A complicada transição de Cesar Cielo
José Cruz
Centro das atenções no primeiro dia da Clínica de Natação em Brasília, Cesar Cielo explicou nesta segunda-feira como administra as relações com seus três técnicos nessa nova fase, depois que o Flamengo acabou com a equipe de natação. Difícil de entender, porque envolve patrocínios. Mas vamos lá.
Há duas semanas, Cielo disse que voltaria a treinar com seu ex-técnico, o norte-americano Scott Goodrich. “Mais um ali na beira da piscina”, disse ele na coletiva de ontem, ao lado do técnico brasileiro, Albertino (Alberto Silva), comandante da equipe masculina de natação.
Diante da imprensa, as explicações do nadador eram medidas para explicar o novo momento. Porque, além de Scott e Albertino, Cielo consulta seu ex-técnico, o australiano Brett Hawke, que o levou à conquista da medalha de ouro em 2008: “Me faz bem ouvir ele” (Brett).
“Mas o Albertino dá a última palavra”, grantiu Cielo evitando ofender o profissional da CBDA.
“Se o chefe falou está certo”, concordou Albertino, apesar de ter declarado na semana passada que não comandava mais os treinos de Cielo.
Entenderam? Pois é, tá difícil”
Em resumo:
Com uniforme da Embratel, Cielo estava num evento patrocinado pelos Correios e isso era constrangedor para as duas partes. Principalmente para a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). Afinal, era o maior astro da natação brasileira destoando explicita e publicamente das relações comerciais de sua confederação.
É bom lembrar que, após ganhar a medalha de ouro olímpica em 2008, Cielo criticou a “falta de apoio da CBDA”. Poucas horas depois, ele aparecia sorridente abraçado ao presidente Coaracy Nunes, já vestindo o uniforme amarelo dos Correios, boné à cabeça. O acerto financeiro deve ter sido expressivo. E merecedor, claro.
É claro que Cielo teve prejuízos financeiros com a saída do Flamengo e precisa compensar isso. É próprio do esporte de rendimento e de campeões olímpicos.
Mas ao anunciar que voltaria a treinar nos Estados Unidos e se apresentar com uniforme da Embratel ele expôs o rompimento – momentâneo, quem sabe – com os Correios. E procura compensar esse desgaste para a CBDA afirmando que Albertino ainda tem a última palavra, mesmo treinando com um norte-americano e recebendo conselhos de um técnico australiano…
Se financeiramente Cielo busca o melhor acordo, tecnicamente parece que ele ainda está no prejuizo, pois é muito técnico opinando num treinamento só.