Governo se torna poderoso “cartola” ao financiar 72% do basquete nacional
José Cruz
A Confederação Brasileira de Basquete faturou de R$ 25 milhões em 2011: R$ 17,9milhões (72%) são de verbas públicas. Um pouco menos que no ano passado, quando a participação de verbas governamentais foi de 97%, conforme balanços da Confederação, recentemente divulgados.
Em termos financeiros o governo federal é o principal cartola do país, mas entra só com a grana, sem participar da formulação de políticas para a modalidade. Neste aspecto, nem sei se isso seria bom… Mas fica evidente que as finanças do esporte de rendimento no país são despesas do Estado, mas a gestão é privada. Bom demais!
Gastos
O balanço demonstra que em 2011 quase a metade da arrecadação (45%) da Confederação de Basquete foi para despesas com “administração” e “pessoal”.
E, mesmo reforçada por empréstimos bancários de R$ 13,8 milhões, a CBB fechou o ano no vermelho, déficit de R$ 2,6 milhões. Só de “despesas financeiras”, juros, por exemplo, foi gasto R$ 1,2 milhão.
Isso significa que o Estado – ou você, caro leitor – também ajudou a pagar a conta de um esporte profissional, que recebeu só R$ 800 mil de cotas de TV.
Por tudo isso, seria oportuna uma investigação do Tribunal de Contas da União ou da Controladoria Geral da União na gestão de Carlos Nunes, presidente da CBB.
Fontes
A principal fonte do basquete continua sendo da Eletrobras, que em 2011 destinou R$ 12,4 milhões de patrocínino. Poderia ter sido mais, pois do contrato foram reduzidos R$ 825 mil gastos indevidamente em 2010 e que, agora, foram devolvidos.
Como se observa, a estatal tem controle rígido sobre os gastos do dinheiro que aplica no esporte.
E o Ministério do Esporte faz o mesmo? Fiscaliza o dinheiro que repassa ao basquete profissional? Não, não fiscaliza! Recebe prestações de contas, mas não manda ninguém ao local para ver se o projeto está sendo desenvolvido de acordo com a proposta original.
FONTES DE VERBAS OFICIAIS | VALOR R$ |
Lei Piva – loterias/via COB | 2.292.170,00 |
Patrocínio da Eletrobras | 12.409.960,00 |
Lei de Incentivo ao Esporte | 2.303.781,00 |
Convênio Ministério Esporte | 991.910,35 |
T O T A L | 17.997.821,35 |
Sem controle
Modalidade que se sustenta com valorizados patrocínios comerciais mundo afora, no Brasil o basquete profissional é altamente dependente do poder estatal, em detrimento da destinação de verbas para o desporto escolar, como determina o artigo 217 da Constituição Federal. E não há quem puna tais irresponsáveis pela omissão. Muito bom para os ''promotores'' de eventos.
Para saber mais
Leia a entrevista de Hortência, diretora da CBB, e respectiva análise no blog do especialista Fábio Balassiano, para comprovar como o governo está afundado e perdido num negócio de espertos.