Blog do José Cruz

A omissão das excelências diante da miséria e da fartura do esporte

José Cruz

A CTD (Comissão de Turismo e Desporto) da Câmara dos Deputados debaterá na terça-feira sobre a aplicação dos recursos públicos na formação e preparação de atletas olímpicos. Será com presidentes de clubes, o Ministério do Esporte, que é o órgão financiador etc.

As audiências públicas promovidas pela CTD têm sido riquíssimas, tanto pelos temas que abordam quanto pelas valiosíssimas informações trazidas pelos convidados, que debatem sobre esse ainda intricado sistema do esporte de alto rendimento no Brasil.

Na última quarta-feira, por exemplo, tivemos um desses momentos.

O presidente da Federação Cearense de Basquete, Adelson Leite, explicou como a entidade que ele dirige recebeu R$ 29 mil dos bingos, no longínquo 1995, e hoje deve mais de R$ 1 milhão só à Receita Federal.

Adelson se emociona nessa exposição, pois aos 81 anos ele dirige uma federação de basquete falida, mas que, mesmo assim, realiza um campeonato estadual de menores com 15 equipes, colocando em opostos a miséria e a fartura do esporte.

Só no último ciclo olímpico, os cofres do governo injetaram R$ 6 bilhões na preparação dos atletas de todas as modalidades que foram aos Jogos de Londres.

Enquanto isso…

Vejam nesta foto as condições do alojamento onde dormem os jogadores de basquete do Ceará. É a chamada “categoria de base” ou “de iniciação”, os ''atletas do amanhã''….

A imagem repercute o momento caótico da principal entidade, a  Confederação Brasileira de Basquete, cujo patrocínio chegou a ser suspenso pela Eletrobrás, por falta de transparência no uso da verba pública.

Diante dessas realidades, qual a ação da Comissão de Turismo e Desporto, depois de uma audiência pública com informações desse tipo?

Nenhuma!

Em primeiro lugar, a maioria dos deputados da CTD não comparece à audiência, principalmente quando o assunto não trata de futebol…

Com agenda apertada, eles se dividem entre o plenário e reuniões em outras comissões.

Há desperdício de tempo, de recursos humanos que trabalhou na preparação da audiência e, principalmente, desperdício de informações que poderiam orientar as excelências em projetos efetivos para resolver de vez a desordem institucional do nosso esporte.

E assim é no Senado. As excelências ouvem, quando muito, mas não agem. Logo, se omitem.

É isso. O poderoso Congresso Nacional é omisso na busca de soluções para os gravíssimos problemas do esporte de base e de alto rendimento no país.