Blog do José Cruz

Copa 2014: o roteiro da esperteza

José Cruz

As aulas na rede pública do Distrito Federal começaram ontem. Milhares de crianças voltaram para casa, frustradas. Não há professores suficientes para atender a todos os matriculados, repetindo o drama que se conhece desde setembro do ano passado. Centenas de professores aprovados em concurso aguardam a contratação há mais de dois anos…

Paralelamente, cinco Unidades de Pronto Atendimento (UPA) do serviço de saúde da capital da República recebem diariamente centenas de pacientes. Eles também voltam para casa, sem atendimento. Faltam médicos, enfermeiros, equipamentos, medicamentos, macas…

Enquanto isso…

Em 2011, o Governo do Distrito Federal gastou R$ 254.396.770,08 com as obras do estádio Mané Garrincha, segundo informações da assessoria da deputada distrital Liliane Roriz.

Mais:

Para este ano, o governo do Distrito Federal reservou R$ 696,6 milhões para gastar com o Mané Garrincha.

Ou seja, até agora a obra já está em R$ 951 milhões. Passará facilmente de R$ 1 bilhão, numa evidente irresponsabilidade do governador Agnelo Queiroz.

Pior:

Um processo no Tribunal de Contas do Distrito Federal cobra transparência nas ações do governo. A pouco mais de um ano da abertura da Copa das Confederações, no Mané Garrincha, ainda não se sabe o orçamento total do estádio. Desorganização e esperteza combinam nessa estratégia.

Segundo auditoria do Tribunal foi constatada “ausência de orçamento estimado em planilhas, que expressem a composição e os custos unitários dos itens empregados na realização da obra”.

Mas isso e nada é a mesma coisa. Os conselheiros do Tribunal são nomeados pelo governador e pela Câmara Legislativa. A bronca é apenas protocolar, pois está tudo em casa.

Por isso, a estratégia de Agnelo, que copia a esperteza do então governador José Roberto Arruda – Agnelo é incapaz de ser criativo – é enrolar, esconder, camuflar informações.

Não é de se estranhar que até os órgãos oficiais de fiscalização do governo, como a Controladoria Geral da União e o Tribunal de Contas da União estejam com valores dos gastos da Copa desatualizados e desencontrados.

Como disse o companheiro Alexandre Guimarães – assessor legislativo do Senado Federal para assuntos do Esporte  e Turismo –, o brasileiro só saberá em 2015 o valor do rombo nas contas públicas decorrente da Copa 2014. Tal qual o Pan 2007. Os eventos são distintos, mas o roteiro da esperteza é o mesmo.