Lars Grael pede “gestão esportiva mais democrática, plural e transparente”
José Cruz
Sobre a decisão do governo de adiar para depois dos Jogos Rio 2016 a implantação de critérios que democratizem a gestão do esporte, recebi a seguinte mensagem do velejador Lars Grael, que integra o grupo Atletas pela Cidadania.
Recuar, jamais!
Esta é posição do movimento Atletas pela Cidadania diante a um eventual recuo do Ministério do Esporte na posição de condicionar investimentos públicos para as confederações com um dispositivo que limite os mandatos dos coronéis do esporte.
Seria a hora de fincarmos a bandeira por um modelo de gestão esportiva mais democrática, plural e transparente.
As entidades de administração do desporto são entidades de direito privado, sim, mas representam um bem público nacional que é o esporte, no caso Olímpico e Paralímpico. Vivem e se abastecem de investimentos majoritariamente públicos. Nada mais natural e democrático que nossos dirigentes tenham noção de transitoriedade. Seria uma grande contribuição do Ministro Aldo Rebelo para o futuro do esporte brasileiro.
Usar a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 como reféns, do “não se pode acabar agora com um trabalho encaminhado para estes eventos globais”, não serve!
Os bons presidentes de confederações poderão terminar seus mandatos, e se forem bons, serão capazes de eleger um sucessor. Outros que se perpetuam por décadas perceberão a necessidade de separar o público do privado. Separar o pessoal do institucional. O esporte é de todos. É este novo modelo de governança que a sociedade anseia.
Devemos seguir o exemplo a partir da cúpula do esporte, o Comitê Olímpico Internacional, que por iniciativa de seu presidente, o velejador Jacques Rogge, alterou o estatuto do COI permitindo apenas uma reeleição, já a partir de seu próprio mandato.
No Brasil, algumas entidades esportivas adotaram espontaneamente este conceito, como o Comitê Paralímpico Brasileiro.
Não queremos cartolas, queremos gestores e que sejam profissionalizados.
Queremos que atletas, treinadores e árbitros tenham direito ao voto.
O lobby das confederações poderá atropelar este movimento pela democracia no esporte. Podemos até perder esta batalha, mas ganharemos a guerra, por que a causa é certa. Defender a tirania da cartolagem, é indefensável.
Esperar por 2017, seria incorrer num equívoco histórico.
Lars Schmidt Grael