Fifa está apreensiva, mas garante que “black blocks serão contidos”
José Cruz
''O Brasil está percebendo que a vantagem de sediar um grande evento pode se tornar uma desvantagem''
(Mark Pieth, presidente do Comitê Independente de Gestão da Fifa)
Por Afonso Morais
Aarhus (Dinamarca) – Dirigentes da Fifa estão com as barbas de molho, apreensivos com as possíveis manifestações contrárias à Copa no Brasil, em pleno evento. Mas também alertam que os baderneiros serão contidos, diante da onda de manifestações que já ocorrem nas ruas e estradas, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo.
''Ficamos surpresos com as violências, assim como muitos brasileiros. Mas os black blocks não terão sucesso e serão contidos se tentarem invadir qualquer jogo da Copa'', disse o diretor de Comunicação da FIFA, Walter de Gregorio.
A declaração foi na Dinamarca, onde ocorre a conferência Play the Game – “Intensificando a Democracia no Esporte”.
Para Gregorio, “a Copa do Mundo no Brasil será o maior desafio da Fifa'', principalmente porque há informações, segundo o dirigente, de que os mascarados preparam a paralisação de uma das partidas do Mundial.
Aposta
De forma discreta, mas oportuna, Walter de Gregorio procura mostrar que a responsabilidade para conter os desordeiros é do governo e isso poderá lhe trazer prejuízos políticos, inclusive. ''A Copa do Mundo poderá ajudar ou atrapalhar as eleiçoes presidenciais, que serão realizadas três meses após o encerramento da competiçao''.
O Brasil é o centro das atenções na reunião do Play de Game, entidade que congrega jornalistas esportivos e especialistas nos vários segmentos do setor. Muitos palestrantes têm a expectativa de que a oposição dos brasileiros aos gastos públicos com a preparação dos megaeventos ocorra com maior vigor durante a Copa 2014.
Os conferencistas acreditam que, pela primeira vez na história dos campeonatos mundiais, a população de um país anfitrião poderá se tornar a arma mais poderosa para denunciar os desmandos e exigências da Fifa ao país-sede da Copa.
''O Brasil está percebendo que a vantagem de sediar um grande evento pode se tornar uma desvantagem'', disse Mark Pieth, presidente do Comitê Independente de Gestão da Fifa.
Ausência oficial
O encerramento do Play de Game, nesta quinta-feira, abordou o tema “Megaeventos e Democracia: o desafio brasileiro”.
O debate foi com o diretor de comunicação do Comitê Organizador Local da Copa 2014, Saint-Clair Milesi, o auditor da Controladoria Geral da União, Breno de Souza, a professora Katia Rubio, da Universidade de São Paulo, e o repórter investigativo britânico Andrew Jennings.
O secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luís Manuel Rebelo Fernandes, que constava da programação, não apareceu, deixando um claro na mesa dos debates e os jornalistas com várias perguntas sem respostas.
Bombardeado com indagações, Saint-Clair não pode responder a todos, pois eram assuntos de responsabilidade do governo federal. A lacuna deixada pelo Ministério do Esporte num evento em que até a criticada Fifa compareceu, não pegou bem diante da imprensa estrangeira.
Para saber mais:
Afonso Morais, jornalista, é colaborador deste blog
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