, que deveria ser do Ministério do Esporte, fixando metas e prioridades.
Afinal, de quem é comando do alto rendimento no país: clubes, federações, confederações, COB, governo?
Em 10 anos de governo do PT, com o PCdoB à frente do Ministério do Esporte, o que tivemos foi a multiplicação de fontes financiadoras e a falta de um gestor central. Resultado: o desperdício é evidente. Insisto: compete ao governo federal se envolver com a formação de atletas de alto rendimento, enquanto clubes têm ociosidade de seus espaços e, principalmente, o desporto escolar está ao abandono? Não temos modelo algum para o desenvolvimento do esporte para até que o atleta chegue ao alto rendimento.
No caso da Lei de Incentivo (R$ 300 milhões anuais desde 2006), o que essa grana representou no crescimento da estrutura formadora de atletas? Que resultados práticos temos das centenas de projetos aprovados? E quem cobra a falta de resultados? Lembro que o futebol é o principal beneficiado desse dinheiro sem volta que a Lei de Incentivo dispõe. Logo…
Certo é que o financiamento do esporte de alto rendimento está estatizado, mas a gestão é privatizada e a falta de prioridades para a base, onde se formam quadros de renovações, está sem prioridades, metas e, pior, sem interesse do financiador. Ressalvo que o vôlei e o judô fogem a essa regra.
Amanhã, os deputados ouvirão explicações e justificativas. Mas não teremos solução prática, como racionalizar o uso de tanto dinheiro – lei Piva, lei de Incentivo, convênios, patrocínio estatal. Principalmente, porque não temos estrutura de governo nem vontade política para mudar o sistema e corrigir o rumo do desperdício da verba pública.