Blog do José Cruz

Tênis, lembranças e retrocessos

José Cruz

Por Walter Guimarães

A proposta de continuidade de Jorge Rosa na presidência da CBT assusta, como também assusta verificar as arquibancadas do Graciosa Country Club, de Curitiba, completamente vazias durante os jogos da Fed Cup.

O Brasil sedia, nesta semana, o Grupo I das Américas, a 3ª divisão mundial. Na primeira rodada perdeu do Paraguai, hoje venceu a Venezuela e ainda irá enfrentar Colômbia e Bolívia.

As arquibancadas vazias podem demonstrar algo de errado na forma como é conduzido o tênis feminino brasileiro.

Em todo caso, o ranking mundial não demonstra, comprova. A melhor brasileira é a paulista Roxane Vaisemberg, número 298º do mundo. Será que oito anos à frente da CBT não foram suficientes para mudar este quadro? Parece que não, já que a luta da turma do Jorge Rosa é pela continuidade.

Entre as nove seleções que estão em Curitiba, apenas a do Canadá trouxe duas jogadoras entre as 100 melhores do mundo. Por outro lado, Bahamas não tem nenhuma de suas quatro jogadoras sequer ranqueadas pela WTA, a Associação de Tênis Feminino. O Paraguai, que derrotou o Brasil na primeira rodada, também tem uma de suas jogadoras sem ranking, e utilizou, tanto em um dos jogos de simples como no encontro de duplas, a jogadora Montserrat Gonzalez, número 1.114º do mundo.

Ranking das Jogadoras – Fed Cup: http://web.me.com/wrvg/tenis/fedcup.html

Dúvidas

Com resultados pífios, fica no ar questões sobre o contrato de patrocínio entre CBT e os Correios. Teriam sido estabelecidas metas de evolução técnica dos atletas, além do retorno de imagem de cada lado envolvido?

Está mais do que na hora de correr atrás das explicações de como a Rússia coloca 11 e a República Tcheca coloca sete jogadoras entre as 100 melhores do mundo. Isto sem falar na Romênia, com cinco tenistas neste grupo. Detalhe: a República Tcheca tem um pouco mais de 10 milhões de habitantes. Menos que a capital São Paulo…

100 melhores tenistas por país: http://web.me.com/wrvg/tenis/rank100.html

Outro ponto para se destacar é o papel da imprensa na cobertura de eventos como a Fed Cup. O “ufanismo contratual” entre jornalistas e CBT assusta. Pontos que devem ser debatidos, além dos jogados em quadra, não são nem tocados nas transmissões. Quem não conhece a modalidade, pode pensar que somos uma potência do tênis mundial.

Para não parecer que tenho uma visão apocalíptica, parabenizo a escolha de terem colocado a Beatriz Haddad, de 15 anos, para jogar na competição.

Quem sabe ela será a responsável pela volta de uma tenista brasileira em torneios do Grand Slam, que não acontece desde 1993, quando a Andrea “Dadá” Vieira caiu na primeira rodada do US Open.

Até parece um sonho lembrar de Roland Garros-1989, quando a Dadá ganhou da Hana Mandlikova na primeira rodada, caindo apenas na terceira, ao mesmo tempo que a gaúcha Niége Dias também chegava na terceira rodada, perdendo para a americana Mary Joe Fernandez. Será mesmo que isto aconteceu… ??? Não duvidem, pois aconteceu !!! E, naquele tempo, sem patrocínio dos Correios…

Walter Guimarães é jornalista, pesquisador sobre assuntos do esporte e colaborador deste blog