A milionária CBF, a miséria dos clubes e um desafio para Romário
José Cruz
Juca Kfouri divulgou que Ricardo Teixeira ganhava R$ 90 mil mensais como presidente da CBF e mais R$ 110 para dirigir o Comitê Organizador da Copa.
Divulgou, também, que o atual presidente, José Maria Marin, aumentou seu salário de presidente da CBF para 160 mil. Com mais R$ 110 do Comitê são R$ 270 mil mensais. Beleza!
Enquanto isso…
… a dívida dos principais clubes brasileiros chega a R$ 4 bilhões. Repetindo: Flamengo, Vasco, Botafogo, Grêmio, Atlético-MG, Palmeiras e por aí vai… devem quatro bilhões de reais.
Parte dessa dívida é trabalhista. Outros R$ 2 bilhões são para o fisco: Imposto de Renda, INSS e Fundo de Garantia! Nem a Timemania salvou e o calote tende a ser eterno.
Boa parte dos clubes, da Série A, não consegue manter em dia a folha de pagamento. Ronaldinho Gaúcho que o diga.
Mas, afinal, o que é a CBF, cujos salários afrontam a realidade miserável das finanças do nosso futebol?
Didaticamente, a CBF é uma instituição que congrega as federações estaduais. E as federações são formadas pelos clubes de futebol.
Assim, a milionária CBF tem sustentação jurídica-institucional de entidades devedoras, muitas caloteiras, outras em situação de falência. Que tal?
Contraste
Nesse panorama, a CBF é uma entidade riquíssima, que em 2011 registrou R$ 300 milhões de receitas.
Do total, R$ 219 milhões vieram de patrocínios. Outros R$ 41,9 milhões de direitos de transmissões. Dados de seu balanço financeiro.
E por que tanto patrocínio? Porque a CBF gerencia um produto chamado “Seleção Brasileira”, que tem apelo emocional e total visibilidade na mídia. A “amarelinha” enche os olhos dos anunciantes, valorizada pelo pentacampeonato mundial.
Desafio
A CBF gere uma das expressões da cultura nacional, o futebol, representado pela Seleção Brasileira, que “convoca” os jogadores.
Em campo, a Seleção exibe as cores do país; entoa o Hino Nacional e se perfila diante do nosso pavilhão. É a representatividade brasileira por excelência.
Portanto, seria justo que a CBF destinasse 20% de sua renda bruta para projetos sociais que usassem o futebol como atividade principal, em comunidades pobres, de reconhecido risco, Brasil afora.
Seriam “escolinhas” da CBF, não para descobrir talentos, mas para levar aos jovens a oportunidade de praticarem uma atividade que é a síntese de nossa cultura esportiva.
Ficam as sugestões e o desafio para que o deputado Romário, por exemplo, que tem participação atuante na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, encaminhar esta proposta.
O seu passado de atleta campeão, a liderança demonstrada entre os parlamentares desportistas e as suas relações com a CBF o credenciam a encampar esta sugestão, de alcance social, antes de tudo.