O dinheiro público e o abandono à base do esporte
José Cruz
O PCdoB, que dirige o Ministério do Esporte, privilegia elite. Gerenciando muita grana pública, descobriu que a emoção do gol faz girar o capital
O programa “Profissão Repórter” de sexta-feira ouviu atletas que estão iniciando no esporte, e suas dificuldades para evoluir.
A reposta comum à primeira pergunta – “qual a principal dificuldade” – é a mesma de décadas: “falta de dinheiro”; “patrocínio”; “falta apoio”.
Carlos Luciano, do vôlei de praia, criou um site para arrecadar colaborações de amigos, viajou de carona e se alimentou mal para participar de uma etapa do campeonato de vôlei de praia. Se Carlos conseguir evoluir nesse labirinto de dificuldades chegará ao pódio e, então, terá algum ganho.
Mas quem perder agora fica pelo caminho, frustrado, como se não tivesse potencial algum. O Estado, apesar da estrutura institucional e financeira, não lhe oferece qualquer chance para se tornar um desportista de elite. A grana está concentrada na cúpula, no atleta pronto! Foram R$ 6 bilhões de verba feederal só no último ciclo olímpico. Que tal?
No mesmo “Profissão Repórter”, dirigido por Caco Barcelos, o brasiliense Marilson dos Santos, bicampeão da Maratona de Nova York e tri na Corrida de São Silvestre, também foi entrevistado.
Agora consagrado, exibe patrocinadores de peso – Nike, BM&f, Caixa e Pão de Açúcar. Marilson começou aos 12 anos, como Carlos Luciano, sem apoio, correndo descalço nas ruas de Brasília. O ''apoio'' só apareceu quando ele mostrou potencial.
A iniciação no Brasil não tem programa, plano, planejamento, projeto, política, nada que incentive o jovem atleta! É cada um por si, enquanto os competidores de alto rendimento esbanjam dinheiro. Dinheiro público que sai pelo ladrão, no bom sentido, claro.