FIFA tenta driblar a imprensa no BeiraRio
José Cruz
Por Geraldo Hasse
A FIFA, o Internacional e a Prefeitura de Porto Alegre jogaram na retranca, ontem, obrigando uma centena de repórteres a correr inutilmente atrás dos 36 membros da comitiva de técnicos do Comitê Organizador Local (COL) da Copa de 2014 em sua visita ao Gigante da BeiraRio, o estádio escalado para os jogos da capital gaúcha.
Alegando estar em Porto Alegre em missão técnica, voltada para a solução de problemas de infraestrutura nas áreas de saúde, transporte e telecomunicações, os visitantes foram isolados dos jornalistas, que só tiveram acesso a dois executivos — Fulvio Danilas, diretor da FIFA no Brasil; e Ricardo Trade, diretor de operações do COL – escalados para “um comunicado” sobre a verificação semestral de rotina sobre todos os estádios da Copa.
Reflexo momentâneo, talvez, da situação anômala do BeiraRio, que virou um território meio sem dono, prestes a ser ocupado por um exército de trabalhadores a serviço da Construtora Andrade Gutierrez, a esperada “entrevista coletiva” dos dois técnicos da FIFA&COL não foi feita na sala de imprensa do clube, que só tem 40 lugares; ocorreu sob empurrões e protestos na porta de entrada do centro de convenções do Gigante.
Mesmo que se procurasse, não haveria no BeiraRio lugar mais contraindicado para passar informações à imprensa. Ficou claro que a intenção era evitar perguntas sobre o atraso nas obras de reforma do BeiraRio, a contenda entre o Inter e a Construtora Andrade Gutierrez e, principalmente, a crise de relacionamento entre a FIFA e o governo brasileiro.
Com Danilas e Trade de pé diante de dezenas de microfones e câmeras, tendo a seus pés algumas repórteres ajoelhadas, a cena valeu como thriller da des(organização) que permeia os preparativos da Copa 2014.
Segundo Trade, a visita desta quarta-feira atendeu a um calendário de monitoramento semestral de obras. Em setembro, quando voltarem, os técnicos contratados pela FIFA checarão, por exemplo, o andamento de dez obras previstas para execução este ano em Porto Alegre.
Quanto ao BeiraRio, cuja reforma não saiu da estaca zero, é considerada pelo COL como “no mesmo nível das outras sedes”.
Candidato sorridente
Diante da retranca dos membros da FIFA e do COL, quem acabou dando o serviço aos repórteres foi o prefeito José Fortunati. Gremista e candidato à reeleição em outubro de 2012, ele estava sorridente no BeiraRio:
“Depois da reunião desta manhã, eu retirei muito da minha cautela e desconfiança quando ao estádio de Porto Alegre na Copa”, disse, salientando que há prazo para preparar o BeiraRio, cuja reforma é, “ao lado da Arena da Baixada”, em Curitiba, “a obra mais simples da Copa”.
Quem tranquilizou Fortunati foi o presidente do Inter, Giovanni Luigi, que esteve presente na abertura da reunião desta quarta-feira com o COL e a FIFA. Segundo Luigi, o contrato entre o clube e a Construtora Andrade Gutierrez deve ser assinado no máximo até a próxima segunda-feira; as obras começam já-já; e os engenheiros da AG já estão integrados às reuniões técnicas promovidas pelo COL.
Nesta quinta, a caravana FIFA&COL vai estar em Curitiba, sexta em Cuiabá, sábado em Manaus e segunda-feira em Natal.
Geraldo Hasse é jornalista