Blog do José Cruz

Deboche olímpico

José Cruz

No Quatro em Campo de sexta-feira, os companheiros da CBN – Paulo Massini, Francisco Aiello, Marcos Guiotti e André Sanches –  indagaram:

Afinal, o presidente do COB, Carlos Nuzman, está a perigo e pode seguir o rumo de Ricardo Teixeira,  que abandonou a CBF para tentar se salvar das acusações de corrupção?

Difícil, mas não impossível.

Contra Ricardo Teixeira havia provas de corrupção, no caso da ISL, investigado pelo jornalista Andrew Jennings. A Fifa colocou o cartola contra parede, também para salvar o presidente Blatter, pois há indícios de que está no mesmo barco.

No caso de Nuzman ainda não há provas, indispensáveis para um processo de desligamento, apesar da gravidade dos fatos registrados nos últimos dias, a partir do roubo de documentos dos computadores dos Jogos de Londres e invasões de sede da Confederação de Desporto no Gelo. Isso sem falar no escândalo do Pan 2007…

Curiosidades

A reeleição de Nuzman, na sexta-feira, mostrou dois fatos curiosos: o primeiro é o release do COB, que se refere ao presidente como “advogado”.

Em entrevista à TV, Nuzman já declarou que tem escritório, onde despacha três vezes por semana.

Assim,mostrando que Nuzman tem uma profissão, justifica-se a sua fonte de renda. Afinal, se o presidente não é remunerado pelo cargo, de onde vem o seu salário?

Agora já se sabe: Nuzman é advogado…

O segundo fato que chamou atenção foi a presença de João Havelange, de 96 anos, um dos três membros natos da assembleia do COB – os outros são o próprio Nuzman e o vice, André Richer.

E daí?

Daí que João Havelange renunciou ao cargo na assembleia do Comitê Olímpico Internacional! Fez isso para fugir de um processo e sanções por causa da denúncia de propina que recebeu da empresa de marketing ISL, conforme documentos da Suprema Corte da Suíça.

Mas, aqui, o ex-poderoso presidente da Fifa continua com liberdade para votar e homologar o nome do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Nuzman! E ainda é homenageado com nome de estádio, no Rio de Janeiro…

Esporte & política

Esse episódio lembra o caso de Paulo Maluf, que não pode sair do Brasil sob pena de ser preso pela Interpol.

Ele é um dos nomes mais procurados do mundo, também por corrupção e evasão de divisas, na época em que era prefeito de São Paulo.

Mas, no Brasil, o ilustre procurado pela polícia internacional é deputado federal!!!

Aqui, Maluf circula livremente com regalias de parlamentar pagas com dinheiro público.

Enfim, neste Brasil esporte e política demonstram ser instituições que contribuem para o fortalecimento da corrupção, exaltam os seus autores e até oferece imunidade política e proteção policial.

Tais fatos, além de agressões públicas, são um deboche olímpico!