Bolsa Atleta: um “apoio qualquer”?
José Cruz
O secretário de Esporte de Alto Rendimento, Ricardo Leyser Gonçalves, reagiu à reportagem de Rodrigo Mattos, do UOL Esporte, denunciando que atletas pegos em doping e outros com idade avançadíssima são beneficiados pelo Bolsa Atleta.
“No fundo, no fundo, esses jornalistas `udenoesportista` não gostam mesmo de esporte. Acham ruim qualquer apoio do governo ao esporte”, disparou Leyser no twitter.
Não é “qualquer apoio”, Leyser.
Não trate com desleixo os R$ 70 milhões que serão aplicados em bolsa, este ano. Você é o gestor de um bem que não lhe pertence, um bem público. Zelo, portanto.
O Bolsa Atleta é um programa importantíssimo que deveria estar integrado num projeto amplo do governo, no contexto com os demais programas que liberam muita grana. Mas ainda não temos isso, mesmo 10 depois da criação do Ministério do Esporte.
E não temos porque falta pessoal qualificado em quantidade suficiente para fiscalizar o destino do dinheiro, por exemplo. Estagiários e bolsistas que ocupam essas vagas não têm compromisso com o serviço público. São passageiros em suas funções. E isso facilita a corrupção, como ficou provado no Segundo Tempo e se está próximo de demonstrar na Lei de Incentivo ao Esporte.
Recentemente, não fosse a denúncia de falcatruas na Confederação de Tênis ninguém saberia que o presidente Jorge Rosa apresentou notas fiscais frias de R$ 440 mil numa prestação de contas da Lei de Incentivo. De tal forma enganosas que o Ministério reconheceu a fraude e determinou a devolução da grana.
Da mesma forma, se um atleta esperto disser que é campeão sul-americano ou mundial de badminton, por exemplo, e apresentar um documento fabricado com carimbo falso, quem vai comprovar a veracidade do título?
E lá saem R$ 3.100,00 mensais para o bolsita “campeão”.
Jornalista de esporte gosta de esporte, Ricardo Leyser. E gosta, também, de jogo limpo com dinheiro público.