Eleições no COB: “Eu vejo um museu de grandes novidades”
José Cruz
Quem, afinal, é o dono dessa festa, o Ministério do Esporte ou o Comitê Olímpico?
Reconduzido à presidência do Comitê Olímpico até 2016, Carlos Arthur Nuzman apresentou as principais metas:
Colocar o Brasil entre os dez primeiros países pelo total de medalhas no Rio 2016;
Em parceria com as Confederações e o Ministério do Esporte, executar o Programa Estratégico Olímpico 2016 elaborado pelo COB, que é um conjunto de projetos criteriosos e detalhados para cada modalidade;
Ampliar o número de atletas capazes de conquistar medalhas;
Aumentar o número de medalhas nas modalidades em que já temos tradição de conquistas olímpicas;
Conquistar medalhas em novas modalidades;
Intensificar a utilização das Ciências do Esporte na preparação dos atletas;
Consolidar um novo patamar do esporte de alto rendimento no país a partir de 2016.
Confronto?
Há duas semanas, em Brasília, o Ministério do Esporte também apresentou seu plano “Medalhas 2016”. E destinará recursos públicos de várias fontes diretamente às confederações, que são filiadas ao COB.
Na falta de um trabalho integrado há um evidente conflito entre o Ministério do Esporte e o Comitê Olímpico. Ambos desmentem, porque não é oportuno expor divergências publicamente. Mas elas existem.
O governo, como escreveu o companheiro Perrone em seu blog, vai pressionar o COB por ''transparência''.
Mas, como diria o poeta Vinícius, “o buraco é mais embaixo”.
Ou mais em cima, como queiram.
O buraco começa aqui mesmo, em Brasília, na Esplanada dos Ministérios.
Começa pela falta de uma política “integrada” de esporte, e não isolada, como ocorre, evidenciando inoportuno confronto entre duas forças do esporte instituições pública e a privada;
Começa também pela falta de planejamento de longo prazo.
O PCdoB está há nove anos no Ministério do Esporte; realizou três Conferências nacionais e, agora, lança um plano emergêncial para 2016… Desperdiçamos uma década;
Começa pela falta de pessoal habilitado no Ministério do Esporte. Durante muitos anos os ex-ministros que por ali passaram – Agnelo Queiros e Orlando Silva “passaram”, é a expressão certa – fizeram de seus gabinetes cabides de emprego e negócios suspeitos, enquanto o órgão exigia estrutura profissional e de credibilidade em nível de país olímpico.
Dinheiro farto
O COB recebe regularmente recursos da Lei Piva!Foram R$ 416 milhões entre 2009 e junho de 2012.
Mas o Ministério do Esporte, a Lei de Incentivo e sete estatais – Banco do Brasil, Caixa, Petrobras, Infraero, Correios etc… destinaram R$ 979 milhões ao esporte de rendimento. Isso sem falar na Bolsa Atleta.
Logo, o cofre mais forte está em Brasília. Mas onde está o projeto central que gerencia essa bilionária bufunfa?
Quem, afinal, é o dono dessa festa, o Ministério do Esporte ou o Comitê Olímpico?
E que controle teve o Ministério do Esporte sobre o dinheiro que liberou? Que fiscalização realizou? Quando desses recursos foram destinados à base, à iniciação? Que resultados obteve?
Enfim, o problema não é mais “falta de apoio” – dinheiro, grana; nem de instituições nem de legislação. Temos tudo, cartolas em perpétuo comando, inclusive.
Só mesmo lembrando o poeta Cazuza, em ''O tempo não para'':
''Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para''