Agnelo ingressa no mercado de carros usados
José Cruz
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, negociou um carro usado com um policial, João Dias.
João Dias é aquele sujeito que pegou R$ 2 milhões para desenvolver um projeto do Segundo Tempo, em Brasília, quando Agnelo era ministro do Esporte. Os dois eram amigos íntimos.
''Fala meu chefe''… é como Agnelo saudava João Dias.
Vieram as denúncias. A Polícia concluiu desvio dos R$ 2 milhões para negócios suspeitos, campanhas eleitorais etc. João foi preso. E solto pouco tempo depois
Preocupado com o seu futuro, João foi ao Ministério do Esporte. Ameaçou denunciar o esquema de corrupção no Segundo Tempo, se não aprovassem suas contas, fraudadas.
Negócio
É nesse momento que o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, negociou um carro usado com João Dias.
Depois, pensando bem, a dupla desistiu do negócio. Devolve o carro que te devolvo o dinheiro. E assim fizeram, explicou o porta-voz do governdor, Ugo Braga.
Estão aí as relações perigosas de um ex-ministro do Esporte, do atual governador da capital da República, envolvido com uma pessoa que enriqueceu do dia para a noite e não cumpriu o contrato do Segundo Tempo.
É tudo muito estranho e suspeito, mas o estarrecedor é como Agnelo, que mora numa casa luxuosíssima em área nobre do Distrito Federal, se envolve com investigados pela Polícia para negociar um carro usado.
E conta essa história como se todos fôssemos ingênuos e crentes nas suas afirmações.
Esporte
Agnelo, investigado pela CPI do Cachoeira, Polícia Federal, Ministério Público etc, serve de exemplo para demostrar como eram os bastidores do Ministério do Esporte.
Também no tempo do ex-ministroOrlando Silva operações assim eram comuns. O dinheiro saía para projetos e não chegava ao destino.
No ano passado, a Controladoria Geral da União determinou a devolução de R$ 49 milhões aos cofres públicos.
Há casos envolvendo ex-diretores do Ministério do Esporte, como denunciei, em Juiz de Fora (MG), o projeto da Federação Paulista de Xadrez, enfim.
Com a eficiente e ágil Justiça, os envolvidos evoluem em seus projetos, assumem cargos importantes e, depois, contratam assessores para desmentir ''vendas de carros'' mal feitas.
Nessa história, é o dinheiro do esporte que dançou, saiu pela janela, foi para o bolso de muita gente, poderosa ou não.
Também por isso, os atletas reclamam: “O dinheiro não chega na base”…
Bueno, aí depende de que “base” estamos falando.
PS: Aproveito para anunciar a venda de uma Brasília, vermelha, ano 2004, carburador novo, nunca foi batida. Aceito cheque ou depósito em conta. Mas, concluído, não desfaço o negócio. Governadores têm preferência.