Cartolas: a diferença é o tamanho da bola
José Cruz
Ricardo Teixeira articula a volta por cima.
Algo assim: “Se é para o bem de todos e felicidade geral do futebol… eu fico”.
E qual a estratégia para acalmar os rebeldes? Reformular o estatuto da CBF, diz noticiário do UOL Esporte.
E quem tem autoridade para mudar estatuto são os presidentes de federações em suas fechadíssimas assembléias.
Conheço presidentes de federações de várias modalidades. Eles têm algo em comum: são chorões. vivem reclamando da ditadura dos cartolas de suas respectivas confederações.
Mas são esses mesmo senhores que perpetuam no poder, com seus votos, os insaciáveis cartolas. A esperteza e o oportunismo dessa gente são proporcionais ao deboche escancarado. “Democracia olímpica” é assim mesmo.
Não tenho detalhes das alterações propostas para o estatuto da CBF. Não faz diferença, pois o casuísmo é evidente.
Comparações
Repete-se no futebol o que ocorreu, há poucos dias, na Confederação Brasileira de Tênis (CBT).
Para que não se esqueça o golpe do presidente da CBT: Jorge Rosa, rasgou o estatuto e fez outro, incluindo artigo que permite sua trieleição. Uma vergonha que tem como autor quem era crítico sistemático de Carlos Nuzman… E hoje?
Jorge não gostou das críticas e, além de ler mal o que escrevi, pediu “respeito à verdade dos fatos”.
Bueno, quem é mesmo que pede respeito? É o manda-chuva do tênis, que fraudou sua proposta original. Traiu os que o apoiaram. Sob aplausos dos cartolas das federações. Os tais “chorões”.
Fatos
Conversei com um dos vice-presidentes da CBT, Arnaldo Gomes;
“Não fui convidado nem comunicado sobre a assembléia para mudar o estatuto”, afirmou Arnaldo. “Aliás, Jorge nunca reuniu a diretoria” – afirmou Arnaldo.
Mais:
Arnaldo lembrou-me que, quando lutava para acabar com a ditadura do ex-presidente da CBT, Nelson Nastás, Jorge Rosa vinha seguidamente a Brasília acompanhar audiências em tribunais, processos no TCU etc.
Muitas vezes o acompanhamos nessas andanças. Depois, eu escrevia reportagens revelando as mazelas da diretoria de então.
Passou o tempo Jorge Rosa chegou ao poder e, lá, traiu as propostas que levaram à presidência da CBT.
Mas pede “respeito”. Como? Pede o quê?
Apoio
O que estarrece é que essas barbaridades, típicas de quando uma canetada do militar plantonista fechava o Congresso Nacional, são feitas, hoje, com o apoio do Estado, justamente de onde saem os volumosos recursos – Correios, Lei de Incentivo ao Esporte, Ministério do Esporte etc – para sustentar, em tempos de democracia, a ditadura dos cartolas.
Portanto, Jorge Rosa é o continuísmo de Nastás e se comporta como Ricardo Teixeira, o eterno. Muda apenas a modalidade esportiva e, em decorrência, o tamanho da bola. Mas somos um país olímpico…