Mulheres contempladas com Bolsa-Atleta fazem antidoping na presença de um homem
José Cruz
As mulheres contempladas com Bolsa Atleta do Ministério do Esporte que se submetem a exame de controle de dopagem coletam a urina diante de um homem e não de uma mulher, como é praxe nesse procedimento de intimidade feminina.
“Ele (o homem) fica de costas, mas no mesmo ambiente em que estamos e isso é constrangedor”, comentou uma atleta que não quis se identificar.
Indagado sobre o assunto, o diretor executivo da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), Marco Aurélio Klein, não revelou o nome do fiscal, limitando-se a um resumido comunicado e informando que, oportunamente, dará detalhes.
“O Oficial de Controle de Dopagem que está fazendo este controle é médico, com 25 anos de experiência em controle de dopagem”.
Português
Segundo denúncias, o tal médico oficial de dopagem é de origem portuguesa.
Os exames estão sendo realizados numa sala do Clube do Exército, em Brasília. Uma das atletas indagou se em Portugal ele agia da mesma forma com suas conterrâneas. A resposta foi ríspida e ameaçadora:
“Isto (a coleta de urina) é um procedimento médico. Quem não se submeter coloco na ficha que houve recusa”.
No caso de recusa a exame antidoping o atleta pode pegar até dois anos de suspensão.
Grave
Para um programa “educacional”, como esse lançado pelo Ministério do Esporte, considero muito grave submeter mulheres ao constrangimento da presença de um homem no momento do exame, independentemente de sua formação profissional.
Nos eventos internacionais esse procedimento é feito por mulheres, sempre que preciso.
Lançado em novembro do ano passado, a ABCD não tem, ainda, uma equipe para desenvolver o seu programa.
Indaguei ao diretor da ABCD sobre o médico estrangeiro, mas a resposta virá oportunamente.
Sorteios
A iniciativa do Ministério do Esporte faz sentido, pois já houve casos de pagar as parcelas mensais da Bolsa Atleta para competidores punidos por uso de doping.
Até o fim do mês, a ABCD realizará 100 exames de controle de doping em atletas de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, um número ainda muito distante dos quatro mil contemplados com a Bolsa Atleta.
Em entrevista ao portal do Ministério do Esporte, Marco Aurélio explicou que os 100 atletas que passam por exame foi por sorteio:
“O sorteio dos atletas foi aleatório, levando como base somente o tipo de modalidade. Existe um padrão internacional no número de testes definidos, como modalidades que tem menos praticantes, casos de atletas pegos na dopagem. Determinadas modalidades por padrão histórico internacional tem uma referência internacional de proporção nos testes. Você tem modalidade que vai ter poucos. O futebol, por exemplo, está fora desses primeiros 100, porque já existe uma prática regular de controle de dopagem dentro desse esporte.”