Legado de R$ 14 milhões do Pan 2007 será demolido
José Cruz
Velódromo do Rio de Janeiro não atende aos “padrões olímpicos”. Decisão atingirá projeto de formação de atletas que aplicaria R$ 20 milhões em três anos
A notícia divulgada no ano passado confirma-se agora: vão demolir o Velódromo que sediou os Jogos Pan-Americanos de 2007.
Primeiro desastre
Projetado em 2003, o preço inicial do Velódromo foi de R$ 7 milhões. Ao final da obra o custo dobrou: R$14.116.000,00.
Desse total, R$ 2,1 milhões foram do governo federal, para a importação de madeira maciça de pinho siberiano, para a pista.
Os R$ 12 milhões restantes saíram do orçamento da Prefeitura do Rio de Janeiro, segundo o relatório do Pan 2007, do Ministério do Esporte.
Segundo desastre
A proposta original do Comitê Organizador do Pan era ter um velódromo provisório. O Ministério do Esporte e a Prefeitura do Rio decidiram por um permanente, pois não havia nenhum na cidade.
Agora, cinco anos depois, as excelências concluem que o espaço está “fora dos padrões olímpicos”.
Terceiro desastre
O Velódromo tem apenas 1.500 lugares e o Comitê Olímpico Internacional exige 5.000. Se fosse em Brasília, com certeza teríamos um velódromo para 70 mil pessoas…
Além disso, duas pilastras que sustentam a cobertura impedem a visualização total da arbitragem e prejudicam as transmissões de TV.
Quarto desastre
Além de R$ 14 milhões de dinheiro público jogados no lixo, os melhores atletas de ciclismo de pista serão prejudicados, pois ficarão sem o local de treinamento. Eles participam de um projeto de longo prazo, com investimentos de R$ 20 milhões em três anos.
Outras 60 crianças que ali fazem iniciação no ciclismo, atletas da patinação e da ginástica também serão diretamente prejudicados pela eficiência do planejamento esportivo nacional.
O Velódromo do Rio e as colunas do ''desastre olímpico''
O que diz o Ministério do Esporte?
A resposta está aí, mas é evitente que começou o jogo de empurra:
''A decisão de construir o velódromo para os Jogos Pan-americanos de 2007 foi da prefeitura do Rio, que definiu as especificações junto com o Comitê Organizador. O Ministério do Esporte não financiou a obra, apenas atendeu pedido da prefeitura para pagar a pista, importada da Holanda, que custou R$ 2,1 milhões. A intenção das partes naquele momento era prover a cidade com uma instalação que servisse para treinamentos e competições do ciclismo e eventualmente de outras modalidades.
Quanto aos requisitos, são as federações internacionais das modalidades que decidem as especificações das instalações a serem utilizadas a cada edição dos Jogos Olímpicos – de inverno ou de verão. É comum, a cada edição, as federações alterarem os requerimentos em diversos aspectos, como, por exemplo, a capacidade de público, áreas de imprensa, vestiários, entre outros. No caso do atual velódromo, a Federação Internacional de Ciclismo decidiu que ele não poderia ser utilizado para 2016.
Por isso, o Ministério do Esporte está negociando o seu remanejamento para outra cidade onde ele igualmente seja importante para o ciclismo brasileiro. A cidade, o prazo e o custo do remanejamento do velódromo estão sendo definidos pelo Ministério.
Um novo velódromo será construído na área do atual autódromo de Jacarepaguá onde será erguido o futuro parque olímpico do Rio. A construção está a cargo da prefeitura com recursos do governo federal. O cronograma de construção do novo equipamento está sendo definido pela prefeitura do Rio e o valor será estipulado no projeto executivo da obra.
Quanto ao espaço para os atletas treinarem, o COB, o Ministério e a prefeitura do Rio estão buscando alternativas, de modo que não haja prejuízos à preparação das seleções que treinam no velódromo.''