Esporte, negócios e fartura: Governo construirá novo autódromo no Rio
José Cruz
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, anunciou que o governo federal construirá novo autódromo no Rio de Janeiro.
É desanimador contrastar o desempenho do rigoroso deputado Aldo Rebelo dos tempos da CPI da CBF Nike com os de agora, tomando tais decisões ministeriais diante das carências e mazelas do nosso esporte de base e dos desmandos nas gestões financeiras dos cartolas em geral.
Enquanto isso…
… a faculdade de educação física da Universidade de Brasília (UnB) está há quatro anos com suas piscinas fechadas, pois falta dinheiro para recuperá-las.
… as pistas de atletismo, também na UnB, que já receberam alguns dos maiores nomes do esporte nacional, como o saudoso João do Pulo, estão detonadas, imprestáveis para a prática correta da modalidade.
… em frente ao milionário estádio Mané Garrincha, em Brasília, o Ginásio Cláudio Coutinho está abandonado. Ali funcionou uma piscina coberta, transformou-se em quadra de futsal e hoje é um depósito de lixo onde o governador Agnelo guarda coisas imprestáveis, como fizeram seus antecessores, Arruda e Roriz…
E assim deve ser, Brasil afora, com centenas de áreas para o esporte e exemplos desse tipo.
Contrastes
Pois é neste país, sem políticas públicas de esporte, com prática de educação física elitizada nas escolas privadas, com as categorias de base sem rumo, com professores desprestigiados e desmotivados, e onde a Bolsa Atleta atrasa até dois anos na sua concessão que se decide usar orçamento federal para construir um autódromo.
As denúncias sobre o descontrole no uso das verbas públicas – como superfaturamento de até 4.000% no evento de hipismo – tornaram-se rotina, mas sem qualquer reação do Ministério do Esporte. Ao contrário, mantém as torneiras abertas para alegria dos espertos, em detrimento da elaboração de projetos prioritários, fixação de metas de curto e médio prazos e planejamento indispensável para um país olímpico.
Se fizesse isso, talvez não fosse preciso gastar mais alguns milhões de reais na construção de um velódromo,de uma piscina pois essas áreas do Pan 2007 são imprestáveis para os Jogos Rio 2016.
Por isso, causa indignação ver o governo dispor parte de seus limitados recursos financeiros para uma obra de luxo que, construída, será explorada pela iniciativa privada. Serão empresários e multinacionais, que já detêm farto capital, que receberão os lucros milionários na nova pista de corrida, enquanto o ônus da construção ficará com os contribuintes em geral e atletas desassistidos em particular.
Isso que o ministério está nas mãos do PCdoB, com sua histórica e sonhada visão social …