Corrupção: imagens e provas
José Cruz
A reportagem que o UOL publica hoje, sobre o sumiço de R$ 2,4 milhões do Instituto Cidade, de Juiz de Fora (MG), integra uma série de investigações que a Polícia Federal realiza Brasil afora, identificando se havia corrupção no Ministério do Esporte, na gestão de Orlando Silva.
Os dados aos quais tivemos acessos, com o companheiro Vinicius
Segalla, demostram um esquema de assustar. Principalmente porque o dinheiro repassado ao Instituto Cidade (R$2,4 milhões) terminou sem a entrega do material esportivo encomendado. Enfim, é caso de polícia e temos que aguardar o resultado das investigações.
O assunto soma-se a dezena de outros, similares, que estão na Controladoria Geral da União e Tribunal de Contas da União. Alguns, se referem ao programa Segundo Tempo; outros ao Pintando a Cidadania. Mas estão na mesma linha de desvio de grana denunciado, inicialmente, pelo policial João Dias, em Brasília, que, no caso, vem do tempo do ex-ministro Agnelo Queiroz, agora governador do Distrito Federal.
Quando foi afastado do Ministério do Esporte, Orlando Silva saiu garantindo que “não há provas” de corrupção. Mesmo assim saiu, porque tudo é uma questão de como se analisa o assunto.
Por exemplo: depois da ampla divulgação do esquema “Caixa de Pandora”, em Brasília, com o ex-governador José Roberto Arruda recebendo dinheiro sujo, assim como assessores, deputados e secretários, criou-se um parâmetro para identificar a corrupção pública: se tem imagens do ato, da entrega da grana, há provas irrefutáveis; caso contrário, não há provas, como se outras investigações não fossem possíveis.
No episódio de Orlando Silva não há imagens – e eu também não creio naquela historia de entregar dinheiro na garagem. E, com isso, o ex-ministro quer passar a impressão de que não havia outras formas de corrupção em muitos atos de sua pasta.
Não é o que o TCU, CGU, Promotorias Públicas e, agora, a Polícia Federal mostram. As informações oficiais até aqui colhidas direcionam para um suspeito esquema que beneficiaria pessoas intimamente ligadas ao PCdoB, partido do ex-ministro.
Reconheço que o governo, em geral, e o Ministério do Esporte, em particular, têm excelentes programas sociais. No outro extremo das denúncias, o Pintando a Liberdade e o Pintando a Cidadania guardam resultados expressivos que orgulham seus executores.
No entanto, no caso de Juiz de Fora, pela esperteza e ganância de poucos, muitos estão agora desempregados, como é o caso do pessoal da cooperativa que produzia o material esportivo para o Instituto Cidade.