Blog do José Cruz

Arquivo : fevereiro 2012

Copa 2014: o roteiro da esperteza
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José Cruz

As aulas na rede pública do Distrito Federal começaram ontem. Milhares de crianças voltaram para casa, frustradas. Não há professores suficientes para atender a todos os matriculados, repetindo o drama que se conhece desde setembro do ano passado. Centenas de professores aprovados em concurso aguardam a contratação há mais de dois anos…

Paralelamente, cinco Unidades de Pronto Atendimento (UPA) do serviço de saúde da capital da República recebem diariamente centenas de pacientes. Eles também voltam para casa, sem atendimento. Faltam médicos, enfermeiros, equipamentos, medicamentos, macas…

Enquanto isso…

Em 2011, o Governo do Distrito Federal gastou R$ 254.396.770,08 com as obras do estádio Mané Garrincha, segundo informações da assessoria da deputada distrital Liliane Roriz.

Mais:

Para este ano, o governo do Distrito Federal reservou R$ 696,6 milhões para gastar com o Mané Garrincha.

Ou seja, até agora a obra já está em R$ 951 milhões. Passará facilmente de R$ 1 bilhão, numa evidente irresponsabilidade do governador Agnelo Queiroz.

Pior:

Um processo no Tribunal de Contas do Distrito Federal cobra transparência nas ações do governo. A pouco mais de um ano da abertura da Copa das Confederações, no Mané Garrincha, ainda não se sabe o orçamento total do estádio. Desorganização e esperteza combinam nessa estratégia.

Segundo auditoria do Tribunal foi constatada “ausência de orçamento estimado em planilhas, que expressem a composição e os custos unitários dos itens empregados na realização da obra”.

Mas isso e nada é a mesma coisa. Os conselheiros do Tribunal são nomeados pelo governador e pela Câmara Legislativa. A bronca é apenas protocolar, pois está tudo em casa.

Por isso, a estratégia de Agnelo, que copia a esperteza do então governador José Roberto Arruda – Agnelo é incapaz de ser criativo – é enrolar, esconder, camuflar informações.

Não é de se estranhar que até os órgãos oficiais de fiscalização do governo, como a Controladoria Geral da União e o Tribunal de Contas da União estejam com valores dos gastos da Copa desatualizados e desencontrados.

Como disse o companheiro Alexandre Guimarães – assessor legislativo do Senado Federal para assuntos do Esporte  e Turismo –, o brasileiro só saberá em 2015 o valor do rombo nas contas públicas decorrente da Copa 2014. Tal qual o Pan 2007. Os eventos são distintos, mas o roteiro da esperteza é o mesmo.


Ninguém sabe quanto custará a Copa 2014
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José Cruz

Da equipe Contas Abertas

Existem pelo menos cinco portais na internet com dados sobre a Copa do Mundo de 2014: Controladoria Geral da União (CGU), Senado Federal, Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério do Esporte e Instituto Ethos.

Apesar da intenção de dar transparência ao megaevento, faltam informações atualizadas e o desencontro de números e valores entre os órgãos fiscalizadores são evidentes.

Afinal, quanto custará a Copa do Mundo 2014? Isso ainda é uma incógnita.

Confira a reportagem da equipe Contas Abertas.


A década do esporte
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José Cruz

O advogado Alberto Murray Neto defende a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, (CPMI) para que sejam investigadas as aplicações de dinheiro do governo em projetos esportivos.

A leitura do artigo – A década do esporte –  e a proposta de CPI são oportunas,  porque, como se diz, “acho que tem gato na tuba”.

Gato no bom sentido, claro, o bichano que se esconde naquele instrumento musical gigantesco desafinando o tom e o som. Assim é no esporte, algo indicando que a realidade dos relatórios oficiais destoa da rotina de dezenas de atletas, Brasil afora.

Não sem motivo, mas a desconfiança surge a partir de mensagens que recebo de atletas, técnicos e pais de atletas, reclamando da falta de dinheiro para seus projetos esportivos. E boa parte das mensagens vem justamente deles, atletas com potencial para 2016, que estão à deriva do milionário orçamento do esportes de rendimento .

O artigo de Alberto Murray, experiente advogado paulista com longa vivência no movimento olímpico internacional está aqui.

A criação de uma CPI do Esporte Olímpico já foi tentada no Senado Federal, com adesões expressivas. Senadores covardes, porém, retiraram suas assinaturas depois que uma tropa de choque do COB passou dois dias visitando a Casa.

Uma CPI este ano será difícil. Teremos eleições municipais em outubro, o que significa ter o Congresso praticamente inativo no segundo semestre. Seria um desperdício ter plenários vazios diante de tema tão importante.

Mas o assunto precisa entrar na ordem do dia das excelências. Com a economia do esporte de rendimento altamente estatizada é preciso saber como está sendo gasto o dinheiro. Não podemos esquecer as surpresas que tivemos nas CPIs da CBF Nike, na Câmara, e do Futebol, no Senado. Nem dos desmandos praticados no Pan 2007.

Portanto, é um assunto que vou conversar com alguns parlamentares para sentir a reação neste segundo momento, ou melhor, nesta segunda tentativa.

 


Gestão olímpica: a escola do fracasso
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José Cruz

Há 21 anos, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro tinha apoio unânime dos presidentes das confederações. Prestigiado por gestão de sucesso – também longuíssima, outros 21 anos – na Confederação de Vôlei, não havia opositores.

Agora, cinco ciclos olímpicos depois de ter chegado ao COB, seis cartolas não apóiam Carlos Nuzman. Registra-se o impressionante surgimento de um opositor a cada três anos e meio. E por que essa idolatria de longo prazo?

“Porque há carência de pessoas”, respondeu Carlos Nuzman aos repórteres Eduardo Tironi e Michel Castellar, do diário Lance, deste domingo.

Por etapas:

Até 2001 havia queixas, choros, lamúrias de que faltava “apoio”. Dinheiro, em outras palavras.

Veio a Lei Agnelo Piva que seria “a redenção do esporte olímpico”. Veio a Bolsa Atleta

Foi editada a Lei de Incentivo ao Esporte. De três estatais, hoje são oito financiando o esporte olímpico e paraolímpico. Em 2003 criaram um ministério específico, do Esporte, que despeja dinheiro do orçamento nas confederações.

Revelação

Mas, mesmo diante dessa fartura de fontes de recursos, Nuzman nos revela que não temos “pessoas qualificadas” – para gestores … Por isso, os mesmos continuam nos cargos.

Indiretamente, Nuzman passa o atestado da incompetência da cartolagem – que o apóia. Foram incapazes, mesmo com muito dinheiro, de formar novos quadros. E explica, por extensão, o motivo de o COB não projetar medalhas em novas modalidades nos Jogos de Londres: nossos dirigentes são inexperientes, despreparados, amadores.

E os poucos que conseguem se salvar dessa catástrofe olímpica  ganha o alvará de continuísmo — segundo Nuzman. Assim, pela carência de competentes atropela-se a democracia, a renovação, como ocorreu com Jorge Lacerda, o mais recente golpista na gestão do esporte, ao rasgar a lei para se manter no poder.

Isolamento

Os argumentos de Carlos Nuzman reforçam a tese do isolamento do COB e das confederações da sociedade esportiva em geral. Governam independentes, sem diálogo, ignoram a universidade, sede do saber, da pesquisa e da formação de gestores, sim senhores. Mas quem orienta quem neste baile de cada um por si? Somos um país olímpico com carência de especialistas no assunto. Haja importações milionárias… pois há dinheiro público para tanto. E quem se beneficia desse saber importado?

“Eu trabalho com uma equipe que facilita muito”, disse Nuzman aos repórteres. É a “Escola do COB” e o resto que se lixe – e pela entrevista não há outra expressão, é resto mesmo!

Enfim, é mais uma entrevista triste essa de Carlos Nuzman, pois revela o que tenho escrito, sobre o desmando generalizado do nosso esporte de rendimento. Temos instituições, leis, fartíssimos recursos financeiros. Mas não temos um plano integrado de todos os segmentos, metas, prioridades, planejamento. Como o dinheiro do contribuinte  entra fácil é cada um por si, e isso sugere estarmos num processo de desperdício constante. E desperdício contínuo de talentos.

Insisto: quem forma atleta olímpico? O COB? A Confederação? O clube? Pois todos esses recebem muito – e muito é muito mesmo! – dinheiro público para o mesmo fim : “formação da delegação olímpica”.

E, agora, também a Confederação Brasileira de Clubes vai receber dinheiro — está na Lei Pelé. Sabem pra quê? “formação da equipe olímpica”… Serão R$ 40 milhões este ano.

Gostaria muito de ver o plano dessas instituições e confrontá-las para saber quem está gastando o quê. Com quem? Quanto?

Estão aí as mazelas deixadas pelo Pan 2007. O que fizeram os governos do Estado do Rio de Janeiro e do Município para aproveitarem o evento como impulsionador de um projeto integrado de identificação e formação de talentos?

Que grandes eventos as áreas esportivas receberam nos últimos quatro anos? Que público ocupou aquelas praças?

Mas o desejo da maioria é pela continuidade de Nuzman. Faz sentido. Porque, como já escrevi, se mudar para tentar melhorar, o sistema estraga, desmorona. E isso não interessa aos que dominam o campo de jogo.


CBF e seus negócios em família
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José Cruz

Pego carona no comentário de Juca Kfouri sobre a demissão de Marco Antônio Teixeira, tio de Ricardo Teixeira, da secretaria geral da CBF. E voltei a um dos meus livros de cabeceira – que horror! – o relatório da CPI da CPI da CBF Nike. De cabeceira porque, neste Brasil de desmandos diários com o dinheiro do esporte, esse documento é preciosidade histórica para consultas, mesmo na madrugada, como a que fiz e aqui apresento o resultado.

As informações, mesmo de 10 anos atrás, dão o perfil da “seriedade” do órgão que tem sob seus cuidados um patrimônio esportivo-cultural chamado “Seleção Brasileira”. Vamos lá.

Página 30 do relatório – assinado pelo então presidente da CPI, o hoje ministro do Esporte, Aldo Rebelo e pelo ex-deputado Silvio Torres, então na relatoria – diz o seguinte:

“A CPI consultou os balanços analíticos da CBF de 1995 a 2000. Dessa investigação conclui-se: a CBF vem sendo administrada de forma propositalmente caótica. Em que pese a arrecadação anual da entidade ter quadruplicado no período devido ao patrocínio empresarial, sua despesas mais que quadruplicaram e a CBF chegou a final de 2000 com um passivo circulante de R$ 55 milhões. Técnicos do Conselho Federal de Contabilidade avaliamos que, se fosse uma empresa, a CBF estaria insolvente no final do exercício de 2000.”

Reproduzi esta conclusão da CPI para explicar, com fatos reais, o que escrevi ontem: “Quanto mais desordem na gestão do dinheiro público do esporte melhor. “Algo do tipo, o dia que organizar estraga…”

É oportuno lembrar que o Relatório da CPI da CBF Nike foi feita com base em documentos oficiais, pois houve quebra de sigilos fiscais e bancário da entidade.

Remuneração

“A remuneração da diretoria da CBF, que passou a ser paga a partir de 1998, deu saltos espetaculares. Ricardo Teixeira recebeu R$ 126 mil em 1998 e R$ 418 mil em 2000 … “

“Mais notável é a situação de seu tio – de Ricardo Teixeira – Marco Antônio Teixeira, secretário geral da entidade, que recebeu R$ 387 mil em 1998 e R$ 507 mil em 2000. Com vínculo empregatício estabelecido a partir de julho de 1999, o salário mensal de Marco Antônio é de R$ 37 mil” – isso em 2000!

Conforme tabela publicada no relatório da CPI, os ganhos de Marco Antônio Teixeira em 2000 foram de R$507 mil,no cargo de secretário geral. Isto é, superior ao recebido por Ricardo Teixeira, presidente, R$ 418,3 mil.

Ou seja, o sobrinho valorizou o trabalho do tio e, agora, o demite. Por justa causa ou não, imagine o valor da rescisão!


Dupla função
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José Cruz

Por  Edgard Alves

Da Folha de S.Paulo – em 4 de fevereiro de 2012

Depois de quatro décadas acompanhando os esportes outrora denominados “amadores”, especialmente aqueles do programa das Olimpíadas, assumo o desafio da abordagem semanal do mundo olímpico. Esta coluna inaugural coincide com a candidatura de Carlos Arthur Nuzman para seu quinto mandato à frente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), entidade que ele comanda desde 1995.

Ao anunciar sua intenção, Nuzman recebeu o apoio de 24 presidentes de confederações presentes na reunião, fulminando com a chance de surgimento de oposição, pois qualquer candidato precisa do apoio formal de 10 dos 30 membros do colégio.

Uma decisão lamentável de Nuzman, também presidente do Comitê Organizador dos Jogos do Rio-2016, evento que envolve o governo brasileiro. É aí que ele deveria se concentrar, abdicando da inédita dupla função na história olímpica.

Entrevistei Nuzman em várias oportunidades quando ele era um jovem aspirante à presidência do COB, então ocupada havia cerca de duas décadas pelo major Sylvio de Magalhães Padilha, que acabou no posto por 27 anos. Naquela época, Nuzman era favorável à rotatividade dos dirigentes no cargo, embora ele próprio tenha ficado por 20 anos na presidência da Confederação Brasileira de Vôlei.

Parece claro que um dos dois postos ele vai deixar em segundo plano, provavelmente o do COB, menos relevante.

Aliás, no COB, Nuzman patinou na tentativa de melhorar o desempenho do Brasil. No início, em Atlanta-1996, o país ganhou 15 medalhas (três ouros, três pratas e nove bronzes). Ele ressaltou que, ao assumir o posto, a história de Atlanta já estava escrita, não tinha tempo para mudá-la. E que o Brasil e o COB teriam condições de alavancar uma caminhada rumo ao status de potência olímpica.

Isso não aconteceu, apesar do incentivo da Lei Piva (sancionada por Fernando Henrique Cardoso em julho de 2001 e que destina 2% das loterias federais ao COB e ao Comitê Paraolímpico), com discretas campanhas em Sydney-2000 e Atenas-2004 e as 15 medalhas em Pequim-2008 (três ouros, quatro pratas e oito bronzes).

Há grande incerteza, além disso, em relação ao que acontecerá com o projeto Rio-2016, após a experiência do Pan-2007, também no Rio. Naquela ocasião, o Pan abriu suas disputas com estouro monumental no orçamento. Os governos (federal, estadual e municipal) gastariam R$ 414 milhões, mas, na véspera, a conta estava em R$ 3,7 bilhões. Conclusão: a Olimpíada, orçada em R$ 33 bilhões, exige dedicação exclusiva e muito trabalho.

No COB, o dirigente patinou na tentativa de melhorar o desempenho olímpico do Brasil

EDGAR ALVES é jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos aos sábados. Foi repórter e chefe de reportagem do caderno “Esporte”, participou da cobertura das Olimpíadas de Montreal-1976, Moscou-1980, Atlanta-1996, Sydney-2000, Atenas-2004 e Pequim-2008, além dos Pan-Americanos de San Juan-1979, Havana-1991, Mar del Plata-1995 e Rio-2007.


Explicações de Orlando Silva não convencem, O buraco é mais embaixo!
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José Cruz

 

O ex-ministro do Esporte, Orlando Silva, admitiu ser preciso mudar o modelo de gestão do esporte brasileiro.

“Qualquer instituição, qualquer família tem metas. E acho que o esporte não tem isso. Até o dirigente, ele tem de ser profissional. Se ele não ganha, fica lá como filantropia”, disse Orlando ao UOL esporte, quinta-feira. A entrevista pode ser vista  e ouvida aqui.

Orlando Silva teve oito anos no Ministério, cinco deles como ministro, tempo suficiente para propor e aprovar mudanças no sistema. O que fez?

O problema não está exclusivamente na gestão dos recursos da Lei Piva, mas no conjunto do dinheiro que o governo despeja no esporte de rendimento – aí sim –,  sem controle sem “metas” que o ex-ministro reclama; sem prioridades, sem fiscalização. Nada!

Do Ministério, também sai dinheiro de convênios para ações emergenciais – e é muito dinheiro! – espécie de quebra-galhos. Como os R$ 400 mil doados à UNE para realizar um tal de “Jogos de Verão”, que até hoje não se sabe onde isso ocorreu…

Quando a Lei Agnelo Piva foi proposta, o gestor tinha em mente exatamente livrar os comitês Olímpico e Paraolímpico da burocracia estatal.

Se o recurso das loterias fosse primeiro ao Ministério do Esporte sofreria riscos do contingenciamento – suspensão dos repasses da verba orçamentária –, entraria na vala comum do dinheiro público e na rotina da distribuição política. Seria mais um desperdício.

Ao contrário, a Lei Agnelo Piva permite repassar o dinheiro diretamente ao COB e Comitê Paralímpico, mas sob a fiscalização do TCU. Logo, o problema não está aí – apesar de existir, sabe-se – pois “o buraco é mais embaixo”. E que buraco!!!

Modelo?

Porém, em nove anos de Ministério do Esporte não temos um modelo de esporte para o Brasil, capaz de melhor distribuir os recursos que vêm de várias fontes: orçamento do Ministério, Lei de Incentivo, patrocínio das estatais, Bolsa Atleta, Lei Piva etc.

No  geral, não temos um responsável pelo atleta que surge espontaneamente. Não há rumos para ele. Não há, em resumo, uma política de Estado que envolva os ministérios da Educação, a Saúde, a Segurança Pública,  Meio Ambiente, Turismo, Indústria e Comércio…

E que diálogo teve Orlando Silva com seus pares nos oito anos de ministério, para fixar metas?

O pior é que, agora com Aldo Rebelo no comando do Ministério do Esporte, continuamos sem ações específicas. Há algumas, mas “inofensivas” para enfrentar a enorme estrutura que o sistema do esporte de rendimento desenvolve há anos, também sem interesse de metas. Algo do tipo: “o dia que organizar estraga…” Entenderam?

E a “meta” passa a ser o olimpismo, como se o esportes para o ser humano se reduzisse a isso, ir a uma olimpíada.

Corrupção

Na entrevista ao UOL Esporte, Orlando Silva ainda se defendeu das acusações de corrupção.

Espero pelas conclusões da Polícia Federal. Mas lembro que a CGU exigiu, ainda em 2011, que 58 órgãos devolvessem a grana recebida do Segundo Tempo. Devolveram?

O esquema do desvio de dinheiro foi quebrado. O prestígio de ocupar cargo ministerial com visibilidade pública facilitada acabou. E Orlando será candidato a vereador em São Paulo, não mais deputado federal, que pretendia ainda nos tempos do governo Lula.

 


TCU revela desinteresse de atletas sobre o assunto “esporte”
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José Cruz

O Tribunal de Contas da União realizou, em 2011, uma auditoria para identificar o nível do esporte de rendimento do país, comparativamente aos recursos públicos liberados. Fez várias visitas e consultas para ter o resultado mais real possível.

Surpresa: dos 2.949 atletas consultados, apenas 210, isto é, 7% se manifestaram.

Pior: das 151 confederações e federações, somente 30, ou 20% delas responderam às indagações do Tribunal.

Mais: 200 clubes receberam os formulários e 11, isso mesmo, apenas 11 – 5%  deles, se dignaram a participar da consulta do TCU.

O melhor desempenho nesse miserável ranking do desinteresse gerencial-esportivo ficou com as universidades que integram a Rede Cenesp, que, por sinal, está desativada, conforme comentarei em outra mensagem.

Das 14 universidades consultadas, oito, 57%, se comunicaram com o TCU.

O desenvolvimento do esporte no Brasil pode ser avaliado, também, pelo interesse no intercâmbio de informações dentre os órgãos afins, como o TCU tentou fazer. Mas, como se observa, nesse quesito também estamos péssimos. O relatório do Tribunal é longo. Estou lendo e, aos poucos, publicarei os resultados.

Porém, a primeira constatação do TCU é que estamos longe de um eficiente programa de esporte de alto rendimento, apesar da fartura de dinheiro que o governo distribui a clubes, atletas, confederações, associações, comitês Olímpico e Paraolímpico.

Preliminarmente, fico com as observações que tenho feito com freqüência: não temos um projeto ordenado de esporte de rendimento para o país. O que há são ações isoladas. Cada um por si. Quem correr mais depressa pega o dinheiro, mas sem um intercâmbio entre os órgãos afins e sem que o Ministério do Esporte defina com o Comitê Olímpico Brasileiro quem faz o quê neste país olímpico de planejamento pífio.


Sucessão dos cartolas, segue o debate
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José Cruz

Alguns leitores estão com dificuldades para enviar seus comentários neste novo sistema de postagens.  Por isso, usaram o email – jcruz45@bol.com.br – publicado no blog, que tem facilitado o contato.

Assim, para que o debate sobre os assuntos aqui tratados não sejam interrompidos, como a sucessão presidencial nos órgãos de esporte, transmito três mensagens recebidas:

Cruz, desde que seu Blog mudou para o Blogsfera eu tenho tido dificuldades em postar comentários. Eu escrevo o comentário e não há lugar indicativo para postá-lo.
O que quis postar (e ainda não consegui) é que é certo que Nuzman não tem pendores democráticos. Mas as Confederações também são covardes. Muitas delas reclamam muito. E na hora que têm que gritar publicamente, acomodam-se.
Abraços. Belos textos nesses dias.

Alberto Murray Neto – São Paulo

Tênis, no rumo da ditadura

“Sobre o comentário que você postou – tênis, no rumo da ditadura – sobre a perpetuação dos dirigentes nos cargos, Talvez seja um vírus altamente contagioso que teve como hospedeiro inicial o mandatário do COB (vide a forma como se deu a última eleição naquela entidade) e agora está se disseminando ferozmente para as Confederações.”

Clóvis Francisco Sobral – Londrina-PR

Sucessão no COB

De outro leitor, paulista, que pediu para não identificá-lo, um comentário contradiz o que tenho escrito, mas é contribuição ao debate que tenho incentivado.

Diz o autor que o presidente do COB, Carlos Nuzman, que está sendo criticado, ficou 21 anos na Confederação de Vôlei e, nesse tempo, tirou a modalidade do ranking zero para levá-lo ao topo mundial, inclusive com a medalha de ouro olímpica. Além disso, diz o leitor, “o vôlei é exemplo para tudo quanto se fala em termos de gestão no esporte.”

Estão aí as manifestações e segue o debate


Loucura & sensatez
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José Cruz

Por Bernardo Scartezini

Do Correio Braziliense

Só mesmo um louco para se dar conta de como anda o futebol brasileiro. Sebastián Abreu, o centroavante do Botafogo, estava a reclamar do Estadual do Rio de Janeiro um dia desses. Tem times demais, jogos demais, gramados esburacados demais. Tudo mambembe demais para quem vai armar uma Copa do Mundo, não é mesmo?, provocou o uruguaio El Loco Abreu, com a sensatez que lhe é característica.

Sinto muito, mas aquela estorinha de “o campeonato mais charmoso do Brasil” já não cola mais para este Carioca-2012. O Flamengo, por exemplo, jogou ontem à noite pela pré-Libertadores e já tem um compromisso marcado para amanhã, contra o Olaria, além de um clássico no domingo, contra o Botafogo. Haja charme.

Ainda estamos na primeira semana de fevereiro.

Os jogadores do Fla pediram para que o sindicato dos atletas tentasse adiar o jogo de amanhã. Os dirigentes do clube preferem que seja mantido como está, se não embolaria o calendário mais adiante e atrapalharia os planos da federação. Vão a campo suplentes & aspirantes.

Curioso que os maiores interessados na permanência dos estaduais num calendário estreito — as federações estaduais e os clubes pequenos — sejam também os maiores responsáveis por tornar esses campeonatos menos atraentes a cada ano, ao inchá-los por questões políticas, ao espichá-los em partidas francamente desimportantes.

Curioso também como os chamados times grandes aceitam participar dessa troca de favores. De modo que fica combinado: se o teu time vence o estadual, é o maioral; se vai mal, o que vale é o nacional…

E o que diria Loco Abreu sobre a saga dos estádios públicos para 2014?

O governador Agnelo Queiroz, na semana passada, fez uma visita às obras do estádio que está sendo erguido no Eixo Monumental. A boa notícia é que 50% do trabalho está feito. Oba! A má notícia é que vai sair um tiquinho mais caro do que o previsto: R$ 800, 850 milhões. Epa!

Até então, falava-se em R$ 671 milhões. Mas é que esse orçamento não contemplava a cobertura da arena. O que é mais um daqueles troços curiosos que acontecem por aqui. Ou a cobertura não estava prevista? Na hora de fechar as contas e apresentá-las ao cidadão contribuinte, esqueceram-se da cobertura? Se foi assim, em que momento lembraram-se dela? Foi quando começou a chover agora em janeiro?

Na mesma visitinha às obras, o governador permitiu aos brasilienses que chamemos de “Mané Garrincha” a arena que se ergue. Mané era como chamávamos o estádio que ali existia, meio abandonado, meio esquecido, acanhado demais para a grandeza de nossa pátria, para a ostentação de nossos governantes. Teremos agora um gigante de concreto & metal a atender pelo duplo nome de Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Ah!

Entendo que muitos tenham ficado felizes com a permanência do nome do lendário Mané Garrincha na plaquinha. Mas, cá de minha parte, não posso deixar de lamentar um bocadinho, por acreditar que o velho Mané de pernas tortas não tinha nada a ver com isso tudo que o futebol brasileiro vem se tornando.

Bernardo Scartezini escreve às quintas-feiras no Super Esportes