Blog do José Cruz

Arquivo : abril 2012

Hipismo: CGU confirma superfaturamento de 2.280% no Athina Onassis Horse Show
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José Cruz

A aplicação do dinheiro público no evento de hipismo resultou em 13 irregularidades, segundo a Controladoria Geral da União, a começar pela gravíssima falta de licitação para a execução das despesas. Veja como é feita a festa na “casa da mãe Joana”

O Concurso de Saltos Internacional – CSI 5 Estrela, em 2008 – que exibia, também, o Athina Onassis Horse Show –  promovido pela Federação Paulista de Hipismo, superfaturou 2.280% (dois mil duzentos e oitenta por cento) o aluguel de um gerador de energia.

Usando verba pública, via Lei de Incentivo ao Esporte, os organizadores pagaram R$ 10.500,00 a diária de um gerador, enquanto o preço de mercado, à época, era de R$ 440,00, conforme relatório de auditoria da Controladoria Geral da União (CGU).

Assim sendo, o custo estimado para locação do gerador no período contratado seria de R$ 4.400,00, o que configura um pagamento a maior de R$ 100.600,00, 2.280% acima do preço de mercado”, afirmaram os auditores públicos.

O projeto

O projeto original da Federação Paulista de Hipismo – cujo presidente, à época, Luiz Roberto Giugni, é o atual presidente da Confederação Brasileiro de Hipismo, previa a aprovação de R$ 8,1 milhões para o show. Porém, o relator do processo glosou várias ações e a proposta caiu para R$ 3,1 milhões.

Prejuízos

Captados os recursos (R$ 6,5 milhões, em dois projetos), o desleixo no uso de verbas públicas foi tanto que só em aplicações bancárias de curto prazo – permitidas pela Lei de Incentivo para o período em que os recursos não estão sendo usados – houve perda de rendimento em torno de R$ 66,9 mil.

O valor deverá ser ressarcido ao Erário pelos que deram causa à perda, após a competente apuração de responsabilidades”, diz o relatório.

Termo de compromisso

Em outro processo, os auditores constataram que as contratações das despesas para o Athina Onassis Horse Show ocorreram “antes da assinatura do Termo de compromisso”. Isso contraria as normas da Lei de Incentivo ao Esporte “e torna não incentivados os recursos repassados ao proponente para a realização do evento”. Ou seja, os executores do projeto poderão ser obrigados a devolver os valores recebidos. Será?

Descaso

O projeto “Fortalecimento do Hipismo Brasileiro”, cuja prestação de contas apresentou inúmeras irregularidades, distribuídas em 50 páginas, evidencia descaso para com o bem público e total omissão das autoridades envolvidas com o assunto: Ministério do Esporte,  Federação Paulista de Hipismo, organizadores e promotores dos milionários eventos. E por se tratar do principal evento internacional no Brasil, também a Confederação Brasileira de Hipismo deve ser investigada, diante dos  abusos cometidos. Afinal, o presidente da Federação, ontem, é o da Confederação, hoje.

Sem licitação

A aplicação do dinheiro público no evento de hipismo resultou em 13 irregularidades, segundo a CGU, a começar pela gravíssima falta de licitação para a execução das despesas.

Também a participação de patrocinadores é contraditória, pois o Decreto 6.180/2007 veda a concessão de incentivo a projetos em que haja comprovada capacidade de atrair investimentos, independente dos incentivos liberados.

Mais irregularidades

Os auditores da CGU constataram que o Ministério do Esporte está fugindo da proposta inicial e primordial da Lei de Incentivo: “A priorização de projetos voltados à inclusão social por meio do esporte, preferencialmente em comunidades de vulnerabilidade social, além da formação de atletas olímpicos”.

Isso acontece porque o Ministério do Esporte é apenas o repassador dos recursos, não se importando com a execução do projeto, como ocorre em outros programas, como o Segundo Tempo, o Pintando a Cidadania etc. Isso se tornou norma na pasta do ministro Aldo Rabelo.

Observem o grave relato dos auditores da CGU:

O Ministério do Esporte não tem uma rotina de fiscalização da execução física dos projetos, que garanta um mínimo de controle à eficácia dos projetos esportivos aprovados. A ausência de fiscalização, além de fragilizar a avaliação da política de incentivo fiscal no esporte, possibilita a ocorrência de irregularidades”.

No bom português, a Lei de Incentivo ao Esporte está sendo gerenciada na Casa da Mãe Joana, de forma irresponsável e levando dinheiro a quem não precisa, em detrimento do desenvolvimento efetivo do esporte.

Omissão

Desde 2009 investigo este caso, que divulguei inicialmente como “suspeita de irregularidades”.

Nos anos seguintes tentei ter acesso aos documentos oficiais, sempre negados pelo setor responsável do Ministério do Esporte, dirigido por Ricardo Garcia Cappelli.

Recentemente, mentiram ao afirmar que o documento estava na CGU e, por isso, não podia ser liberado. Na verdade, o relatório da CGU é de 2010, e desde então as autoridades ministeriais sabiam das falcatruas cometidas.

Pior:

o ex-ministro do Esporte, Orlando Silva, soube dessas fraudes, do saque ao dinheiro público. Não agiu, Omitiu-se, como de resto em casos similares. Não foi sem motivo que acabou demitido a bem do serviço público.

Insisto: é nas mãos dessa gente que está ã gestão do dinheiro público do esporte.

A presidente Dilma, que tem acumulado índices aprovação de seu governo por conta do combate à corrupção precisa agir. O dinheiro do esporte é mínimo diante de escândalos nacionais que se repetem em cachoeiras e cascatas, mas a origem da grana é a mesma: do público, do pagador de impostos. E o prejuízo, multiplicado por milhares, é dos atletas brasileiros, lamentavelmente ainda omissos e silenciosos diante dos abusos de cartolas e gestores públicos.

PS: este assunto terá continuidade.


Polícia Federal investiga contas da Confederação de Tênis
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José Cruz

Além do Tribunal de Contas e Controladoria Geral da União, também a Polícia Federal investiga denúncias de atos ilegais na Confederação Brasileira de Tênis, que no ano passado recebeu R$ 11 milhões de verba pública.

A informação foi confirmada na sede da PF, na capital paulista. O inquérito, nº 2060/2011-1, está em segredo de justiça.

Quem detonou o processo, inicialmente na Procuradoria da República, em maio de 2011, foi Flávio Falquetto, então presidente da Federação de Tênis do Espírito Santo, hoje fora do cargo.

Repetição

Flávio denunciava a “falta de transparência nas contas da Confederação de Tênis”, apesar das manifestação contrária do presidente da entidade, Jorge Rosa.

O processo mostra que as denúncias de agora repetem as que Jorge Rosa fazia há sete anos, quando iniciou o “Movimento Tênis Brasil” para derrubar Nelson Nastás da presidência da CBT.

Naquela ocasião, Jorge usou o argumento de “corrupção” e “dificuldade de acesso aos balanços da Confederação”. No discurso para chegar ao cargo, prometia “transparência e perfil ético à gestão do tênis”. Por conta disso ganhou apoios e se elegeu.

Dupla conta

Assim como no jogo de tênis ocorre a “dupla falta” – erros seguidos de dois saques –, na gestão financeira da Confederação tivemos “duplas contas”, entre 2005 e 2007.

Nesses anos, Jorge Rosa utilizou o Instituto Tênis (do qual era vice-presidente) para movimentar recursos da CBT em seis contas correntes: duas no Banco do Brasil, três no Itaú e uma no Nossa Caixa.

Pelo acordo, as contas foram transferidas de Florianópolis, sede do Instituto Tênis, para São Paulo, onde está a CBT. “Contas laranjas”, como se observa, que concentravam, principalmente, os valores das insrições de torneios.

Na prática, foi um drible que Jorge Rosa aplicou na Justiça, pois o dinheiro que a CBT recebia deveria se destinar, prioritariamente, ao pagamento de dívidas.

Convênio

Essa dupla gestão financeira – CBT/Instituto Tênis – suspeita para uma instituição que movimenta recursos públicos – ocorreu mediante um “convênio”, de 25 de novembro de 2005.

Porém, há dúvidas: presidentes de federações que conversei afirmaram que as prestações de contas dessa movimentação paralela nunca foram apresentadas nas assembleias da CBT. Além disso, não se sabe se os balanços de 2005, 2006 e 2007 da Confederação de Tênis incluíram os valores movimentados pelo Instituto Tênis.

Indaguei isso à direção da Confederação Brasileira de Tênis, que silenciou. Disse que as explicações foram prestadas ná época oportuna”. Mas não, informações oficiais sobre a parceria com o Instituto Tênis nunca foi prestada publicamente. A tese da “transparência” alardeada por Jorge Rosa está no chão.

E agora?

A parceria já foi desfeita, mas nem a direção do Instituto Tênis sabe sobre o que aconteceu com suas contas correntes cedidas à CBT. Em 10 de janeiro de 2008 a direção do Instituto foi aos bancos para conferir os saldos. Surpresa! Teve os pedidos negados.

Ao saber do fato, Jorge Rosa enviou uma “notificação extra-judicial” ao Instituto alegando “desrespeito ao sigilo bancário”. A mesma notificação informava que os dados estavam disponíveis no “relatório de contas”, encaminhado ao Instituto em 2007.

Agora, a Polícia Federal, que está com inquérito aberto, poderá requerer as contas do convênio com o Instituto Tênis para instruir o processo, confirmar se a parceria foi um ato legal, conferir a regularidade dos atos.

Só assim, com o apoio da Polícia e da Justiça poderemos ter a transparência pública prometida por Jorge Rosa.


Rio 2016: a base do esporte que se vire
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José Cruz

Há poucos dias, o superintendente executivo do Comitê Olímpico, Marcos Vinícius, foi realista ao prever a meta de nossos atletas nos Jogos de Londres: repetir Pequim: 15 medalhas, por aí.

Disse mais: Com a escolha do Rio para receber os Jogos de 2016, o Comitê Olímpico passou a ter mais apoio do governo. Isto é, mais verba pública para o rendimento.

Isso ocorre de forma crescente desde 2001, quando surgiu a Lei Agnelo Piva. Depois, veio a Bolsa Atleta, a Lei de Incentivo e o próprio Ministério do Esporte, despejando grana em projetos e mais projetos.

E daí?

Daí que em apenas uma semana publiquei duas mensagens que contrastam com essa realidade:

1. jovens judocas – entre os quatro primeiros do país em suas respectivas categorias –  pedindo dinheiro na rua para treinar no exterior com a Seleção Brasileira;

2. a carta da mãe de um esgrimista, contando como ele se habilitou para o Mundial, na Rússia, e ficou fora do planejamento das instituições formadoras, a Confederação e o Esporte Clube Pinheiros, no caso.

Confederação de Judô e o Clube Pinheiros explicaram os critérios que usam para beneficiar seus atletas.  A conclusão é a seguinte: o dinheiro ainda é insuficiente para atender a todos com potencial para prosperar em várias modalidades, atletismo, tênis, natação etc.

Números

No ano passado o Ministério do Esporte destinou R$ 11 milhões para o rendimento de nove confederações; no mesmo período, o Pinheiros, por exemplo, captou R$ 9,9 milhões na Lei de Incentivo; outros R$ 8,5 milhões em 2010. Das loterias federais o COB recebeu R$ 153 milhões.

E temos mais de R$ 100 milhões de sete estatais – Banco do Brasil, Caixa, Correios, Eletrobras, Infraero, Petrobras e Casa da Moeda – também colocando verba em 20 modalidades.

Outras certezas: no país olímpico falta planejamento integrado; é enorme o distanciamento das confederações dos clubes para projetar as metas dos jovens atletas; a  transparência no uso das verbas é mínima, e a forma como o Ministério do Esporte se comporta diante dessas realidades é caótica.  De omissão, até.

Lendo notícias, relatórios e ouvindo gente envolvida no assunto fica claro que o dinheiro continua concentrado no atleta pronto, no que atingiu o nível olímpico. Com isso, a base briga para crescer.  Depois, quando os campeões chegam ao topo os cartolas abrem o sorriso e se abraçam, como se tivessem sido, de fato, os responsáveis por suas carreiras.

Continuamos com dinheiro e perdidos no planejamento integrado. O desperdício da verba pública é evidente. E não é conversa de jornalista, pois na próxima semana comentarei como um projeto para desenvolver o hipismo se transformou num lamaçal de falcatruas.

É por aí.


Esgrima: Pinheiros explica sobre a formação de seus atletas
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José Cruz

O diretor de Esportes Aquáticos e Individuais do Esporte Clube Pinheiros, Marcelo La Terza Santos, encaminhou a “nota de esclarecimento”, abaixo, reportando-se à mensagem da mãe de um atleta de esgrima, reclamando a falta de apoio para viagens.

Agradeço a manifestação do diretor que, assim, contribui para o debate de um assunto ainda pouco explorado na comunidade esportiva, sobre os rumos da verba pública para o esporte.  Este espaço está disponível a todos que desejarem se manifestar.

Prezado José Cruz,

Primeiramente quero convidá-lo a conhecer o trabalho que o Esporte Clube Pinheiros desenvolve na formação e preparação de atletas em 16 modalidades Olímpicas, dentre estas a Esgrima.

Através de uma equipe de profissionais e uma gama de colaboradores e voluntários, com um vasto currículo esportivo e de gestão, trabalhamos com muita seriedade para colaborar com o desenvolvimento do esporte nacional.

Em relação à carta publicada sobre o nosso atleta de Esgrima, esclarecemos que o atleta em questão não estava classificado para participar da competição citada, conforme critérios pré-estabelecidos pela Confederação Brasileira de Esgrima e claramente explicados em nota enviada e já publicada neste Blog.

Importante conhecermos como é formada a estrutura Geral do Esporte e seus respectivos objetivos e responsabilidades:

Federação Internacional;

Comitê Olímpico Brasileiro;

Confederações (Nacional);

Federações (Estadual)

Clubes e Entidades Esportivas em Geral.

Com se pode observar, os Clubes têm como principal objetivo fornecer atletas que representarão o Brasil em competições internacionais. Por isso, são a base desta cadeia e têm sua responsabilidade muito clara no desenvolvimento e formação dos atletas – abastecendo toda a cadeia acima descrita.

Temos hoje a Lei de Incentivo ao Esporte, que se tornou fundamental para ajudar as Instituições Esportivas a incrementarem os investimentos na preparação dos atletas (Preparação Física, Preparação Mental, Médicos Especializados, Viagens Nacionais e Internacionais, dentre outros benefícios). Estes Projetos seguem um rigoroso acompanhamento do Ministério do Esporte no que diz respeito às ações propostas, prazo de execução, desembolso financeiro e prestação de contas.

O que nos faz crescer é, justamente, sempre acreditamos e investirmos nos jovens talentos, como no filho da Sra. Érica. Reitero o convite para que conheça nosso trabalho e que nos ajude, através deste renomado Blog, a melhorarmos o esporte no Brasil.

Marcelo La Terza Santos

Diretor de Esportes Aquáticos e Individuais – Esporte Clube Pinheiros


Tênis: gastos com pessoal e assessorias superam investimentos em novos talentos
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José Cruz

As seleções das categorias 12 a 18 anos receberam em 2011 investimentos de R$ 1,6 milhão da Confederação Brasileira de Tênis (CBT).

No mesmo período foram gastos R$ 3,3 milhões na administração da entidade, com pessoal e assessorias de imprensa, jurídica e de marketing.

Os valores acima estão no balanço da CBT do ano passado, registrando que dos R$ 17 milhões que recebeu R$ 11 milhões são verbas públicas.

Origem

Para o orçamento da CBT, exatos R$ 4.725.797,07 foram repassados pelos Correios, o principal patrocinador. Outros R$ 2 milhões da Lei de Incentivo ao Esporte; R$ 2,2 milhões da Lei Piva, via Comitê Olímpico, e R$ mais R$ 2 milhões de convênios com o Ministério do Esporte.

Brasileirão

Os gastos com o Campeonato Brasileiro e a Copa das Confederações, em Curitiba, chegaram a R$ 756 mil, o dobro de 2010. À época, o presidente da CBT, Jorge Rosa, argumentou que as competições saíram de Brasília para “reduzir custos”… Não conseguiu.

Quadras

Não identifiquei no balanço de 2011  – nem no de 2010 –   como ocorre o pagamento da montagem das quadras de tênis para torneios oficiais, Copa Davis, por exemplo, a cargo da empresa Brascourt. Considerando que as verbas da CBT são públicas é preciso saber se há licitação para a contratação desses serviços.

A Confederação não respondeu as perguntas que enviei.  Afirmou, apenas, que “todas as questões já foram respondidas na ocasião e hoje está tudo sendo analisado pelo TCU e CGU”.

E agora?


Rio 2016: Confederação de Esgrima presta esclarecimentos
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José Cruz

Do presidente da Confederação Brasileira de Esgrima recebi a mensagem a seguir, em resposta à carta da mãe de um atleta, aqui publicada. Agradeço a manifestação e os esclarecimentos.

“Prezado J Cruz,

Com as nossas homenagens e após tomar conhecimento do documento encaminhado pela mãe de um jovem esgrimista, narrando às dificuldades do atleta e família objetivando a equipe olímpica de esgrima de 2016, me permita fazer algumas considerações:

1. Inicialmente gostaríamos de esclarecer que, em relação à esgrima brasileira, todos os seus atuais dirigentes se originam do meio esportivo da modalidade conciliando as suas atividades profissionais e a administração do nosso desporto e, com certeza, buscamos diuturnamente avançar e minimizar algumas situações anteriormente elencadas;

2. Quanto à vida financeira da CBE, hoje a Confederação Brasileira de Esgrima possui duas fontes de recursos, uma oriunda da Lei Agnelo Piva, tendo recebido entre as cotas distribuídas neste ano pelo órgão gestor a menor delas e a segunda oriunda de patrocínio da PETROBRAS através da Lei de Incentivo Fiscal;

3. De posse dos créditos destes recursos (e não numerário), elaboramos projeto de trabalho com um calendário anual de participação em competições, organização de competições nacionais e internacionais e participação em “campings trainings”, priorizando em razão dos recursos disponibilizados aqueles atletas que poderão contar com parte destes recursos. Tal decisão não tem origem paternalista e a convocação da equipe representativa da esgrima brasileira se dá em função de um ranking nacional, cujas regras são previamente discutidas e divulgadas entre as federações estaduais e os Clubes filiados antes de validarmos e adotarmos tais critérios;

4. Algumas competições têm de ser priorizadas haja vista que os resultados nelas obtidos traduzem em uma melhor participação nas cotas orçamentárias distribuídas pelo Comitê Olímpico, ou seja, temos que ter resultados. Importante informar que os recursos disponibilizados pelo COB para as Confederações não são disponibilizados em sua totalidade. Em verdade, nós temos o crédito e não o numerário, e esse vai sendo liberado após apresentarmos o projeto específico para cada evento programado (constante em nosso calendário anual) e o projeto seguinte só é aprovado se não houver pendências nas prestações de contas da ação anteriormente realizada;

5. Desta forma vamos executando as nossas atividades planejadas/programadas e, tenha certeza, por parte da esgrima, com muito critério. Como informação, para desenvolvermos essas ações a Confederação Brasileira de Esgrima conta com o trabalho de seis funcionários contratados regularmente o que demanda obrigações trabalhistas e fiscais que comprometem mais de 30% do nosso já reduzido orçamento anual oriundo da Lei Agnelo/Piva.

6. Outra fonte de recursos recentemente conquistada pela CBE foi o patrocínio que recebemos da PETROBRAS, proveniente da Lei de Incentivo ao Esporte. Quanto a este patrocínio, mais uma vez a CBE esclarece que em nenhum momento recebe tais recursos em forma de numerário, mas sim como crédito disponibilizado. Assim, convocamos a nossa equipe permanente composta por atletas adultos e juvenis (os recursos só podem ser aplicados nesta equipe convocada), montamos o planejamento técnico de participação em competições e campings de treinamentos e, neste momento, prioritariamente com foco na classificação olímpica de Londres, a qual logrou êxito já que o Brasil classificou três atletas para esse grande evento.

7. Do exposto, e norteados pelas restrições e limitações orçamentárias, temos que dar prioridade para as competições que julgamos de maior relevância bem como temos que priorizar as convocações dos atletas que participarão de um determinado evento baseados, evidentemente, nos critérios previamente estabelecidos (ranking). E, como antes informado, tais critérios são amplamente discutidos com as Federações e Entidades Desportivas filiadas. Importante informar, também, que todas as nossas ações sempre são divulgadas com a devida antecedência, e quanto aos recursos que utilizamos, todas as nossas ações são auditadas, bem como o balanço financeiro anual de nossa entidade encontra-se disponibilizado em nosso site oficial;

8. Como curiosidade e com vistas aos JO Rio 2016, hoje a base de nossa equipe principal em relação à faixa etária gira em torno dos 25 anos, ou seja, a esgrima brasileira tem um elenco de desportistas de alto rendimento muito jovem. Assim, a nossa necessidade hoje é de dar a oportunidade para que estes jovens talentos adquiram muita experiência internacional. Ainda, quando priorizamos a equipe principal, não estamos descartando ou excluindo os atletas das categorias de base como os juvenis, já que muitos destes expoentes recebem suporte financeiro de seus Clubes.

9. Como exemplo, citamos os três esgrimistas que se classificaram, recentemente, para os JO de Londres, dois deles com idade de 27 anos e o outro com apenas 19 anos. Então, temos a necessidade atualmente de dar a estes expoentes a oportunidade de serem lapidados, e isto só ocorre quando eles têm a possibilidade de treinarem e competirem no Exterior, notadamente na Europa (base da esgrima mundial) e, a médio prazo, alcançarem níveis competitivos que lhes permitam sonhar com uma medalha olímpica.

10. Mesmo tendo que priorizar os recursos para uma parcela dos esgrimistas expoentes, procuramos incentivar a participação dos demais esgrimistas nas diversificadas competições internacionais, notadamente os juvenis.

11. Assim, através de um documento chamado termo de intenção de participação em competições internacionais os demais esgrimistas que não foram convocados para comporem uma equipe representativa em alguma competição internacional programada, encaminham o documento para a CBE e, ao encaminharem tal documento, afirmam tacitamente possuírem os recursos necessários, apoio técnico e uniformização para participarem da competição requerida.

12. Tomando o exemplo da carta que foi encaminhada, no último campeonato mundial realizado em Moscou – RUS, a CBE só dispunha de recursos para auxiliar nas despesas dos seis melhores esgrimistas juvenis de cada uma das modalidades.

13. Assim, convocamos oficialmente estes seis esgrimistas. Entretanto, o Brasil contou com a participação de 23 (vinte e três competidores). Estes demais esgrimistas encaminharam os seus respectivos termos de intenção, ratificando a intenção de participar da competição com recursos próprios (financeiro e técnico) e se responsabilizando inclusive quando a uniformização. Mesmo assim, ao contrário do que foi afirmado, custeamos e colocamos à disposição dos demais esgrimistas participantes o técnico/chefe de equipe que estava acompanhando os seis esgrimistas regularmente convocados.

14. Do exposto, a CBE sentiu a necessidade de dirigir-se ao prezado jornalista objetivando esclarecer que existem em todos os campos (esportivos, econômicos, políticos etc) irresponsabilidades administrativas e financeiras na gestão da coisa pública e que, com certeza, devem ser investigadas. Mas não podemos concordar que ao serem contrariados interesses de ordem pessoal, tal contrariedade seja disseminada de forma generalizada e leviana, objetivando atender interesses individuais e atingindo de forma pluralizada a moral de pessoas que hoje são responsáveis pela condução do esporte e, em particular, da esgrima brasileira.

15. Agradecemos a oportunidade de podermos contestar publicamente às afirmações de caráter pessoal constantes na missiva encaminhada pela senhora Érica Tavian Pereira Marques, já que algumas afirmações atingem moralmente toda a nossa equipe de trabalho. Tomamos a liberdade de anexar (abaixo) um outro documento recente (email) que a mesma família Marques nos encaminhou, na qual manifesta publicamente a sua opinião quando ao trabalho que atualmente temos desenvolvido junto a CBE:

Boa tarde!

Gostaria de parabenizar a todos os envolvidos com a esgrima brasileira, aos técnicos, atletas e comissão pela conquista das vagas para Londres 2012. Vejo que a esgrima está num crescente e principalmente e que se faz, cada vez mais necessário, a valorização e o incentivo dos jovens atletas, pois eles são as promessas desse esporte.Confiança, credibilidade, incentivo, trabalho e organização…resulta com certeza em bons resultados! Parabéns a todos!!! Família Marques

Atenciosamente,

GERLI DOS SANTOS

Presidente da Confederação Brasileira de Esgrima”


Rio 2016: assim na esgrima como no judô
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José Cruz

Carta  assinada pela mãe de um jovem esgrimista narrando as dificuldades para o atleta, ainda juvenil, tentar chegar à equipe olímpica de 2016. A mensagem demonstra que os casos de dificuldades financeiras não são exclusivos do judô, que levou atletas à rua para pedirem dinheiro e, assim, poderem treinar na Europa, como publicamos.

A carta

“Tenho um filho que pratica esgrima desde os nove anos, no Esporte Clube Pinheiros. Ele é um apaixonado pela esgrima e tem tido um bom desempenho e ótimos resultados, já há algum tempo. Recebe Bolsa-Atleta e faz parte do projeto de formação (Lei de Incentivo ao Esporte) do clube.

 Com 15 anos, é o 2º do ranking brasileiro juvenil, categoria que vai dos 18 aos 20. No ano passado ele foi campeão sul-americano na modalidade florete masculino.

Recentemente, ele foi para Estado Vargas, na Venezuela, onde aconteceu o Panamericano Cadete e Juvenil de Esgrima, ficando em 2º lugar.

Esteve também na Alemanha, em janeiro. Competiu em Stuttgart e ficou em 30º lugar, competição que contava com mais de 170 atletas de toda a Europa. Tudo por nossa conta.

Com tudo isso, se classificou para o Mundial Juvenil, que se encerrou em Moscou no dia 8 de abril.

Porém, o descaso com o esporte no Brasil é tamanho que Henrique e seus companheiros de seleção já estavam a caminho do aeroporto e ainda não tinham nem as passagens nem o endereço do hotel onde se hospedariam.

Na semana que antecedeu a viagem, conseguimos com muito custo que o clube “pagasse” pelo menos as passagens, já que a inscrição para a competição e o hotel nós, pais, é que bancamos.

Além disso, os atletas viajaram sem a companhia do técnico, sem uniforme do Brasil ( pois a confederação não fornece, nem para competições internacionais) e ficaram hospedados num hotel a 30 km de distância do local de competição, sendo que todas as delegações do mundo estavam hospedadas num mesmo hotel, mais próximo.

 O Esporte Clube Pinheiros, por sua vez, alega que a verba para o projeto de formação acabou!  E isso tudo ocorreu mesmo com o calendário de competições tendo saído no ano passado!

Para o próximo campeonato, o sul-americano, que será em maio, em Montevidéu, não sabemos se terá verba… quem quiser participar terá de ser com recursos próprios.

Diga -me se não é um absurdo!!!

Quando vencemos para sediar os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, achei que poderíamos ter mais incentivo… mas já percebi que nada mudou…

Uma pena!!Garotos com tanto talento, esforço e vontade… só não desistiram porque são apaixonados pelo esporte e os pais “se viram” para não decepcioná-los!

E, mais, é excelente aluno e estuda num colégio particular de nome. Mas nem do colégio ele recebe incentivo. Ao contrário. No ano passado, ele perderia as provas por estar no Campeonato Sul-americano. Tivemos que consultar um advogado para que ele fizesse as provas, pois, a escola desconhecia a “Lei Pelé”, que garante direitos aos atletas, por estarem representando a Nação!

Tudo errado!!!!  E assim caminha a esgrima, a educação e o esporte no Brasil! Com esse descaso!

Desculpe meu desabafo, e agradeço seu empenho e preocupação com o esporte nacional.”

Érica Tavian Pereira Marques

ANÁLISE

A carta da Senhora Érica confirma a necessidade de o Ministério do Esporte agir urgentemente e investigar a real aplicação dos recursos públicos que libera. E fica claro que nunca foi tão necessária a criação de uma CPI do Esporte Olímpico. Documentos que estou analisando sobre recursos para o hipismo e tênis, que em breve trarei para este espaço, reforçam a tese.

Está se tornando rotina o crescimento de reclamações de atletas, na mesma proporção em que o governo aumenta as liberações financeiras para o esporte de rendimento.

Enquanto o Ministério do Esporte não agir rigorosa e efetivamente para investigar essas denúncias torna-se cúmplice da irresponsabilidade.


Londres 2012: futebol, memória olímpica
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José Cruz

Sorteadas as chaves do futebol para os Jogos Olímpicos de Londres.

E lá vai o Brasil tentar sua medalha de ouro inédita, inicialmente contra as seleções do Egito, Belarus e Nova Zelândia. Se passar para a segunda fase terá adversários da chave onde estão Espanha, Japão, Honduras e Marrocos.

Bicampeã olímpica, a Argentina não se classificou para Londres. Mas o Uruguai estará lá…

A notícia completa está aqui.

Memória I

Cobri os Jogos de Seul, em 1988. O Brasil terminou a primeira fase com 100% de aproveitamento. Nove gols, cinco de Romário. Bebeto jogava ao seu lado. Na final, perdemos para a Rússia, 2 x 1. A prata foi prêmio de consolação. Choro no vestiário com as flores que ganharam no pódio jogadas num canto.

Memória II

Veja como foram as “decepções” da Seleção Brasileira, retrospectiva de Lucas Alencar no blog Olheiros.

 

 


A maldição do Bezerrão
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José Cruz

Com capacidade para 20 mil pessoas, o estádio do Gama, a 30km de Brasília é um deserto. Quando muito por lá aparecem mil torcedores para um clássico do Gama com o Brasiliense, por exemplo, pelo campeonato do Distrito Federal.

O Bezerrão, como é conhecido, homenageia o atual ministro Valmir Campelo Bezerra, do Tribunal de Contas da União.

Porém, chama atenção a vistosa placa comemorativa à inauguração do estádio, em novembro de 2008, exposta na entrada principal.

São nomes ilustres, mas com destinos tristes, o que nos faz concluir que a “maldição do Bezerrão” é uma realidade.

Presidente da República: Luiz Inácio Lula da Silva – faz tratamento para se recuperar de um câncer

Governador do Distrito Federal: José Roberto Arruda – foi preso pela Polícia Federal e, depois, renunciou ao governo do acusado de corrupção processo do “Mensalão do DEM”

Vice-governador do Distrito Federal: Paulo Octávio – assumiu no lugar de Arruda mas durou pouco tempo. Entrou no rol das denúncias de envolvimento com a corrupção, desfiliou-se do DEM e também saiu correndo do Governo do DF.

Ministro do Esporte: Orlando Silva – Outro que não resistiu ‘a Maldição do Bezerrão.  Foi demitido no final do ano passado pela presidenta Dilma, também por denúncias de corrupção, principalmente no programa Segundo Tempo

Presidente da CBF: Ricardo Teixeira –  a exemplo das autoridades anteriores demitiu-se, também acusado de corrupção. Oh,coitado!

Presidente Federação Brasiliense de Futebol:Fábio Simão – Amigo de Ricardo Teixeira, Simão era chefe de gabinete do então governador Arruda e do Comitê da Copa 2014. Esteve na reinauguração do Gama e foi o primeiro a ser abatido pela Maldição do Bezerrão, dançando no topo do escândalo do Mensalão do DEM.

Secretário de Esporte do Distrito Federal: Aguinaldo de Jesus – Articulou com Ricardo Teixeira o amistoso entre Brasil x Portugal para a reinauguração do Estádio Bezerrão.  Depois, envolvido na denúncia de corrupção no contrato de R$ 9 milhões pagos pelo GDF à CBF, desapareceu. Ninguém fala mais no distinto senhor.

 


Corrupção: sanguessugas do Brasil
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José Cruz

Ameaças, desvios de dinheiro público, assassinatos:  a história secreta de como políticos e empresários corruptos roubam o povo brasileiro

Sem o estardalhaço de outros lançamentos do gênero –  talvez porque o assunto tornou-se, lamentavelmente, rotina nacional –   foi lançado mais um livro do repórter político-investigativo Lúcio Vaz.

“Sanguessugas do Brasil”, da Geração Editorial.

Li as 272 páginas em três horas corridas, numa noite de festas em Brasília, que ontem completou, 52 anos. A mesma cidade-capital, centro dos poderes da República, onde circulam engravatados ladrões que, com o aval do voto, conseguem, estranhamente, fugir das punições. Lúcio Vaz conta sobre isso em detalhes.

Tristeza e alegria 

Faço o registro do lançamento do livro com um misto de tristeza e alegria.

Tristeza por observar que, apesar do desempenho da imprensa, o sistema político-jurídico joga a favor do corrupto e oferece aval à fraude.

Alegria porque, trabalhando à época na mesma redação de Lúcio — o Correio Braziliense —  conheci o início dessa espetacular investigação que conta a história real da “máfia das ambulâncias” e sobre a “máfia dos remédios”. E, hoje, vejo o trabalho concluído, com Lúcio presente, o que é mais importante, pois ele e outros repórteres viajaram Brasil afora com ameaças constantes.

Pior:  a Polícia Federal sabia que ele estava na mira dos bandidos, mas sequer comunicou ao repórter ou ao jorna para precauções.

No esporte

E, assim como nos remédios, ambulâncias, máquinas caça-níqueis, estradas e ferrovias, a corrupção estão presente, também, no esporte. As entidades que formam o nosso sistema esportivo, repito, são caixas-pretas que precisam de luz investigativa oficial, ativa e efetiva, urgente.

Não é mais possível o Estado continuar jogando milhões no esporte de rendimento sem contar com eficiente esquema de controle dos gastos.

E não adianta alegar que os balanços são publicados e as contas estão disponíveis. Bobagens. Os balanços são peças burocráticas para cumprir a legislação, mas escondem números e valores.

Fica o registro comparativo porque, em tese, estamos falando das mesmas coisas,  dinheiro público e corrupção.

O programa Segundo Tempo é exemplo recente sob todos os aspectos, principalmente de omissão do então ministro do Esporte, Orlando Silva, na fiscalização.

E, interessante, não se fala mais em João Dias… Por que será que o homem que denunciou a fraude milionária envolvendo, inclusive, o ex-ministro Agnelo Queiroz, silenciou?