O “drible da vaca” está a caminho e o fisco que se lixe
José Cruz
A proposta do governo para ''aliviar'' as dívidas fiscais dos clubes de futebol – mais de R$ 2 bilhões -, anunciada pelo ministro Aldo Rebelo, ainda não saiu do Palácio do Planalto.
Mas na Câmara dos Deputados a tropa de choque dos cartolas e do próprio governo já se mobiliza para tentar aprovar o que vier.
A primeira reunião para afinar discurso e defesa do projeto foi realizada na quarta-feira na liderança do PTB, sob o comando do deputado Jovair Arantes (GO).
Mas há dissidências, como a deputado Deley.
Ex-craque do Fluminense, ele contesta o perdão e outros privilégios aos caloteiros com um argumento forte: as Santas Casas também são devedoras ao fisco e o governo não está nem aí para o drama desses hospitais de atendimento à população carente.
O deputado Vicente Cândido (PT/RJ), autor da projeto de lei do perdão da divida que inspirou o ministro Aldo Rebelo a abraçar a proposta, defende que o governo edite medida provisória.
Se isso ocorrer, todos os clubes caloteiros serão perdoados imediatamente de suas dívidas!
E, melhor, estarão “limpos” para receber verbas federais, da Lei de Incentivo, do orçamento do Ministério do Esporte ou de patrocínios estatais.
O que entristece nessa mobilização política é que o próprio ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que conhece detalhamente sobre a fragilidade gestora dos clubes de futebol, está na liderança dessa campanha.
Como presidente da CPI da CBF Nike, Aldo viu como ocorre a evasão de divisas, o enriquecimento ilicitito de dirigentes esportivos, a sonegação fiscal, a falcatrua, enfim. À época, combateu com rigor esses desmandos que eram casos de polícia.
Mas, agora, quando deveria ser fiscal rigoroso do bem público — pois é isso que se espera de um ministro de Estado — o deputado e ministro Aldo Rebelo troca de lado e passa a defender os que driblaram o fisco e desviaram sabe lá pra onde o dinheiro que recolheram de seus funcionários.
Além de Deley, que já se posicionou contra o perdão ao calote, temos os deputados Afonso Hamm, Romário e Danrley como ex-jogadores profissionais. Que posição vão tomar diante desse projeto do Executivo?
E a presidente Dilma Rousseff, vai aceitar escancarar os cofres, perdoar dívidas públicas e isentar os caloteiros de punição?