Formação de atletas: o ciclo da farsa
José Cruz
Lars Grael, Magic Paula, Raí e Pipoka terão reunião com diretores do Ministério do Esporte, nesta terça-feira, em Brasília. Não divulgaram a agenda nem os temas a serem abordados. Imagino que sejam assuntos ligados ao grupo Atletas pela Cidadania, que eles integram, sob a liderança do ex-craque do São Paulo F.C.
O que sei é que esses nomes têm passado esportivo e idoneidade para questionar ou apresentar propostas aos nossos governantes, para, quem sabe, sairmos da mesmice, da patinação no desperdício e da perda de tempo sem fim.
Com esses e tantos outros nomes de peso que orgulham a história do nosso esporte, o grupo Atletas pela Cidadania, com sede em São Paulo, pode representar muito para os rumos do setor.
Setor que, sabe-se, está num labirinto institucional-burocrático nunca visto. E não é por falta de dinheiro, mas de planos, metas, prioridades e gestão.
Mais:
Não há definição de competências e limites de atuações dos órgãos municipais e estaduais do esporte, principalmente.
O mesmo ocorre com as instituições privadas: Comitê Olímpico, confederações, federações e clubes. Todos correm para os cofres públicos – e são fartamente atendidos – com o mesmo objetivo: formar atletas.
Nessa farra, agrega-se a Confederação Brasileira de Clubes, que só este ano receberá R$ 40 milhões do Ministério do Esporte para … formar atletas.
Gostaria muito de confrontar os relatórios de prestações de contas de todas as instituições citadas para identificar quem está formando o quê …
O pior nessa história de mentiras é que o Ministério do Esporte, nove anos depois de ter sido criado, tem força política aparente e estrutura técnica frágil, sem propostas efetivas de médio e longo prazos.
A quatro anos de recebermos os Jogos Olímpicos, vivemos o ciclo da farsa, em que para receber grana pública finge-se formar atletas. Mas não temos a elementar estrutura – nem sequer interesse – governamental para que o esporte seja componente indispensável na formação do caráter dos jovens estudantes. Isso, nem pensar!